Na madrugada deste domingo (9), a capixaba Mia Mamede, Miss Brasil 2022, passou a faixa para a gaúcha Maria Eduarda Brechane, 19 anos, que foi escolhida a Miss Brasil 2023 e vai disputar o Miss Universo em El Salvador no final do ano. Maria Eduarda tornou-se a 15ª gaúcha coroada no tradicional concurso de beleza e uma outra gaúcha, Vitória Brodt, também estava no palco como a terceira colocada, mas representando São Paulo.
O concurso de 2023 surpreendeu pela performance das candidatas. Bárbara Reis, do Mato Grosso, foi a segunda colocada. Desta vez, a representante capixaba não se classificou para a final, mas Anna Beatriz Souza, além de sua beleza e simpatia, marcou sua passagem pela passarela das beldades com o traje típico mais comentado pelo público.
E, mais que isso: levou a periferia da periferia para a passarela. A modelo de 20 anos, que é formada em eletrônica e empreende desde a adolescência, tem sua origem na comunidade, um eufemismo moderno para o velho termo “favela”, que é renegado pela carga negativa e preconceito que desperta.
Anna Beatriz nasceu e cresceu no Forte São João, em Vitória, e não esconde isso de ninguém. Aliás, foi um dos argumentos que usou na entrevista com os jurados para convencê-los de que ela deveria ser a escolhida. Não foi, mas sua performance na passarela com um traje típico de colibri “foi um evento”, como comentou um dos figurinistas que vestia outra candidata, em mensagem direta aos autores do traje capixaba.
O traje foi feito pelo casal Paulo Babino e Eliza Coelho. Ele, carnavalesco da Escola de Samba Novo Império, e ela, artista plástica. O traje levou o nome “Guanambi Amanajé”. E foi assim definido por Balbino:
“Antes da colonização, as terras do Espírito Santo eram habitadas por diversos povos indígenas. Reza a lenda que dois jovens de tribos indígenas capixabas inimigas protagonizaram um romance proibido (Romeu e Julieta Tupiniquim).
Por não respeitarem as leis, os Xamães das tribos inimigas resolveram castigar o casal, transformando a índia em beija-flor e o índio em uma flor. Desde então, o beija-flor voa de flor em flor na esperança de encontrar o seu índio amado.
O colibri, também chamado de beija-flor-de-orelha-violeta, representa o Espírito Santo, onde mais de 95% da espécie pode ser encontrada na Mata Atlântica Capixaba”.
Durante o desfile, Anna Beatriz entrou com a face coberta por um adereço de mão com o rosto de um índio, que descia lentamente à sua frente, revelando uma bela flor. Ao fazer como que uma reverência, o beija-flor presente no adereço sobre sua cabeça descia o bico até a flor, num espetáculo de beleza colorida encenando a eterna busca da amada pelo seu amado.
O perfil de instagram @missologiabr colocou o traje de Anna Beatriz entre os três mais bonitos do desfile, ao lado das Misses Rio Grande do Sul, eleita Miss Brasil, e de Sergipe. O concurso, ao contrário de alguns anos atrás, quando era transmitido com glamour em rede aberta de televisão, foi transmitido ao vivo por canal do Youtube.
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