O município de Barra de São Francisco, com 45 mil habitantes, na microrregião Noroeste do Espírito Santo, onde nos últimos anos nasceu uma nova era econômica com a produção de granito, tem a maior proporção de moradores em favela dentre todos os municípios capixabas: 25%, ou seja, uma a quatro pessoas da cidade mora em favela, resultado de ocupação desordenada de regiões vulneráveis feita algumas décadas atrás.
Essa população está distribuída em 13 comunidades típicas, espalhadas principalmente pela sede do município. Outros destaques são Serra (22%), Colatina (21%), Cachoeiro (20%), São Mateus (19%), Pancas (17%) e Ecoporanga (15%).
No Espírito Santo, 598.377 pessoas residem em favelas e comunidades urbanas, o equivalente a 15,6% da população, superando a média nacional, que é de 8,1%. O Estado é o nono do País com mais gente morando nessas comunidades.
Esses locais são definidos pelo IBGE com diversos critérios, como a insegurança jurídica da posse, precariedade de serviços públicos, edificações e infraestrutura feitos pela própria comunidade e localização em área restrita à ocupação.
O levantamento ainda revela que 49 dos 78 municípios capixabas – quase 63% — têm favelas ou comunidades urbanas, totalizando 254.190 domicílios, sendo 215.957 particulares, permanentes e ocupados.
No Estado, predominam as favelas e comunidades menores, com até 500 domicílios, totalizando 66,3%. Outros 22,7% têm mais de 500 e menos de mil domicílios, enquanto 11% das favelas e comunidades têm mil domicílios ou mais.
Barramares, com 9,2 mil moradores, na Grande Terra Vermelha, em Vila Velha, é a maior favela do Espírito Santo. Novo Horizonte e Vila Nova de Colares, com 8,8 mil moradores cada, vêm em seguida e estão na Serra.

ROCINHA: MAIOR QUE 67 MUNICÍPIOS DO ES
A Rocinha, no Rio de Janeiro, maior favela do Brasil, com pouco mais de 72 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem população maior do que 67 municípios do Espírito Santo. Só perde para Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Cachoeriro, Linhares, São Mateus, Guarapari, Colatina, Aracruz e Viana.
Na verdade, se fizermos outro recorte, vamos encontrar que não apenas a Rocinha, mas as oito maiores favelas brasileiras (duas em São Paulo, duas no Rio de Janeiro, duas em Manaus, uma em Brasília e outras em São Luís do Maranhão) são maiores dos que 67 municípios capixabas.
O Brasil tinha, em 2022, 16,4 milhões de seus habitantes morando em favelas e comunidades urbanas em 656 municípios, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta sexta-feira (8).
O levantamento mostrou que o contingente de 16.349.928 pessoas, cerca de 8% da população brasileira, se distribui em 12.348 dessas comunidades pelo país, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com quase metade das favelas no Sudeste do país (48,7%).
Embora o instituto não indique uma comparação direta por causa de melhorias no recenseamento, os dados captados em 2010 indicavam 11.425.644 residentes em favelas, —cerca de 6% da população do país naquele ano— em 6.329 desses territórios.
As 20 maiores favelas em população
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Rocinha – Rio de Janeiro (RJ) – 72.021 moradores
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Sol Nascente – Brasília (DF) – 70.908 moradores
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Paraisópolis – São Paulo (SP) – 58.527 moradores
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Cidade de Deus/Alfredo Nascimento – Manaus (AM) – 55.821 moradores
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Rio das Pedras – Rio de Janeiro (RJ) – 55.653 moradores
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Heliópolis – São Paulo (SP) – 55.583 moradores
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Comunidade São Lucas – Manaus (AM) – 53.674 moradores
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Coroadinho – São Luís (MA) – 51.050 moradores
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Baixadas da Estrada Nova Jurunas – Belém (PA) – 43.105 moradores
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Beiru / Tancredo Neves – Salvador (BA) – 38.871 moradores
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Pernambués – Salvador (BA) – 35.110 moradores
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Zumbi dos Palmares/Nova Luz – Manaus (AM) – 34.706 moradores
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Santa Etelvina – Manaus (AM) – 33.031 moradores
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Baixadas da Condor – Belém (PA) – 31.321 moradores
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Colônia Terra Nova – Manaus (AM) – 30.142 moradores
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Jacarezinho – Rio de Janeiro (RJ) – 29.766 moradores
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Vila São Pedro – São Bernardo do Campo (SP) – 28.466 moradores
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Cidade Olímpica – São Luís (MA) – 27.326 moradores
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Chafik / Macuco – Mauá (SP) – 26.835 moradores
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Grande Vitória – Manaus (AM) – 26.733 moradores
As 20 maiores favelas por domicílio
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Rocinha – Rio de Janeiro (RJ) – 30.371 domicílios ocupados
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Rio das Pedras – Rio de Janeiro (RJ) – 23.846 domicílios ocupados
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Sol Nascente (ARIS – Sol Nascente) – Brasília (DF) – 21.889 domicílios ocupados
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Paraisópolis – São Paulo (SP) – 21.442 domicílios ocupados
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Heliópolis – São Paulo (SP) – 20.205 domicílios ocupados
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Coroadinho – São Luís (MA) – 16.741 domicílios ocupados
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Cidade de Deus/Alfredo Nascimento – Manaus (AM) – 15.872 domicílios ocupados
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Beiru / Tancredo Neves – Salvador (BA) – 15.618 domicílios ocupados
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Comunidade São Lucas – Manaus (AM) – 15.469 domicílios ocupados
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Pernambués – Salvador (BA) – 14.649 domicílios ocupados
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Baixadas da Estrada Nova Jurunas – Belém (PA) – 13.077 domicílios ocupados
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Jacarezinho – Rio de Janeiro (RJ) – 10.936 domicílios ocupados
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Vila São Pedro – São Bernardo do Campo (SP) – 10.273 domicílios ocupados
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Zumbi dos Palmares/Nova Luz – Manaus (AM) – 9.720 domicílios ocupados
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Baixadas da Condor – Belém (PA) – 9.638 domicílios ocupados
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Santa Etelvina – Manaus (AM) – 9.301 domicílios ocupados
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Jardim Oratório – Mauá (SP) – 9.189 domicílios ocupados
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Chafik / Macuco – Mauá (SP) – 9.158 domicílios ocupados
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Cidade Olímpica – São Luís (MA) – 8.923 domicílios ocupados
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Colônia Terra Nova – Manaus (AM) – 8.692 domicílios ocupados
Assim como a concentração da quantidade de favelas, o Sudeste do país também abriga 43,4% dessa população, com 7,1 milhões de habitantes, com mais da metade vivendo no estado de São Paulo. Em seguida, na comparação entre as grandes regiões, estão o Nordeste (28,3%), o Norte (20%), o Sul (5,9%) e o Centro-Oeste (2,4%).
Na divisão por unidades da federação, São Paulo (3,6 milhões), Rio de Janeiro (2,1 milhões), Pará (1,5 milhão) e Bahia (1,4 milhão) somam pouco mais da metade da população em favelas do país.
A maior do Brasil, segundo o Censo 2022, é a Rocinha, na zona sul do Rio, com 72.021 moradores, seguida pela Sol Nascente, em Brasília (DF), com 70.908 habitantes, e Paraisópolis, na capital paulista, com 58.527.
A favela carioca também é a maior do Brasil em número de domicílios particulares permanentes ocupados, que são 30.371. Neste tipo de comparação, em segundo lugar está Rio das Pedras, também no Rio de Janeiro, com 23.846 destes domicílios, e em terceiro, Sol Nascente, com 21.889.
Esses casos são excepcionais, já que 72,5% das favelas e comunidades urbanas no Brasil têm até 500 domicílios, segundo o IBGE. A maioria desses locais, que são 6.556.998 em todo o país, é de casas (93,3%), e apenas 2,8% são apartamentos.
Entre os 656 municípios mapeados no levantamento, a cidade de São Paulo tem o maior número de habitantes, com 1.728.265 vivendo em favelas, sendo Paraisópolis a maior delas, com 58.527 habitantes, que superou Heliópolis, com 55.583 moradores. Ao todo, 15% dos paulistanos moram nesses territórios.
A cidade com a maior proporção, no entanto, é a amapaense Vitória do Jari, a cerca de 300 km da capital do estado, que tem 7.819 de seus 11.291 habitantes vivendo em favelas.
BELÉM DO PARÁ
O IBGE também fez um recorte por grandes concentrações urbanas, que têm população acima de 750 mil habitantes. Ele inclui tanto municípios isolados como regiões metropolitanas.
Nessa divisão, a concentração urbana de que Belém, que receberá a COP (a conferência da ONU sobre as mudanças climáticas) em 2025, tem 57% de sua população, ou 1,1 milhão de habitantes, vivendo em favelas. Já Manaus tem 55,8% de habitantes nesses territórios, e Salvador, 34,9%.
A maior, em números absolutos, é a concentração urbana de São Paulo, com 2.954.633 de habitantes, sendo 14,3% da população total.
Em janeiro, o instituto anunciou o uso da expressão favela para denominar essas áreas. Em estudos anteriores, o IBGE vinha usando “aglomerados subnormais”. A classificação é guiada por critérios de insegurança jurídica da posse, ausência ou oferta precária ou incompleta de serviços públicos, padrões urbanísticos fora da ordem vigente e ocupação de áreas com restrição.
Parte da explicação para a grande diferença no número de favelas registradas pode estar na mobilização dentro dessas comunidades para auxiliar o trabalho dos recenseadores, feita por meio do projeto Favela no Mapa, parceria entre a Cufa (Central Única das Favelas), o Instituto Data Favela, e o IBGE.
Para ele, além da mobilização, o Censo 2022 foi uma operação mais longa, atrasada por causa da pandemia e dificultada por questões de orçamento.
Por outro lado, o aumento na quantidade mapeada de população e de favelas também é reflexo de um período de crise econômica nos anos 2010, com aumento do desemprego, além dos impactos da pandemia, segundo Meirelles.
Também nesta sexta, o MapBiomas divulgou dados do crescimento territorial de cidades brasileiras, que também apontam a expansão de favelas a um ritmo anual de 2.760 hectares de 1985 a 2023. Isso significa que a cada quatro anos elas crescem o equivalente a uma cidade como Lisboa, em Portugal.
“O aumento da área ocupada por favelas explica o aumento na mesma proporção do número de favelas”, afirma o geógrafo Julio Pedrassoli, da equipe de mapeamento de áreas urbanas do MapBiomas.
No Norte e no Nordeste, os índices são, respectivamente, de 41 e 69 no total da população, e de 38 e 51 entre os moradores de favelas. (Da Redação com Folha de São Paulo)
Destaques
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O Censo 2022 encontrou 12.348 Favelas e Comunidades Urbanas, onde viviam 16.390.815 pessoas, o que equivalia a 8,1% da população do país. Em 2010, foram identificadas 6.329 Favelas e Comunidades Urbanas, onde residiam 11.425.644 pessoas, ou 6,0% da população do país naquele ano.
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Entre as 12.348 Favelas e Comunidades Urbanas do país, a Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), era a mais populosa (72.021 moradores), seguida por Sol Nascente, em Brasília (DF), com 70.908 habitantes; Paraisópolis, em São Paulo (SP), com 58.527 pessoas e Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, em Manaus (AM), com 55.821 moradores.
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Entre as vinte Favelas e Comunidades Urbanas mais populosas do País, oito estavam na Região Norte (sete delas em Manaus), sete no Sudeste, quatro no Nordeste e somente uma (Sol Nascente) no Centro-Oeste.
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As unidades da federação com as maiores proporções de sua população residindo em Favelas e Comunidades Urbanas eram Amazonas (34,7%), Amapá (24,4%) e Pará (18,8%).
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Rio das Pedras é a segunda favela do país em número de domicílios (23.846 domicílios), precedida por Rocinha (30.371 unidades) e seguida por Sol Nascente (21.889 domicílios).
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A população das favelas era mais jovem que a do país como um todo. A idade mediana da população do país era 35 anos e, nas Favelas e Comunidades Urbanas, 30 anos. Já a distribuição por sexo da população das Favelas era praticamente a mesma do país.
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O índice de envelhecimento nas Favelas e Comunidades era 45,0, ou seja, existiam 45 idosos (60 anos ou mais) para cada 100 crianças de 0 a 14 anos, bem menor que o da população do país (80,0 idosos para cada 100 crianças).
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As proporções de pardos (56,8%) e pretos (16,1%) na população das Favelas e Comunidades Urbanas era superior aos percentuais observados na população total (respectivamente 45,3% e 10,2%). Por outro lado, a proporção das pessoas brancas na população do país (43,5%) era bastante superior ao percentual observado na população das Favelas e Comunidades Urbanas (26,6%).
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Entre os 958.251 estabelecimentos encontrados pelo Censo 2022 nas Favelas e Comunidades Urbanas, 7.896 eram de ensino, 2.792 eram de saúde e 50.934 eram estabelecimentos religiosos. Proporcionalmente, nas Favelas e Comunidades Urbanas havia 18,2 estabelecimentos religiosos para cada estabelecimento de saúde e 6,5 estabelecimentos religiosos para cada estabelecimento de ensino.
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