Pedro Valls Feu Rosa*
Não faz muito tempo seis estudantes japoneses viajaram de férias para a Itália acompanhadas por dois instrutores. Em Florença, visitando a bela Catedral Santa Maria del Fiore, decidiram escrever seus nomes em um pedaço de parede.
Poucos meses depois um outro turista japonês, visitando a mesma catedral, notou os pequenos ideogramas japoneses. Decidiu fotografá-los. Voltando ao Japão enviou para o colégio daquelas seis estudantes as imagens do que reputou um ato de vandalismo. Tive a oportunidade de acompanhar, através da leitura diária dos jornais Japan Today e Asahi, o incrível desfecho deste episódio.
Dois dos maiores jornais e uma rede de televisão daquele país exigiram a imediata identificação dos vândalos. Três alunas foram imediatamente identificadas e receberam dois meses de suspensão como penalidade. A direção do Colégio pediu desculpas à administração da catedral e perguntou se poderia enviar as alunas a fim de que elas removessem seus nomes da parede – o que, polidamente, os italianos recusaram.
As três outras alunas, identificadas logo a seguir, se viram frente a uma pena de expulsão. Em seguida chegou-se ao professor que acompanhava o grupo, o qual foi imediatamente suspenso de suas atividades e acabou frente a uma pena de demissão.
Chamou-me a atenção neste episódio a posição clara e firme das autoridades, da imprensa e da população – repudiaram, sob o título de “vândalos”, aquelas alunas e o professor, recriminando-os por terem ofendido seus hóspedes e arranhado a imagem nacional no exterior.
O Japão não é um país perfeito. Tem lá suas graves falhas por corrigir. Mas não se pode negar que neste episódio deixou uma bela lição. E assim porque aqui no Ocidente é diferente – até com crimes. Viajantes são com freqüência identificados fazendo turismo sexual pelo mundo afora – Brasil incluído – e fica tudo por isso mesmo. Outros, após atropelarem e matarem pedestres, voltam às pressas para seus países – Brasil incluído – em busca de uma vergonhosa impunidade.
O fato é que deveriam os países, no mínimo, confiscar os passaportes daqueles que os desonram cometendo crimes no exterior e atraindo sobre seus compatriotas discriminações humilhantes. Afinal, como dizia Goethe, “o procedimento é um espelho em que cada um mostra a sua própria imagem”.
*O desembargador Pedro Valls Feu Rosa é articulista de diversos jornais com artigos publicados em diversos Estados da Federação, além de outros países como Suíça, Rússia e Angola.
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