A menos que haja uma hecatombe na última semana da campanha, a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB) parece estar definida no Espírito Santo. A pesquisa do IPEC (ex-Ibope) divulgada na última quinta-feira(22) não mostra grandes alterações no processo, com ampla liderança do governador, com quase 20% de vantagem sobre a soma de todos os seus concorrentes. Esta é uma vantagem que se manteve nos últimos 60 dias.
Na tentativa de tentar provocar o segundo turno, seus principais adversários, de certo modo, combinam o discurso para desgastar o nome de Renato Casagrande, que nada de braçadas com entregas diárias, comprovação de êxito na administração das contas públicas e um saldo positivo nessa fase final da pandemia, apesar do número de mortos da Covid, que não podem cegar ninguém, mas trazem um quê muito mais de responsabilidade do negacionismo puxado pelo chefe de Nação mais desprezado pela comunidade internacional em todos os tempos.
Com isso, o que parece monopolizar as atenções nesta reta final para o pleito de 2 de outubro, no Espírito Santo, é a escolha do representante capixaba na renovação de 1/3 do Senado da República. E, a exemplo do que aconteceu em 2018, o pastor-cantor-pagodeiro gospel Magno Malta (PL), apesar da grande injeção de dinheiro por parte de seu partido, está sendo ultrapassado na reta final. Pela primeira vez, a senadora Rose de Freitas (MDB) aparece à frente de Magno nas pesquisas.
O que está acontecendo agora é um retrato do que aconteceu há quatro anos. Na época, Magno saiu com uma aparente vitória garantida nas primeiras pesquisas, mas esta era uma visão ingênua. O que aconteceu lá, está acontecendo agora. Magno tem um teto, que começa alto e é achatado quando o eleitor começa a tomar conhecimento de outras candidaturas. A pedra no sapato do candidato bolsonarista é seu alto índice de rejeição.
Em 2018, ele e Ricardo Ferraço concorriam à reeleição e foram derrotados por dois “outsiders”: Fabiano Contarato (eleito pela Rede e hoje no PT) e Marcos do Val (eleito pelo PPS e hoje no Podemos). Magno amargou apenas 17% dos votos, terminou em terceiro lugar e, se facilitar, vai pagar mico novamente neste ano. Se sua derrota se confirmar, vai ter que mudar de Estado, se quiser voltar a ter mandato.
Rose de Freitas cresce graças ao apoio do quase eleito governador Casagrande e com a força do movimento municipalista: mais de 70 prefeitos, casagrandistas, declararam apoio à reeleição da senadora, mineira de Caratinga, aquariana (23.01), 73 anos, ativa na política capixaba desde que se elegeu deputada estadual em 1982, oriunda dos movimentos populares dos anos 70, com atuação na defesa dos direitos humanos.
Outro problema para a campanha de Magno chama-se Erick Musso (Republicanos), o jovem presidente da Assembleia Legislativa que, depois de ensaiar concorrer ao Governo, deu uma banda na candidatura do popular ex-prefeito de Colatina Sergio Meneguelli e foi lançado ao Senado pelo seu partido, que faz parte da base do presidente Bolsonaro no Congresso Nacional e vem com discurso do setor mais conservador da sociedade, no segmento da direita política.
Erick Musso teve um crescimento de 60% nas intenções de voto da última pesquisa do IPEC (saltou de 5% para 8%) e divide votos com o eleitorado que, possivelmente, seria de Magno, mas nem tanto. Erick está atraindo o mesmo eleitor que não declarava voto em ninguém e que decidiu a eleição de Senado em 2018.
O tempo corre contra a candidatura de Erick, mas ele está com muito querosene na lamparina nesta reta final. O seu partido investe em sua campanha, que possivelmente será a mais barulhenta nessa última semana.
Pesquisas internas da campanha de Erick dão números ainda mais animadores: ele já teria batido os 13% e tem baixo índice de rejeição (5%), resultado de ser desconhecido da população – a mesma variável que faz com que ele não decole mais rápido.
Seus últimos programas eleitorais no horário gratuito da televisão vão mostrá-lo como o novo e promissor na política capixaba, enquanto Rose de Freitas vai tentar se firmar como a representante que enche o Estado de recursos federais. Já Magno mantém aquele seu discurso identitário moralista-religioso e tenta provar para o eleitor que não é só isso, e ser reconhecido como pai de grandes obras. Parece que isso está tendo tanto efeito em sua campanha quanto o pacote de bondades de seu tutor, o presidente Bolsonaro, em sua campanha pela reeleição. Podem se afogar abraçados.
Em tempo: se Casagrande não ganhar em primeiro turno e houver uma virada nas presidenciais, que parecem caminhar, muito mais apertadas, com o mesmo destino, alguns institutos de pesquisa podem fechar as portas. (José Caldas da Costa/Weber Andrade)
Comente este post