E se fosse um praça?

Imagine duas crianças no meio da molecada brigando porque uma estava filmando a outra! Agora imagine uma criança, a que estava filmando, rindo com cara de deboche e a outra, a que estava sendo filmada, chamando para o “filmador” chegar mais perto – e a outra chega – e, de repente: vapt! A criança filmada toma o celular da mão da outra e os grupos se engalfinham no meio da molecada.

A cena fictícia retrata uma real, promovida por dois adultos. E, pior, dois adultos com posições de autoridade. De um lado, o prefeito de Vitória; do outro, um coronel da Polícia Militar com cargo importante junto ao Poder Executivo Estadual.

Agora, uma agravante: com plateia. Em pleno desfile das escolas de samba, no Sambão do Povo. Ou seja, imagine o que pensa o cidadão comum quando vê e revê a cena envolvendo dois figurões que deveriam resguardar-se na liturgia dos cargos públicos que ocupam!?

Dois errados os dois homens públicos. Atitudes incompatíveis.

Errado o prefeito por dar-se ao papel de pararazzi, munido de uma câmara de celular para filmar alguém que deveria, se estava dando alteração, ser cuidado pela segurança do evento e, dependendo do caso, por autoridade policial.

Ali, não era o delegado licenciado, mas o prefeito da cidade, que já havia se comportado mal ao sequer cumprimentar o governador que, pelas imagens que se vê, tentou o tempo inteiro se aproximar dele. Mas ele virava as costas.

Errado o coronel por portar, de forma ostensiva, uma arma na cintura num evento público em que estava se divertindo. Não se discute o direito dele, como policial militar, de portar sua arma, mas sim da exposição e da própria postura.

Se fosse um praça da Polícia Militar, levaria um Processo Administrativo Disciplinar com certeza. E talvez estivesse preso. Mas se sabe que, na estratificação social que se reproduz nas estruturas militares brasileiras, os grandes se protegem.

E, se do outro lado, fosse um funcionário de baixo escalão da Prefeitura? Certamente teria punição equivalente à de um praça da PM.

Alguma coisa errada não está certa.

Do Editor-Sênior