Weber Andrade *
As placas de carros são quase tão antigas quanto o próprio automóvel. O primeiro registro de controle dos veículos é da França, em 1893. No entanto, até hoje não há uma padronização entre os países.
Na maioria dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento as placas já não trazem mais o nome do município onde o veículo foi emplacado. Em outros, como os Estados Unidos e o Canadá, por exemplo, constam apenas os nomes dos Estados, ou Províncias.
O arquiteto Júnior Borém, mineiro radicado em Barra de São Francisco, não esconde sua insatisfação com o modelo de placas implantado no Brasil, o chamado Padrão Mercosul. Ele reclama que o novo modelo facilita a ação de bandidos e volta e meia cria polêmica nas redes sociais.
“Quando carros estranhos, com gente estranha, estiverem pela sua cidade, você não tem nem mais referência, se são de qual cidade e Estado. Podem, às vezes, ser até gente ruim quanto gente boa. É até um risco. Bandidos irão achar ótimo. Qual era a placa do carro? Do “Brasil”. Aff, que ideia mais idiota de tirar os nomes das cidades das placas dos veículos. Retrocesso total.”
A indignação de Borém encontra eco em muitos motoristas brasileiros que também preferiam “saber” de onde é esse ou aquele veículo que circula pela sua cidade.
Na verdade, essa indignação só cabe em cidades do interior, de pequeno porte. Até em Barra de São Francisco, que já conta com mais de 20 mil veículos, fica difícil identificar, como antigamente, quem é o dono do veículo, se é da cidade ou não.
O que dizer então, de cidades de grande porte, como Vitória, Serra, para ficar no Espírito Santo? Será que faz diferença para quem mora e circula por lá, saber se a placa é de algum “estranho”?
O objetivo do Padrão Mercosul
Em dezembro de 2018, começou a ser implantado no Brasil o padrão de placas veiculares do Mercosul, que já era utilizado no Uruguai e na Argentina.
Somente os veículos novos (0 km), transferidos de município ou propriedade precisam realizar a troca de placa obrigatoriamente, enquanto os veículos já emplacados podem circular com o modelo anterior, desde que não se enquadrem nas situações de mudanças descritas acima.
Um detalhe que pouca gente sabe, as placas Mercosul têm 4 letras e 3 números, mas uma das letras fica sempre depois do primeiro número e também significa um número de 1 a 9, ou seja A (1), B (2), C (3), D (4), E (5), F (6), G (7), H (8) e I (9).
Assim a placa GXS 2I06, que aparece na foto principal da matéria pode ser lida como GXS 2906. Notem ainda que o 0 tem um corte lateral para diferencia-lo do O.

Inspirado no padrão utilizado pela União Europeia, este modelo tem por objetivo formar um banco de dados único dos países do Mercosul, que auxilia no controle de fronteiras, circulação de veículos em outros países e localização de carros roubados ou clonados, já que cada placa possui um chip de identificação.
Visualmente, as placas do Mercosul possuem cores diferenciadas para cada tipo de veículo (particular, comercial, oficial, diplomático, etc…), mantendo um fundo branco em todas elas. O que se altera em cada categoria de placa é a cor das letras e dos números e as margens.
De início tinham os brasões das cidades e Estados. Porém, com a retirada dos brasões, a placa do veículo permanecerá a mesma por toda a sua vida útil, sem a necessidade de mudança da chapa ou dos brasões de cidade ou Estado.
o objetivo das placas padrão Mercosul foi, desde o início, adotar um modelo mundial de identificação veicular, proporcionar mais agilidade por parte da polícia e segurança a todos.
A adoção dos brasões de cidade e Estado, de acordo com os órgãos responsáveis, serviria para manter a arrecadação de impostos, como o Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA).
A argumentação, no entanto, se mostra falha, já que a responsabilidade pela propriedade do veículo se dá pela documentação de posse do proprietário, a qual, por determinação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), deve ocorrer junto ao órgão executivo de trânsito do Estado, no Município de domicílio ou residência de seu proprietário (Artigo 120).
O Denatran alegava, também, que os Estados e Municípios têm paixão pelo fato das placas dos veículos, ao transitar, carregarem os seus nomes para outras localidades. Argumento que não se sustenta de forma prática ou técnica, uma vez que com a utilização das placas padrão Mercosul – que são equipadas com um chip – qualquer leitor pode obter as informações em relação ao veículo.
Portanto, exceto pela peculiaridade do provincianismo que ainda cerca a cultura brasileira, a placa Padrão Mercosul, embora mais cara do que a anterior, se torna, no médio e longo prazo, mais econômica e traz maior segurança para todos.
Placas pelo Mundo

Cada país adota o seu sistema e sua cultura fica bem evidente nas placas. No México, por exemplo, não há só cores diferentes para as categorias, cada Estado tem um design próprio; você encontra monumentos turísticos, figuras importantes e brasões desenhados nas placas.
Em veículos estadunidenses acontece quase a mesma coisa. Todos os Estados contam com designs distintos, com algum símbolo que os representam e, mesmo que você troque de carro, a placa continuará sendo a mesma, mais ou menos como acontece aqui no Brasil com os celulares, depois da portabilidade.

As placas também não se restringem ao padrão de números e letras: se você quiser personalizar seu carro, pode cadastrar o nome que quiser na placa, com ou sem números (respeitando o limite de caracteres) e ele será identificado da mesma forma que as placas tradicionais. Os torcedores fanáticos por basquete, baseball e futebol americano geralmente colocam algo em referência ao time que torcem.
*Com Auto Esporte, Quatro Rodas e Wikipédia
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