A ferrovia Bahia-Minas deve ser reconstruída e reativada, após 57 anos. A estrada, imortalizada na canção “Ponta de Areia”, de Milton Nascimento, foi criada em 1881 em parceria entre os dois estados e desativada em 1966 por não garantir mais o lucro esperado no transporte de madeira e café. “A ferrovia deve passar pelas mesmas cidades, só que o trajeto deverá ser diferente. Afinal, não tem como a estrada de ferro passar na sede dos municípios como acontecia antigamente”, conta o consultor da Multimodal Caravelas (MTC) S.A, Fernando Cabral, em reportagem do Diário do Comércio (BH), assinada pela jornalista Juliana Gontijo.
A empresa, com sede em Belo Horizonte, recebeu a autorização para a construção e exploração da estrada de ferro, que fará a ligação entre Caravelas, no litoral sul baiano, e Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, pelo prazo de 98 anos. A informação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no mês passado. A empresa está elaborando o projeto que será apresentado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A ferrovia deve ter cerca de 500 quilômetros. A perspectiva é que a fase de projeto e de licenciamento ambiental leve cerca de dois anos. O investimento, conforme Cabral, está na casa dos R$ 8 bilhões e deve contar com o suporte de investidores europeus e asiáticos.
Conforme Cabral, além do transporte de cargas, existe a possibilidade de haver o transporte de passageiros na ferrovia. “O transporte ferroviário é uma importante alternativa num País que está com a frota envelhecida e estradas sucateadas”, diz. Ele observa que já há perspectivas de negócios no Norte de Minas, em especial, em Salinas, com o transporte de minerais.
O traçado da Ferrovia Bahia-Minas cruza, em Teófilo Otoni (MG), com o traçado proposto pela Petrocity Ferrovias para a Estrada de Ferro Juscelino Kubtscheck, entre Brasília (DF) e Barra de São Francisco (ES) e daí até São Mateus (ES), numa combinação de complexo com outra estrada de ferro projetada pelo grupo, a Minas-Espírito Santo, saindo de Ipatinga (MG).
Desde novembro não há atualizações do Grupo Petrocity sobre os seus projetos – antes, assinou quatro contratos de autorização de ferrovias com o Ministério dos Transportes, com prazo de três anos para a licença prévia, cinco para licença de instalação e dez anos para operação. Naquela ocasião, a empresa anunciou a contratação da empresa Euromax para elaboração o plano de viabilização financeira do complexo.
A respeito do projeto de reativação da Bahia-Minas, o presidente da Petrocity Ferrovias, José Roberto Barbosa da Silva, disse que em nada impacta os planos da empresa: “Não impacta em nada. Os projetos da Petrocity têm estudos e traçados próprios, que comprovaram a sua viabilidade. Que os demais garantam as suas viabilidade econômica, financeira e ambiental. Espero que todos consigam, assim o Brasil implantará o seu grid ferroviário”.
SALINAS
Na semana passada, representantes da MTC estiveram em Salinas para apresentar e debater a construção da ferrovia Bahia-Minas. A proposta é que possa ser feita a extensão da ferrovia, incluindo o município de Salinas no empreendimento.
Não é de hoje que se fala em retomar o empreendimento. O assunto chegou a ser tratado em audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Nanuque, no Norte de Minas, em junho do ano passado.
Cabral explica que a Multimodal Caravelas tem planos de oferecer serviços logísticos que contemplem a estrada de ferro Bahia-Minas, além do porto e aeroporto, em Caravelas. Também está incluída a implantação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
A análise do consultor da MTC vai de encontro com a posição do ministro dos Transportes, Renan Filho. No começo do ano, ele disse que o transporte contínuo em rodovias é insustentável e o caminho para resolver isso é a ampliação da malha ferroviária, defendendo a participação da iniciativa privada nesse processo.
Em seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo, em janeiro deste ano, Renan Filho disse que as estradas do país estão sobrecarregadas e os investimentos nelas são insuficientes. De acordo com ele, o ministério buscará ampliar a participação das ferrovias como matriz do transporte junto com a iniciativa privada.
ENCONTRO EM NANUQUE
Na tarde da última terça-feira (03), o prefeito Gilson Coleta recebeu o presidente da MTC Caravelas, Divino Passos, o consultor Fernando Cabral e o ex-deputado estadual João Leite, e recebeu sugestões para adequações de leis que possam adiantar a implantação da ferrovia Bahia Minas.
O consultor Fernando Cabral apresentou como sugestão uma lei aprovada no município de Caravelas, também entregou uma pauta para estudo e aprovação em Nanuque. “Nós estamos percorrendo todos os municípios que serão beneficiados com a volta da Bahia Minas, a parte ambiental carece de um estudo e desprendimento de todos, para que fique tudo pronto logo, sabemos das dificuldades, porém estamos prontos para auxiliar no que for imprescindível. Se houver a necessidade de realizar alguma indenização, será por conta na MTC – Multimodal Caravelas S/A., os municípios não acaram com nada”, relatou Cabral, segundo o jornal Em Tempo.
O presidente da Multimodal Caravelas, Divino Passos, falou sobre a perspectiva de prazo para o início e término da obra. “Se tudo ocorrer dentro do previsto, com a liberação ambiental, o início será em no máximo três meses e o término previsto em dois anos. A maior demora será a licença ambiental, porém não será necessário o EIA/RIMA, somente a licença ambiental, adianta em muito o processo”, disse Divino.
O prefeito Gilson Coleta, agradeceu a presença de todos e disse que acredita e confia no retorno da Bahia Minas, “sempre confie neste projeto desde o seu início, estive em várias audiências, Nanuque vai fazer a sua parte no que for possível para o início da reconstrução da ferrovia”, relatou Coleta.
Em fevereiro, a Multimodal Caravelas (MTC) S.A, com sede em Belo Horizonte, recebeu autorização para a construção e exploração da ferrovia que religará Caravelas, no litoral sul da Bahia, a Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha de Minas Gerais, pelo prazo de 98 anos. A empresa está elaborando o projeto que será apresentado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O traçado original da ferrovia tem cerca 578 quilômetros e a perspectiva é que a fase de projeto e licenciamento ambiental leve cerca de dois anos. O investimento estimado é de R$ 12 bilhões, com suporte de investidores europeus e asiáticos.
Além do transporte de cargas, há a possibilidade de transporte de passageiros na ferrovia. “O transporte ferroviário é uma importante alternativa num País que está com a frota envelhecida e estradas sucateadas”, diz Fernando Cabral, consultor da MTC. Ele observa que já há perspectivas de negócios no Norte de Minas, em especial em Salinas, com o transporte de minerais.
Representantes da MTC estiveram em Salinas no último dia 17 para apresentar e debater a construção da ferrovia Bahia-Minas. A proposta é que possa ser feita a extensão da ferrovia, incluindo o município no empreendimento.
O representante da empresa disse ainda que a ferrovia deve passar pelas mesmas cidades, só que o trajeto deverá ser diferente, pois não há possibilidade de o traçado passar pelas sedes dos municípios como acontecia antigamente. “Hoje é praticamente inviável, passar com uma locomotiva com 100 vagões por dentro de uma cidade, antigamente elas puxavam 8 vagões e não tínhamos tantos veículos. Cada cidade deverá sugerir qual local que atende melhor no desenvolvimento do município”, finalizou Fernando Cabral.
A Multimodal Caravelas informou que tem planos de oferecer serviços logísticos que contemplem a estrada de ferro Bahia-Minas, além do porto e aeroporto em Caravelas. Também está incluída a implantação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
O assunto já foi tratado em audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Nanuque, em junho do ano passado.
Um dos objetivos da reativação da Bahia-Minas é o transporte de eucalipto até a fábrica da Suzano em Mucuri. Os Vales do Jequitinhonha e Mucuri e o Norte de Minas possuem grandes áreas de cultivo da árvore, usada na produção de celulose.
Outro produto que pode ser transportado pela ferrovia é o lítio. Atualmente, a Sigma Lithium, da boutique A10 Investimentos, investe pesado na construção de uma planta de extração entre os municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, para produzir lítio de alta pureza, usado na produção de baterias. A expectativa é chegar à produção de 220 mil toneladas por ano de concentrado de lítio. O produto iria até Caravelas e de lá seguiria para Ilhéus, de onde pode ser exportado.
O turismo também poderá ser fomentado com a reativação da Bahia-Minas. Há a expectativa que haja trens ou vagões de passageiros, incrementando as atrações turísticas das regiões cortadas pela ferrovia. “Isso só será possível após os investimentos aplicados retornar e iniciarmos novos investimentos para atender o turismo”, relatou Divino.
Num comentário, o leitor Paulo Barbosa disse que o projeto irá ressuscitar o sonho de Teófilo Otoni, “um homem de visão, bem à frente de sua época, que construiu esta ferrovia e por diversos motivos foi praticamente boicotado na época e fundou a cidade de Filadélfia , hoje Teófilo Otoni, maior cidade do Nordeste do estado”. (Da Redação com informações do Diário do Comércio e do Jornal Em Tempo)
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