* José Roberto Barbosa
Ligando o Centro-Oeste ao litoral capixaba e baiano, o novo corredor ferroviário em fase adiantada de desenvolvimento se insere no Arco Leste como uma alternativa moderna e eficiente ao modelo rodoviário.
Idealizado como um conjunto de traçados ferroviários de 2.160km de extensão, o Corredor Centro-Leste é um dos projetos logísticos mais promissores do Brasil contemporâneo.
Está destinado à conexão de áreas produtoras de grãos, minérios, insumos industriais e cargas diversas, situada, principalmente, no Centro Oeste e Norte de Minas, aos portos do litoral leste brasileiro, com destaque para o Norte do Espírito Santo e Sul da Bahia.
Essa ligação intermodal amplia as alternativas logísticas e reduz, significativamente, os custos operacionais em comparação ao tradicional modelo rodoviário.
O corredor é dividido em três grandes eixos ferroviários:
o primeiro, ligando São Mateus a Barra de São Francisco e Governador Valadares;
o segundo, conectando Barra de São Francisco a Brasília passando por Nanuque, Teófilo Otoni, Araçuaí, Montes Claros e Unaí;
e o terceiro, de Brasília a Mara Rosa, em Goiás, integrando-se à malha ferroviária nacional que avança rumo ao Norte e ao Oeste brasileiro no modelo de cruzeiro ferroviário.

A esses três grandes traçados se junta uma variante de pouco mais de 50km para conectá-lo, a partir de Corumbá de Goiás, ao grande polo econômico de Anápolis (GO).
Ao unir as pontas litorâneas e interiores de forma contínua, esse corredor proporciona um novo fluxo de riquezas por trilhos, elevando a eficiência da cadeia logística nacional.
Essa nova espinha dorsal ferroviária se constitui num dos principais pilares do Arco Leste, estratégia logística que busca construir alternativas viáveis de escoamento ao que hoje é movimentado, prioritariamente, pelos portos de Santos e Paranaguá, frequentemente saturados.
O Arco Leste favorece um novo equilíbrio na ocupação logística do território nacional, descentralizando o fluxo de cargas e favorecendo portos emergentes, como Urussuquara (ES) e Caravelas (BA), e os demais portos do Estado do Espírito Santo.

Ao fazer parte do Arco Leste, o Corredor Centro-Leste se posiciona como uma das mais importantes soluções estruturantes da nova matriz logística brasileira de transporte.
Essa conexão entre interior e litoral, entre ferrovias modernas e terminais portuários ágeis, entre o local de produção do agronegócio e os mercados globais, representa, no futuro próximo, uma revolução silenciosa, mas de efeitos profundos.
É, ao mesmo tempo, uma resposta à necessidade de competitividade e uma alternativa sustentável diante das exigências de descarbonização do sistema de transporte de cargas no Brasil.
Além disso, o projeto ferroviário está sendo concebido sob a lógica das ferrovias autorizadas, cumprindo o que determina o novo Marco Regulatório Ferroviário, com investimentos 100% privados, dentro do arcabouço regulatório moderno instituído a partir de 2021.
Este modelo, mais ágil e menos burocrático que o tradicional sistema de concessões, permitiu que empresas visionárias como a Petrocity Ferrovias, Macro Participações, MTC Caravelas e outras assumissem o protagonismo no planejamento e implantação de infraestruturas ferroviárias em regiões até então negligenciadas pelo Estado e pelo mercado.
Dessa forma, a presença de um corredor ferroviário moderno que se estende do interior do Brasil até os portos do Norte do Espírito Santo cria, não apenas uma rota de transporte, mais sim um eixo de desenvolvimento integrado.
Cada cidade ao longo desse traçado torna-se potencial sede de portos secos, centro de serviços logísticos, polo de industrialização e geração de empregos e renda.
É o país se interiorizando por meio de trilhos, enquanto se conecta ao mundo pelos portos.
*José Roberto Barbosa é CEO do Grupo Petrocity – Ferrovias, Portos, Energia e Navegação
O Norte do Espírito Santo e o Sul da Bahia no centro da nova logística brasileira
























