Capa: Walter Salles com a estatueta Oscar. Foto: Frederic J. Brown / AFP
Pastor integrante da equipe da Igreja Batista da Água Branca (Ibab), em São Paulo, o capixaba Kenner Terra usou uma abordagem socioteológica para registrar a conquista do Oscar 2025 pelo filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”.
Para o líder religioso, cuja última atuação no Espírito Santo foi na Igreja Batista da Praia do Canto, em Vitória, “criação e criatividade são parte da imago dei (imagem de Deus) em nós“.
“Cada cultura expressa essas imagens com seus tons, cores, ênfases e formas. Nosso cinema, com sua própria identidade, contando nossa história e confessando nosso pecado, honrou a Deus com brasilidade”, diz o teólogo protestante.
Em seu perfil no Instagram (@kenner.terra), o pastor Kenner Terra diz que “no texto bíblico, Deus é criador e nos convida a partilhar de sua criatividade, que é bela, justa e boa”.
Sobre a estatueta de “Melhor Filme Internacional” conquistado pelo filme dirigido por Walter Salles, tendo Fernanda Torres, filha de capixaba, e Selton Mello como protagonistas, Kenner Terra afirma:
“Ainda Estou Aqui fez história e colocou e colocou a arte brasileira no lugar que é de direito. Walter Salles, com a estatueta erguida, honrou a memória de um povo cuja criatividade e sensibilidade dão vida a estéticas que, a despeito das mais duras realidades, faz o cotidiano possível”.
Ao fechar sua postagem, Kenner Terra brada “viva a arte brasileira” e faz uma proclamação que é um dos pilares históricos do protestantismo cristão: “Soli Deo gloria“, expressão em latim para “somente a Deus a glória”
SOBRE O FILME
“Ainda Estou Aqui” ganhou quatro dezenas de prêmios internacionais e, no Oscar, considerada a premiação mais impressionante do cinema mundial, ganhou a estatueta inédita de “Melhor Filme Internacional”.
A “película”, para lembrar tempos pré-digitas nas salas de cinemas que eram símbolos da cultura de um povo, ainda concorreu na categoria de “Melhor Filme” e de melhor atriz com Fernanda Torres.
A atriz, filha de Fernanda Montenegro e do capixaba Fernando Torres (falecido), ícones da dramaturgia nacional, deu vida a Eunice Paiva, viúva do ex-deputado carioca Rubens Paiva, morto nos porões da ditadura militar brasileira em 1971, no governo do general Emílio Garrastazu Medici.
O filme retrata a luta de uma esposa e mãe, que não apenas tem que dar conta da criação, sozinha, dos quatro filhos, mas que luta, incansavelmente, pela resposta ao desaparecimento de seu marido.
O filho, Marcelo Rubens Paiva, torna-se escritor. Seu primeiro livro (“Feliz Ano Velho”) abre a porta para esse novo mundo. E publica, em 2015, “Ainda Estou Aqui”, que dá origem ao filme laureado.
“Minha mãe atuou muito mais contra a ditadura do que meu pai”, explicou o autor numa entrevista ao Jornal O GLOBO na semana do lançamento do livro, em julho de 2015. (José Caldas da Costa, Da Redação da Tribuna Norte-Leste)
Comente este post