
Depois de dois mandatos de deputado federal pelo Solidariedade e não conseguir se reeleger em 2018, o médico Jorge Silva, o Dr Jorge, está de volta à cena política, de novo como candidato a deputado federal, agora pelo Republicanos, que dá como certa a reeleição do radialista Amaro Neto, recordista de votos na eleição passada.
Mesmo sabendo que é muito difícil para Amaro repetir a votação, o Republicanos ainda aposta na reeleição de seu principal trunfo e que seja possível fazer legenda para conquistar a segunda vaga. É de olho nessa projeção que Dr Jorge Silva entra na disputa pelo município de São Mateus, onde sempre teve muitos votos, desde a primeira tentativa em 2006, quando obteve o apoio de mais de 33 mil eleitores, mas não se elegeu. “Perdei na legenda por 81 pontos para o Jurandir Loureiro”, recorda-se.
Em 2010, Jorge Silva obteve seu primeiro mandato, com 67 mil votos, mais da metade deles em São Mateus. Em 2014, se reelegeu, aumentando sua votação para 69.980 votos. Mas em 2018 sofreu uma queda de 38% na votação, caindo para 43.390 votos.
“É um novo momento e vamos em busca de recuperar a representatividade política do Norte do Estado. Quando se ganha uma eleição federal pela primeira vez, o eleitor alimenta muitas expectativas por ações que são mais executivas do que legislativas. E a gente fica muito tempo longe das bases, em Brasília. Hoje as redes sociais, que se desenvolveram principalmente a partir de 2013, aproximam mais o eleitor do político e essa distância física é compensada”, disse Jorge Silva.
LEMBRANÇAS
O candidato acrescentou que seu foco continua sendo no Norte do Estado, onde é seu reduto mais forte. Porém, os dois mandatos que exerceu lhe deram a oportunidade de ser conhecido em outros municípios de outras regiões e, agora, ele vai atrás de lembrar aos seus antigos apoiadores sua linha de ação. A construção, segundo ele, será feita principalmente nos municípios da Grande Vitória.
Urologista, com larga experiência na área da saúde, Dr Jorge disse que, até por isso, sua atuação acaba sendo mais voltada para essa área. “A gente chega em Brasília e precisa focar, senão o tempo passa e não se produz nada”, observou.
E, para lembrar sua atenção, Jorge Silva cita seu trabalho na CPI do Trabalho Infantil, na Frente Parlamentar da Saúde Masculina, que resultou no Projeto de Lei 5706/13, que nunca chegou a ser votado e previa a obrigatoriedade de exame de próstata anual a partir dos 40 anos dentro dos programas de saúde das empresas.
O ex-deputado também salienta seu trabalho na comissão que levou a mudanças nas políticas públicas sobre

drogas. Na época, ele lembra, foram realizados seminários em 26 estados e Distrito Federal e ele teve oportunidade de viajar à Bolívia, ao Peru e à Colômbia, que têm 17 mil quilômetros de fronteiras com o Brasil e são os maiores produtores da cocaína que entra no País. “Cheguei a presidir a comissão, cujo trabalho resultou na nova legislação sobre o tema, finalmente sancionada em 2019”, salientou.
Outro trabalho que Jorge Silva pretende relembrar aos eleitores foi em relação à utilização de energia fotovoltaica em escolas públicas: “O MEC não tinha legislação nenhuma sobre isso e não podíamos fazer emendas neste sentido porque não havia rubrica no orçamento da pasta. Conseguimos essa mudança no MEC e hoje cada vez mais se veem placas de energia solar em escolas públicas, principalmente nas unidades do IFES, que tem maior facilidade de repasses fundo a fundo”.
E ainda tem sua participação, no segundo mandato, de 2015 a 2018, na comissão permanente de direitos de pessoas com deficiência, onde relatou diversos projetos de lei.
INFRAESTRUTURA
Dr Jorge Silva disse que tem acompanhado as mudanças na legislação ferroviária e portuária brasileira, com a implantação da modelagem de autorização, e que, se conseguir a vaga em Brasília, vai procurar “este setor empresarial para unir forças”.
“Foi um trabalho bonito o do ministro Tarcísio Freitas implantando o marco regulatório permitindo a construção de portos e ferrovias pela iniciativa privada mediante um contrato de autorização. Esses projetos previstos para o Norte do Estado (os investimentos da Petrocity Portos e da Petrocity Ferrovias) trarão um grande ganho para a região e estaremos juntos. O Brasil deixa de ter sua economia dependendo do modal rodoviário para explorar também o ferroviário e o marítimo de cabotagem. Isso é um avanço”, disse o ex-deputado, que busca de volta um lugar na Câmara dos Deputados.
Informado sobre uma proposição para refederalização da BR 381, entre São Mateus e Governador Valadares, Jorge Silva apoiou a ideia: “Essa BR já foi e voltou várias vezes, de federal para estadual, estadual para federal. No nosso eventual mandato vamos discutir isso na bancada. Certamente isso também fará parte de nossa pauta de atuação”.
CAMPANHA
Durante sua campanha, Dr Jorge Silva decidiu que, apesar de o Republicanos fazer parte da base de apoio do Presidente Bolsonaro no Congresso, ele particularmente não vai pedir voto, porque não quer entrar no que chamou de “polarização aí existente, porque isso traz mais malefícios do que benefícios”. E acentuou: “A polarização é feita por pequenos grupos, que, entretanto, são muito barulhentos”.
Ao mesmo tempo em que disse não compactuar com a polarização, Dr Jorge Silva disse que, “por outro lado, esse movimento tem seu lado positivo, porque a partir de 2018 as pessoas passaram a ter mais conhecimento do que é pensamento de direita e de esquerda, há um amadurecimento, e o eleitor pode votar num modelo de governo em que acredita”.
Quanto à sua própria posição, Jorge Silva se define como um político mais de centro, ora oscila para a direita, ora para a esquerda: “Nas políticas econômicas, sou de centro-direita; nas políticas sociais, sou de centro-esquerda”.
Diferentemente da eleição para Presidente, Dr Jorge já se definiu com relação ao Governo do Estado e adota um tom regionalista: “Vou apoiar a candidatura de um governador de nossa região, o Guerino Zanon (ex-prefeito de Linhares)”. Guerino, do PDS, é candidato apoiado pelo ex-governador Paulo Hartung, em cujo governo Jorge Silva foi superintendente regional de Saúde em São Mateus.
BIOGRAFIA
O acervo do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas registra que Jorge Silva nasceu em São Mateus (ES) em 3 de junho de 1952, filho de Arlindo Silva e Etelina Silva. Formou-se em Medicina e passou a exercer a profissão enquanto médico residente em 1976 no Hospital Estadual do Servidor Público em São Paulo (SP), aonde permaneceu até 1979.
Dois anos mais tarde passou a atuar como médico no Hospital Matarazzo na mesma cidade, até o ano de 1986. No ano subsequente, de volta a sua cidade natal, foi incorporado ao quadro de médicos da Secretaria do Estado de Saúde do Espírito Santo (SESA), tendo, ainda em 1987, se tornado diretor administrativo do Hospital Dr. Roberto A. Silvares ligado a SESA.
Em 1992, filiou-se ao Partido Democrata Cristão (PDC), pelo qual concorreu e elegeu-se vereador na cidade de São Mateus (ES) com 523 votos. Durante o mandato, com a extinção do PDC, ingressou nos quadros do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1994.
Com o fim de seu mandato na Câmara Municipal, em 1996, voltou a se dedicar à atividade profissional original, tendo inclusive deixado o PT e voltado a se filiar a um partido apenas em 2001, quando migrou para o Partido Progressista Brasileiro (PPB). Assumiu a secretaria municipal de saúde de São Mateus, onde permaneceu até 2006.
Neste ano, tentou pela primeira vez uma vaga na Câmara Federal, mas naquele pleito, obteve 35.393 votos que lhe renderam apenas a condição de suplente. No pleito municipal de 2008, porém, voltou a pleitear cargo político de caráter eletivo, visando o cargo de prefeito de São Mateus. Com o PPB então passando a se chamar apenas PP, concorreu em coligação composta junto a outros sete partidos, mas não logrou êxito, tendo sido derrotado pelo candidato do PSB, Amadeu Boroto.
Deixou os quadros do PP no ano seguinte ao pleito, quando migrou para o Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual assumiu a presidência municipal em São Mateus (ES). Passou também a exercer a função de superintendente regional da secretaria estadual de saúde, e, candidato outra vez ao Legislativo Federal nas eleições gerais de 2010, logrou êxito, com 67 mil votos.
Foi empossado na 54ª Legislatura em fevereiro de 2011 e, nesta, integrou, durante todo o mandato, a Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF). Em 2013, mudou novamente de partido, deixando o PDT para se filiar ao recém-fundado Partido Republicano da Ordem Social (PROS), do qual assumiu a vice-liderança na Câmara. Em 2018, tentou se reeleger pelo Solidariedade, mas não conseguiu. (José Caldas da Costa/Da Redação)
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