Onze mandados de busca e apreensão e 20 mandados de prisão foram cumpridos nesta sexta-feira (28), simultaneamente, em Governador Valadares (MG), no vale do Rio Doce, e em São Mateus, na microrregião Nordeste do Espírito Santo, segunda maior população do Norte do Estado e a terceira de todo o interior.
Foram presas 11 pessoas na ação empreendida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Espírito Santo (FICCO), coordenada pela Polícia Federal, integrou a Operação ‘”Colapso“.
O objetivo é desarticular uma organização criminosa estruturada para o tráfico de drogas com atuação predominante na cidade de São Mateus/ES. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de São Mateus.
A Polícia Federal não divulga nomes nem qual organização criminosa estava envolvida, mas recente mapeamento da Superintendência Regional Norte da Polícia Civil aponta que a organização que controla a maior parte do tráfico de drogas em São Mateus é o PCC (Primeiro Comando da Capital), baseada em São Paulo.
INVESTIGAÇÕES
As investigações tiveram origem a partir do compartilhamento de provas colhidas na Operação Mosaico, deflagrada pela FICCO/ES em 2024, que já havia identificado um complexo esquema criminoso envolvendo tráfico de drogas, armas, falsificação de documentos, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro.
A partir dela, verificou-se a existência de um grupo criminoso auxiliar com atuação no Norte do Espírito Santo.
Na atual fase da investigação, constatou-se que um dos investigados mantinha sob seu comando um grupo estruturado de “gerentes” e fornecedores responsáveis por abastecer pontos de venda de entorpecentes em São Mateus e região.
Foram apreendidas, na cidade capixaba, três pistolas, uma carabina calibre 12 e um fuzil calibre 556, além de munições.
O nome da operação, “Colapso”, faz referência à desestruturação sofrida pela organização criminosa com a atuação da FICCO/ES, resultando na desarticulação das suas bases financeira e operacional na cidade de São Mateus.
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Espírito Santo (FICCO/ES), coordenada pela Polícia Federal (PF), é composta pelas Polícias Militar (PMES), Civil (PCES), Penal (PPES), pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), e pelas Guardas Municipais de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana.
CACHOEIRO
Na manhã de 21 de novembro de 2024, a FICCO/ES cumpriu três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária, emitidas pela 1ª Vara Criminal de Cachoeiro de Itapemirim/ES.
Tinham como alvo integrantes de uma organização criminosa desmantelada pela Operação Mosaico, deflagrada em 20 de junho de 2024.
Essa operação já havia cumprido oito mandados de prisão preventiva e 66 de busca e apreensão, além de bloqueado mais de R$ 1 milhão em bens imóveis e apreendido veículos de luxo.
A operação realizada em novembro teve como principal objetivo prender os remanescentes da organização criminosa que ainda mantinham influência no tráfico de drogas na região sul do Espírito Santo.
MOSAICO: SAIBA MAIS
Com o apoio da Receita Federal do Espírito Santo, a FICCO/ES deflagrou, na manhã de 20/06/2024, a Operação MOSAICO.
O objetivo foi desarticular associação criminosa que atua no tráfico de drogas, armas, associação ao tráfico, lavagem de dinheiro, corrupção, falsificação de documentos, dentre outros crimes.
Foram empregados 228 policiais federais para cumprir 72 mandados judiciais, expedidos pela 1ª Vara Criminal de São Mateus, em endereços de 10 Estados da Federação: Espírito Santo, Rondônia, Distrito Federal, Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia.
Do total de mandados expedidos, sete forsm de prisão preventiva e 65 de busca e apreensão.
Além da desarticulação das atividades ilícitas, a ação também visava a descapitalizar o grupo criminoso.
Para tanto foram postuladas – e deferidas judicialmente – ordens para bloqueio de contas de investigados até o limite de R$ 184.530.775,47, bem como para sequestro de nove imóveis, 21 veículos e três motos aquáticas.
PARAIBA
Cinco dias depois, em 25 de junho de 2024, a FICCO/ES prendeu uma das principais lideranças de facção criminosa que aterroriza a Paraíba.
Condenado a 16 anos de prisão por tráfico de drogas e roubo, o criminoso estava foragido há quatro anos, vivendo em solo capixaba e se passando por um cidadão comum.
A sua identificação e captura foram possíveis graças a diligências minuciosas de agentes da FICCO/ES, que monitoraram o seu cotidiano e efetuaram a prisão de forma precisa, sem expor a população a risco.
ENTENDA O CASO
A investigação teve início no mês de dezembro de 2021, após a deflagração da Operação Quinta Roda, realizada pela Polícia Federal em Rondônia, ocasião em que ocorreu, em Ji-Paraná, uma grande apreensão de cocaína destinada ao estado do Espírito Santo.
Após o compartilhamento de provas, a investigação, conduzida pela Polícia Federal no Espírito Santo, descobriu verdadeira organização criminosa instituída por diversas pessoas com foco no tráfico de drogas, armas, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.
Posteriormente, visando a ampliação e aprofundamento das investigações, o caso foi levado para a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado-FICCO, que , no decorrer dos trabalhos multidisciplinares, identificou vários núcleos criminosos.
Os dois principais investigados se dedicavam ao tráfico de armas e drogas, tendo o Espírito Santo como destinatário final das substâncias entorpecentes e armamentos oriundos de outras unidades da federação.
Há, também, atuação na falsificação de documentos públicos, especialmente na confecção de carteiras de identidade ideologicamente falsas para foragidos da justiça e pessoas integrantes do grupo criminoso.
Os recursos financeiros ilícitos adquiridos com a prática dos crimes eram lavados por meio de empresas de fachada, investimentos em imóveis, carros de luxo, com utilização de pessoas “laranjas”, procedimentos típicos de ações para lavagem de dinheiro.
Durante as investigações, foram identificadas diversas negociações de armas de fogo e drogas, sendo algumas, inclusive, objeto de flagrantes em ações da PRF e de polícias de outros estados.
CORRUPÇÃO POLICIAL
A organização criminosa contava com o apoio de agentes e ex-agentes públicos (membros de forças de segurança pública), funcionários de cartórios e de outros órgãos públicos para a empreitada criminosa, demonstrando a periculosidade e nível de articulação do grupo investigado.
O auxílio de agentes públicos corrompidos se mostrou importante para a atividade criminosa, na medida em que algumas ações policiais foram “vazadas” antecipadamente.
Mandados de busca deixaram de ser cumpridos adequadamente, documentos ideologicamente falsos foram confeccionados, informações sigilosas de bancos de dados públicos foram passadas para criminosos, movimentações de presos dentro do sistema prisional foram encomendadas, além de diversas outras ações decorrentes dos desvio de conduta dos servidores.
Assim como um mosaico é construído peça por peça, a investigação reuniu, minuciosamente, diversos fragmentos de informações e evidências para construir um quadro completo e detalhado da organização criminosa.
Cada fragmento coletado foi fundamental para desvendar os detalhes e alcançar a elucidação dos fatos.
Desde as primeiras investigações a Mosaico tem tido desdobramentos, cujos detalhes são mantidos em sigilo. (Da Redação com informações da Polícia Federal)
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