Quanto você imagina que seja o valor da quantidade recorde de cocaína apreendida por autoridades federais no Porto de Vitória? Ja pensou em ganhar sozinho um prêmio acumulado ds Mega-Sena? Pode multiplicar por três ou quatro.
A operação conjunta da Polícia Federal, da Receita Federal e da Capitania dos Portos no último domingo (5), no Porto de Vitória, impôs ao narcotráfico internacional um prejuízo milionário em dólares e bilionário em reais, o que, entretanto, está longe de ameaçar o equilíbrio financeiro do negócio ilícito.

Foi o maior volume apreendido em uma única vez no Espírito Santo: 1.594kg acondicionados em 52 fardos, num compartimento de um navio de origem italiana que estava desembarcando automóveis e em seguida seguiria para Hamburgo, na Alemanha.
Essa apreensão coloca Vitória, definitivamente,, na rota do tráfico internacional de drogas. Antes, já haviam sido feitas apreensões importantes, com a descoberta da atuação de um mergulhador espanhol, que acabou preso no porto de Santos (SP).
A preço de mercado europeu, o prejuízo para a organização criminosa responsável pela droga pode chegar a 300 milhões de euros (em torno de R$ 1,5 bilhão), de acordo com estimativa de valor da droga no velho continente feita por especialista em reportagem da Folha de São Paulo.
APREENSÕES EM ALTA
As apreensões de cocaína no bloco europeu não param de crescer, de acordo com o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT).
“Os volumes excepcionalmente grandes de apreensão indicam um fluxo crescente de cocaína que agora ameaça toda a União Europeia”, alertou em fevereiro deste ano o diretor do observatório europeu OEDT, Alexis Goosdeel.
Em 2010, a polícia apreendeu 100 toneladas de cocaína no continente. Dez anos mais tarde, o total já tinha mais do que dobrado.
O mercado da cocaína é bilionário. O OEDT estima que o comércio da droga gire em torno de US$ 10,5 bilhões (o equivalente a R$ 56,8 bilhões) apenas na Europa.
“A cocaína é uma das mercadorias que mais se valorizam no mundo nessa cadeia de valores. Um quilo de cocaína que sai por cerca de US$ 300 da Colômbia, quando chega na Europa, esse quilo vai valer de US$ 70 mil a US$ 180 mil”, aponta o professor da SciencesPo.
DOS ANDES À UNIÃO EUROPEIA
A maior parte dessa cocaína é cultivada nos países andinos: Colômbia, Peru e Bolívia, aponta o relatório mais rercente do mercado mundial de drogas publicado pelo Escritório das Nações Unidas de Combate às Drogas e ao Crime.
Mas, das áreas de produção até o consumidor final europeu, o trajeto é longo e passa, frequentemente, pelos portos do Equador e do Brasil.
O Brasil é um entreposto neste fluxo, aponta a socióloga Vianna Pinho. No caminho brasileiro, a cocaína costuma entrar no país em pequenos aviões e é levada até os portos por caminhões, de acordo com informações da Polícia Federal na Europol.
Na tentativa de fugir da fiscalização e ampliar seus lucros, as organizações criminosas multiplicam os caminhos e as estratégias de envio da droga.
As maiores apreensões ainda acontecem no porto de Santos, em São Paulo, informa a reportagem, mas a cada ano cresce o volume apreendido em Paranaguá (PR), Salvador (BA) e no Rio de Janeiro (RJ). Vitória e outros portos capixabas começam a ter destaque nessa lista.
AUMENTO DE OFERTA E DE CONSUMO
O crescimento da oferta do pó branco na Europa tem reduzido seu preço para o consumidor final. Essa diminuição de custo tem consequências para o aumento do consumo, aponta o sociólogo Gabriel Feltran.
Segundo o observatório OEDT, 3,5 milhões de europeus entre 15 e 64 anos dizem ter usado a droga nos últimos 12 meses. E mais de 14 milhões afirmam já ter consumido cocaína durante a vida. (Da Redação com Folha de São Paulo)
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