
Sem negar o papel desempenhado pelos dois governadores que dominaram a cena política capixaba neste início do século 21, o deputado federal Felipe Rigoni anunciou nesta segunda-feira, 14, em entrevista coletiva à imprensa, em Vitória, o seu plano para disputar o Palácio Anchieta nas eleições de outubro e as prioridades do seu partido, o União Brasil, cuja presidência estadual ele acaba de assumir.
“Sou pré-candidato ao governo do Estado por uma razão muito importante. O Espírito Santo vive ciclos políticos de aproximadamente 20 anos. Essa é a nossa história nos últimos 100 anos, se você for observar. Nesse ciclo de 20 anos que a gente viveu agora, os protagonistas foram Paulo Hartung e Renato Casagrande. Foi um ciclo importante para o Espírito Santo. O Estado saiu da série D do campeonato e agora está na série A, especialmente no equilíbrio das contas públicas”, observou o deputado.
Entretanto, Rigoni considera que o ciclo de Paulo Hartung e Renato Casagrande está se fechando: “É um ciclo que acabou. Termina neste ano, com este mandato de Renato. Precisamos entender e montar o projeto para o próximo ciclo. Essa é a minha principal função. Sou pré-candidato para montar esse projeto e iniciar esse novo ciclo, com um novo grupo e novas ideias para o nosso Estado”.
Felipe Rigoni avaliou que as grandes tarefas do atual ciclo, iniciado com a eleição de Hartung em 2002, há exatamente duas décadas, foi a reorganização das instituições democráticas e das contas públicas do Estado, para possibilitar a retomada da capacidade de investimentos públicos.
Contudo, as grandes tarefas já foram cumpridas, ressalta Rigoni, e não há liderança sucessória construída pelos atuais protagonistas desse ciclo. Para iniciar uma nova fase de desenvolvimento econômico e social, o pré-candidato destaca a necessidade de ouvir a sociedade.
TRÊS EIXOS DO PROJETO
“Estamos montando um projeto para o novo ciclo neste momento. Primeiro, o que vamos fazer é uma grande escuta da população. Desde que entrei no União Brasil recebi essa tarefa do meu partido. Já sabemos que ele terá base em três eixos”, explica Rigoni.
O primeiro eixo, afirma o pré-candidato, é o da eficiência do Estado: “Precisamos trabalhar com as melhores pessoas, selecionando os melhores talentos, com as melhores ideias, com evidências científicas e respeito ao contexto local: as políticas públicas estão em contextos específicos e precisam ser regionalizadas”.
“Precisamos descentralizar o Estado. Precisamos que as políticas públicas estejam no território de fato. Inclusive, parte de nosso programa, que a gente já tem como certeza, são conselhos regionais de desenvolvimento, com poder de orçamento, para definir o orçamento de cada região com o governador. E naturalmente, como estamos na era tecnológica, vamos digitalizar por completo o governo estadual, para ter muito mais eficiência e mais capacidade de entregar política pública”, disse Felipe Rigoni.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O segundo eixo do projeto é para o novo ciclo de desenvolvimento econômico, afirma Rigoni: “Esse eixo será baseado em muita liberdade econômica, em desburocratização. Há muito a ser feito no nosso Estado. Será um ciclo que terá no turismo um grande foco. O turismo, por sua vez, tem dois eixos. Um é a infraestrutura, a estrada, o crédito para os negócios, etc., e o outro é a promoção. Nós precisamos promover o Estado do Espírito Santo, para que a gente receba mais turistas”.
Outro setor a ser priorizado no eixo do desenvolvimento é a agroindústria, com o fortalecimento das cadeias industriais.
“O Espírito Santo é o segundo Estado mais rural do Brasil. Dos 78 municípios, somente 14 não têm na agricultura a sua principal atividade econômica, e não temos políticas públicas adequadas para a agricultura, que está praticamente abandonada. Precisamos ajudar o produtor com pesquisa e extensão rural, e ajudar o produtor a beneficiar seu produto. Em vez de vender o abacaxi de Marataízes in natura, ele pode vender já o suco, a enzima que pode ser produzida, um cosmético, etc. Teremos a convergência da área de ciência e tecnologia com a área agrícola. Uma outra questão historicamente importante para o Estado é a infraestrutura logística, precisamos dar continuidade aos projetos logísticos de ferrovias e portos, em especial”.
LIBERDADE E EMANCIPAÇÃO
O terceiro eixo do programa que está sendo construído pelo pré-candidato é o da liberdade de escolha.
“Precisamos conseguir dar de fato liberdade para os indivíduos, para os cidadãos, para eles poderem escolher o que quiserem fazer de suas vidas. Para isso são necessárias políticas públicas de alta qualidade na educação, baseadas em aprendizado real, em projeto de vida, em educação profissional, na assistência social. Os programas de assistência precisam ter como objetivo central a emancipação da família e dos indivíduos. Eles precisam ser ajudados a enfrentar os obstáculos que têm. Além disso, precisamos melhorar as políticas públicas na saúde e na segurança, para você ter de fato as pessoas com liberdade de escolha”, explica Felipe Rigoni.
“É nesses três eixos que vamos basear o nosso projeto. Vamos montá-lo e entregá-lo em junho”, completa ele.
Confira outros trechos da entrevista coletiva.
ESQUERDA OU DIREITA
“Nossas propostas não são de esquerda nem de direita, são baseadas na realidade que o Espírito Santo vive, são baseadas nas melhores evidências que temos encontrado sobre cada assunto. Óbvio que tenho uma formação liberal, por inteiro. Politicamente, sou um liberal, todos sabem disso. Naturalmente meu governo terá essa orientação, e com certeza vamos orientar todas as políticas públicas nas evidências científicas, nos contextos locais onde serão aplicadas, tendo a participação popular como pilar central”.
HARTUNG E CASAGRANDE
“Se Casagrande ou Paulo Hartung quiserem votar em mim, eles são muito bem-vindos, mas o ciclo deles passou. Eu sou um novo ciclo, eu sou pós-Renato e pós-Paulo. Os dois foram igualmente importantes e cumpriram as tarefas que o ciclo necessitava”.
CANDIDATOS A VICE E AO SENADO
“Por enquanto a preocupação central do União Brasil é montar as chapas proporcionais, para deputado estadual e federal. Estamos em conversa com dezenas de candidatos, como todos os partidos, para montarmos as chapas proporcionais e, a partir daí, montar as possíveis alianças. Isso ainda não foi feito. Converso com todo mundo, só tenho restrição aos partidos de extrema esquerda. Mas ainda não tenho conversa fechada com ninguém”.
FUNDO ELEITORAL
“Fui crítico ao aumento do fundo eleitoral. Mas não sou contra a existência do fundo de financiamento de campanha. Todas as grandes democracias do mundo têm fonte de financiamento de campanha e utilizam isso para inclusive haver renovação política, com oportunidade para que todas as pessoas possam competir com um mínimo de condições de igualdade. Penso que tem sim que haver um fundo de financiamento de campanha. Sempre votei contra os aumentos e continuarei votando, justamente porque, num momento como o que estamos vivendo agora, de crise, não faz sentido aumentar o fundo eleitoral. Mas o fato de ter fundo não é o problema, o problema é a forma como ele é distribuído. Inclusive, aqui no União já definimos: todos os candidatos terão estrutura. Tenho um projeto de reforma partidária, que prevê regras mínimas de distribuição do fundo. Aqui no União nenhum candidato ficará sem estrutura. Todos terão condições reais de competir, e isso é para mim o mais importante”.
RELAÇÃO COM OS FERRAÇO
“Minha relação com os Ferraço é muito cordial, muito boa, especialmente com o Ricardo. Admiro o político que tanto o Ricardo quanto o pai, Theodorico, são. Não teve disputa pelo União Brasil no Espírito Santo. Teve uma decisão da Nacional, me escolhendo como líder desse processo. Eles, da Nacional, avaliaram que sou a melhor pessoa para conduzir esse processo aqui no Espírito Santo”. (Da Redação)
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