Dia desses li um relatório intitulado “Um Pesadelo para Trabalhadores”, relativo às condições sob as quais são produzidos alguns brinquedos. A fonte de dados: quatro grandes empresas transnacionais que operam na China.
Apurou-se que os escravos, digo, os trabalhadores destas impolutas empresas recebem menos de um Euro por hora. Resolvi fazer algumas contas e cheguei a uns sete Euros por uma jornada de trabalho de oito horas. Como eles trabalham seis dias por semana, receberão por cada uma delas algo em torno de 42 Euros (em torno de R$ 250,00).
A “saída” para melhorar os rendimentos são as horas extras – 175 por mês em média, ultrapassando umas cinco vezes o limite legal. Apurou-se que nos momentos de maior produção as jornadas chegam a 11 horas diárias – lembrando sempre serem seis dias por semana.
A investigação revelou, igualmente, que faltam equipamentos básicos de segurança, considerado o manuseio de produtos químicos altamente nocivos para a saúde – as consequências vão de envenenamentos até leucemia.
Como a maioria dos escravos, digo, trabalhadores, vem do interior, a possibilidade de uma moradia digna é remota, considerado o “salário” que recebem – assim, sujeitam-se a dividir uma senzala, digo, um quarto, com em média outros sete infelizes. Algumas dessas dependências sequer de água quente dispõem.
A maior partes destes escravos, digo, trabalhadores, são mulheres na faixa dos 45 anos de idade, reputadas mais dóceis e preocupadas com seus filhos. Os “contratos de trabalho” são assinados em branco.
Aos resultados: uma boneca feita ali é vendida por 39 Euros na Europa. O custo de produção: 16 Euros. O que recebe por ela cada escravo, digo, trabalhador: 0,01 Euro.
Foram empresas assim que destruíram, aniquilaram, arrasaram e massacraram larga parte do parque industrial brasileiro. Foi por conta delas que muitos brasileiros perderam seus empregos. Dizem alguns ter sido obra de uma certa “globalização”. Isto não é verdade. Afinal, sem que haja competição justa não se pode falar em globalização – apenas em exploração pura e simples.
Dizem alguns que em 1888 lançou-se na ilegalidade a escravidão. Será que esta, por vias oblíquas, ainda não está a ser praticada em solo tupiniquim? Afinal, que estranho país seria este que declara-se inimigo da escravidão, mas não do que esta produz?
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