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Um empresário de 39 anos, de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, está preso prefentivamente pela Polícia Civil do Espírito Santo por vender, de forma ilegal, armas adquiridas legalmente. Foram apreendidas 48 armas.
Dentre os clientes desse comerciante estão milicianos do Rio de Janeiro. Um deles, foi preso junto com o ex-PM Orlando Oliveira Araújo, o Orlando Curicica, que está num presídio federal e chegou a ser investigado pela morte da vereadora Mariele Franco.
O empresário usava como “laranja” um funcionário com menos de 25 anos, que atuava na limpeza de sua loja,
Os clientes preferenciais dessa venda de armas de forma ilegal eram pessoas já indiciados por crimes, impedidas de comprar uma arma legal. Foram vendidas armas para o Espírito Santo, Rio de Janeiro,
O inquérito instaurado em dezembro de 2024 foi concluído pela Delegacia Especializada em Armas, Municões e Explosivos (Desarme).
As armas eram vendidas por valores de R$ 5 mil a R$ 12 mil. O porte de arma, falso, era vendido por R$ 50 mil, segundo a Polícia.
SAIBA MAIS
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O delegado Guilherme Eugênio, titular da Desarme, criada em 2019, explicou detalhes das investigações que levaram à “Conexão Cachoeiro” da milícia do Rio de Janeiro. O chefe de Polícia, delegado José Darcy Arruda, disse que essas armas estão vinculadas a roubos, homicídios e outros crimes, como tráfico.
Em outubro de 2024 foram iniciadas as investigações, a partir de um documento falso recebido pela Desarme em que o Exército Brasileiro estaria conferindo a uma pessoa o direito de portar armas em todo o território nacional.
Encaminhado ao EB, a corporação confirmou que era uma fraude e descobriu que havia outros documentos falsos da mesma forma. E todos os documentos haviam sido fornecidos por uma mesma loja, de Cachoeiro de Itapemirim.
O Exército iniciou uma ficalização meticulosa sobre o estabelecimento, com apoio da Polícia Civil.
Durante a fiscalização foram listadas todas as armas que entraram licitamente nos estoques, com autoriazalçao da Polícia Federal. A saída das armas é que era, predominantemente, ilícita.
A loja valia-se de documentos falsos, através dos quais justificava a venda para pessoas que, legalmente, não teriam direito a comprar armas.
As 55 armas vendidas com autorização da Polícia Federal foram de forma lícita. As demais, que alegava ser com autorização do EB, eram vendidas ilicitamente, com documentos falsos.
A PC identificou que, dentre 100 armas adquiridas pelo estabelecimento, 12 haviam sido vendidas com a Nota Fiscal emitida, mas ainda não entregues. Essas armas foram apreendidas.

Identificou nove que desapareceram do estoque sem causa aparente. Nem documentos falsos foram usados para justificar o desaparecimento das armas.
Porte “de ouro”
Identificaram-se 14 armas vendidas com documentos falsos e entregues aos compradores. Algumas com kit completo – com porte nacional de armas, vendido a R$ 50 mil. Um desses portes levou à descoberta da ilegalidade.
Um desses adquirentes deu com a língua nos dentes e esnobou com amigos que ele tinha direito de portar armas, e os amigos ficaram surpresos, porque queriam ter esse direito e não conseguiam. Foi assim que o documento chegou às mãos da Polícia, dando origem às investigações.
Das 14 entregues fraudulentamente a consumidores, seis foram no Espírito Santo e oito destinaram-se aos Estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
As seis do Espírito Santo já foram recolhidas. Três estavam nas mãos de pessoas com antecedentes criminais.
A Polícia não conseguiu comprovar má fé. O lojista se dizia ser despachante e capaz de fornecer as armas de forma legal. Em princípio, os clientes são tratados como vítimas. Devolveram as armas voluntariamente e não tiveram sanções legais.
Junto à Polícia dos outros Estados, a Polícia Civil do ES busca que as demais armas sejam localizadas e recolhidas.
A maioria do adquirientes tinha antecedente “bastante maculados”. Nenhum poderia, licitamente, adquirir das armas. Os capixabas, entretanto, têm crimes mais leves: receptação de produtos de crimes ou porte ilegal de armas.
Os milicianos
A maioria das armas foi vendida para o Estado do Rio de Janeiro, onde os compradores, conforme o delegado, têm antecedentes criminais graves. Muitos com histórico de integrarem milícias.
Um deles foi preso, em 2019, junto com o ex-PM Orlando Oliveira Araújo, o Orlando Curicica, miliciano condenado a mais de 40 anos de prisão pela Justiça.
Entre outros compradores do Rio, estão estelionatários, despachantes de armas, falsificadores de documentos e, com destaque, os milicianos.
As polícias do ES e do RJ estão cooperando uma com a outra nas investigações.
O lojista preso tem contas em 73 diferentes instituições financeiras diferentes, todas bloqueadas. Uma delas notificou o COAF movimentação atípica.
O comerciante declarou aos brancos faturamento bruto de R$ 17 mil, mas movimentou quase R$ 1 milhão em menos de seis meses.
Foi idenficado o uso de laranjas, que intermediavam os depósitos. O empregado da loja, em cujo nome estava o estabelecimento, tem menos de 25 anos e não poderia, legalmente, ter loja de arma. O Exército descobriu e obrigou à mudança da titularidade.
O lojista está preso desde o dia 18, já tentou sair, mas a Justiça não concedeu relaxamento da prisão.
Foi indiciado por comércio ileegal de armas de fogo, lavagem de dinheiro, estelionato e porte de arma de uso restrito – adquiriu um fuzil semelhante ao usado pela Polícia Militar e simulou a transferência ilegal do fuzil de assalto para seu próprio nome.
“Era a arma mais poderosa do arsenal, e que ele adquiriu de um CAC”, observou o delegado Guilherme. Veja video:
A Polícia Civil está pedindo à Justiça que as armas apreendidas, pela sua boa qualidade e potencial de fogo, sejam incorporadas ao arsenal da corporação. Foram apreendidas 48 iniciamente e seis já foram recolhidas junto aos clientes.
As pistolas valem de R$ 5 mil a R$ 12 mil, mas um fuzil comprado por R$ 20 mil por um colecionador chega a R$ 80 mil quando repassado para o crime.
“O nosso objetivo é que as armas não cheguem às mãos do crime”, disse o delegado.
Qualquer documento de porte de arma, emitido pela 1ª Região Militar, é falso e quem tiver armas com esse respaldo devem procurar a Polícia, recomendou o delegado José Darcy Arruda.
Esta é a primeira vez que a Polícia Civil do ES identifica uma loja de armas vendendo-as de forma ilegal. Até então, todas as investigações davam conta de pessoas, que adquiriam armas de forma legal, repassando-as a criminosos.
A empresa autuada foi criada em 2018 para customizar armas, mas em 2024 tornou-se lojista e movimentou muito dinheiro. De acordo com Arruda, é uma pessoa muito conhecida no Sul do Estado e “acima de qualquer suspeita”.
Ouvidas pela Polícia, as vítimas disseram que nunca imaginavam que o empresário preso estivesse praticando estelionato. (Da Redação)
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