
O Governo do Estado foi comunicado, através do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, que o presidente Jair Bolsonaro (PL), em plena campanha pela reeleição, estará no Espírito Santo no próximo sábado (23). O governador Renato Casagrande (PSB) disse que se colocou à disposição para receber o Presidente no Palácio Anchieta, se assim ele o desejar, como fizeram outros pré-candidatos nas eleições de 2022 em visita ao Estado, informou o blogueiro Elimar Cortes.
Apoiadores estão organizando uma motociata, que atravessará a Terceira Ponte e irá até a praça do pedágio da Rodosol. Um outdoor colocado, estrategicamente, pela Confraria dos Motociclistas saúda o Presidente com a frase “Acreditamos em Deus e valorizamos a família”. Tudo isso “coincidindo” com a Marcha para Jesus organizada no mesmo dia.
Pré-candidato ao Governo, Carlos Humberto Manato (PL, foi a Brasília com o também pré-candidato ao Senado, Magno Malta, alinhando os detalhes da vinda do Presidente, conforme noticiado por outra jornalista, Fabiana Tostes, da coluna De Olho no Poder, da Folha Vitória. Segundo ela, quando questionado se ficaria em Brasília para vir com Bolsonaro, na comitiva presidencial, Manato respondeu que “não pode andar no avião quem não tem mandato”.
PASTORES
Manato e Malta vão recepcionar o Presidente no aeroporto e acompanhá-lo numa recepção e café da manhã para 500 pastores, políticos e empresários – eram 400 mas, segundo Manato, já aumentou – no espaço de eventos Patrick Ribeiro, que fica no aeroporto. Os eventos estão sendo organizados pelo Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp).
Manato vai levar sua moto, uma Harley-Davidson 1.200, para seguir o Presidente na motociata e vai presenteá-lo com um capacete personalizado. A chegada de Bolsonaro está marcada para as 9h e a saída da motociata, às 11h. Porém, os motociclistas vão se concentrar no aeroporto às 7h.
Do aeroporto, a motociata passa pela Terceira Ponte e segue até o pedágio de Guarapari. Antes de retornar, a Marcha para Jesus sai do ponto de concentração, do posto Moby Dick em Vila Velha, cruza a Terceira Ponte – a expectativa é que se tenha 10 trios elétricos – e segue até a Praça do Papa, para onde a motociata retorna.
Na Praça do Papa, uma estrutura com palco estará montada para shows gospel e pregações. É esperado o discurso do Presidente durante o evento.
VINCULAÇÃO CRITICADA
Apesar dessa vinculação do evento religioso com a visita de Bolsonaro, essa associação política não é unanimidade no mundo cristão. Em artigo publicado no último dia 13 de julho em A Gazeta, o pastor batista Kenner Terra condenou a vinculação dizendo que “No Espírito Santo, a Marcha deixará de ser para Jesus”.
“A instrumentalização da fé para interesses políticos trai a tradição protestante e representa a baixeza de alguns líderes religiosos. Em Pernambuco, diferentemente daqui, lideranças evangélicas proibiram qualquer ato político eleitoral durante a marcha. A presença de Jair Bolsonaro fortalece o diagnóstico de cooptação política”, diz Kenner.
Em artigo na Folha de São Paulo no dia 9 de julho, após a marcha na capital paulista, Anna Virginia Ballousier diz que a “Marcha para Jesus escancara a negligência da esquerda com evangélicos”. Ela registra:
“A Marcha para Jesus acontece desde 1993. Todos os presidentes que o Brasil teve depois desse ano de estreia foram convidados para se juntar a seus idealizadores, o apóstolo Estevam Hernandes e a bispa Sonia Hernandes.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não quis. Lula (PT) chegou a instituir o Dia Nacional da Marcha para Jesus, mas em oito anos de Presidência nunca deu as caras no maior evento do calendário evangélico do continente. Dilma Roussef (PT) também não foi. Michel Temer (MDB) ficou pouco tempo no cargo e não o usou para marchar com o casal Hernandes.
Em 2019, no primeiro ano de seu mandato, Jair Bolsonaro (PL) se tornou o primeiro inquilino do Palácio do Planalto a comparecer ao evento conduzido pelos fundadores da Renascer em Cristo, mas que mobiliza dezenas de igrejas num país cada vez mais pentecostal”.
Uma observação de Anna é que “o Presidente passa longe da unanimidade no segmento, como mostra pesquisa Datafolha de junho que o coloca só um pouco à frente da maior pedra no seu caminho rumo à reeleição. Tem 40% do eleitorado evangélico com ele, contra 35% que declaram voto em Lula. Esse bloco cristão responde por 27% da população adulta brasileira.
Mas evangélicos ainda são uma trincheira de popularidade para o chefe do Executivo federal, dando-lhe números mais generosos do que a média geral. O escândalo no Ministério da Educação que envolveu dois pastores não pareceu escangalhar sua imagem perante esse público.
Em compensação, Bolsonaro vem intensificando sua participação em atos religiosos, inclusive em versões regionais da Marcha para Jesus. Neles, martela a narrativa do bem contra o mal. Coloca-se, claro, no lado nobre da causa”, acrescenta. (Da Redação com sites Folha de São Paulo, Gazeta Online e Folha Vitória)
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