A irmã que discutiu com o médico e filmou a agonia de Géssica Dettmann Bello, 32 anos, no Hospital Fumatre, de Ecoporanga, no Noroeste do Estado, antes de ser transferida para Barra de São Francisco, onde morreu na madrugada desta quarta-feira (8), deu um depoimento dramático sobre tudo o que aconteceu com a servidora estadual, que deixa dois filhos pequenos.
Wanessa Dettmann Bello contou detalhes da saga com Géssica, desde quando sentiu-se mal pela primeira vez, há uma semana, numa cidade com um hospital precário e sem recursos técnicos. A partir do último final de semana, ela voltou a sentir febre e a cidade não tinha testes de dengue disponíveis. Seu hemograma, entretanto, dava evidências da doença.
Amigos da servidora pública convocaram um protesto para esta quarta-feira (8), às 19 horas, na praça da cidade de Ecoporanga.
“Após ela ter sido socorrida pela enfermeira e a técnica, ela foi para enfermaria. Mas eles não queriam internar ela (sic) por causa de falta do número do cartão do SUS, só que eu disse para eles que não poderiam deixar de internar ela por causa do número do SUS porque depois eu dava um jeito de trazer.
Eles internaram ela e a pressão dela estava baixando e ele eles estavam aferindo, acompanhando tudo, só que lá o acesso de entrada é fácil, não tem segurança, então você entra e sai a hora que você quer. Eu entrava no hospital e perguntava para ela lá na maca a pressão dela quanto que estava, e ela falava que estava 8 por 6.
Um médico falava para mim que estava 10, ele mentia em relação ao estado físico dela, falava que ela estava bem, que amanhã ela vai melhorar que dengue é assim mesmo né. Aí, olha o que aconteceu. De 8 horas da manhã até 10 horas da noite ela só foi piorando, ela deu vários desmaio, pique de pressão baixa e desmaiou várias vezes.
Só depois fizeram a transferência dela para o hospital de Barra de São Francisco. Quando ela chegou lá, já foi tarde demais. ela não resistiu, deu parada cardíaca e os médicos ainda de Barra de São Francisco questionaram o porquê da demora de ter levado ela para lá, já que Ecoporanga não tem estrutura para atender esse tipo de situação.
Esperaram ela chegar na beira da morte para poder transferir para o hospital melhor, para chegar lá e morrer na mão de vários médicos. Não foi um, foram três médicos, três enfermeiros, seis técnicos de enfermagem em cima dela para tentar ressuscitar ela e não conseguiu.
E por que? Porque um médico, Dr João, deixou ela de molho no soro o dia todo ela, não estava fazendo xixi e ele não verificava isso. A pressão dela só estava caindo e ele falava que era normal. porque ela estava desidratada e assim foi até ela chegar à beira da morte.
Ela começou a passar mal na quarta-feira (30). Na quinta-feira (1) ela estava bem, na sexta-feira (2) ela ficou bem, só reclamando de dores no corpo. Sábado (3) começou com febre, domingo começou da febre e fraqueza.
Na segunda-feira (6) procuramos o pronto atendimento de dengue de Ecoporanga, que é no bairro Benedito Monteiro. Eles pediram para a gente ir no postinho de saúde fazer o teste de dengue. Chegamos no postinho de saúde, eles falaram que não tinha teste, que tinha que fazer particular que nem no hospital estava fazendo.
Fomos para o laboratório particular, marcamos a consulta para ela para o dia 7, que foi ontem, pegamos o resultado de exame 7h30 da manhã e fomos para o hospital esperar o atendimento. E o que aconteceu foi o que está no vídeo. Depois que ela foi atendida ela só foi piorando, ela só foi piorando, depois que ela começou a tomar soro, só soro, soro, a pressão caindo, a saturação baixando e eles não estavam nem aí.
Ela não estava urinando, tanto que ela estava inchada devido a tomar tanto soro e não estava fazendo xixi. E ela sempre reclamando de dor no peito, falta de ar, muita falta de ar e eles falando que é normal porque ela estava desidratada e foi quando ela deu três piques de desmaio que eles viram que ela estava piorando e transferiram para o Hospital Doutor Alceu, em Barra de São Francisco.
Quando chegou lá os médicos não conseguiram vaga para ela na UTI, colocaram ela no semiintensivo, mas quando foi entubar ela para esperar aa UTI lá, ela começou a dar parada cardíaca, três vezes, e ele tentaram ressuscitar ela e não conseguiram. Aí ela veio a óbito. Mandaram para verificação de óbito em Vitória.
Com poucas horas ela só foi piorando, piorando, até eles ver que ela só ia piorar e transferiu, só que transferiu tarde demais. Os resultados de exame do laboratório de Ecoporanga já tinha dado grave a situação dela. Nos ajude a divulgar para que não aconteça com outras famílias”. (Depoimento de Wanessa Dettmann para a Redação da TNL)
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