Usiel Carneiro de Souza*
Penso que precisamos ter uma consciência que evolua, amadureça, seja atualizada com os aprendizados e superação de ilusões. De parcialidades “absolutizadas”, assim como de relativos “essencializados”. Afinal, a vida e a história precisam ser julgadas no compasso do tempo, para que a verdade seja possível nesse mundo onde o poder de poucos ilude a consciência de muitos. Por isso, o quanto posso, reconheço minha fragilidade para ver e apoio-me nos olhares de outros para verificar o meu. Mas, sobretudo, apego-me a valores e princípio de fé e vivência social.
O período da ditadura no Brasil não é fruto da imaginação. Foi, como todo período assim, vendido como importante, bom e próspero para o país por propagandas persistentes. Nasci um ano antes do golpe militar e fui criado sob os ensinos de um sistema religioso que adaptou-se ao militarismo. Aprendi a obedecer e temer os questionamentos. Mas, cresci e isso significa tornar-se responsável por si mesmo e discutir com a própria história e consciência.
Os últimos anos semearam ideias esquisitas no Brasil. Ideias que pretenderam reeditar consciências. Muitas cederam e muitas mais revelaram-se. Muitos celebraram o absurdo, sinalizando que jamais foram o que deveriam: consciências amadurecidas. E isso é um paraíso para os manipuladores de pessoas.
Escolhi resistir e seguir inconformado. A ditadura merece o ódio e o nojo dos brasileiros. As finalidades vendidas jamais justificarão os meios praticados. E minha escolha é ombrear-me com os que a repudiam, suspeitar dos que a justificam e resistir firmemente aos que a celebram.
Ditadura, nunca mais. Prefiro a angústia e ambiguidades da liberdade.
* Usiel Carneiro de Souza é teólogo, administrador e pastor da Igreja Batista da Praia do Canto (Vitória – ES)
Comente este post