*José Caldas da Costa
Uma fonte me revela que o ex-prefeito Amadeu Boroto, em sua primeira eleição, “estava perdendo feio” na pesquisa divulgada três dias antes da votação. Abertas as urnas, estava consagrado pelo voto popular em São Mateus, uma das cidades mais importantes do interior do Espírito Santo e, dentre as maiores, seguramente, a mais estacionada em desenvolvimento socioeconômico.
A TRIBUNA NORTE-LESTE reproduziu em seu sítio eletrônico, poucas horas depois de divulgada pela Folha Vitória nesta sexta-feira(20), a pesquisa da Futura 100% Cidades, realizada em São Mateus, e, neste sábado(21), publicou também a pesquisa da Flex Consultoria & Assessoria, devidamente registrada no Tribunal Superior Eleitoral.
Leitores atentos observaram a discrepância entre os números das duas pesquisas. Concordamos com a estanheza. Até porque achamos estranho também, na pesquisa da Futura, que os números de um dos candidatos, que está efetivamente no páreo, tenham caído em relação aos seus próprios índices da pesquisa anterior, mesmo depois de ter intensificado a campanha.
Na pesquisa da Flex é estranho que, nas menções estimuladas, 9praticamente inexistam os indecisos. Como se diz por aí, alguma coisa errada não está certa.
Faltam duas semanas para as eleições. O sentimento das ruas em São Mateus pode não ser o que aponta a Flex, mas também não é o que mostra a Futura.
As pesquisas são válidas, principalmente, quando feitas sob rigoroso controle e critério para consumo interno das candidaturas. Se estão registradas no TSE, estão aptas para serem publicadas, mas captam um momento dentro de determinados recortes. São amostras e não um censo do voto.
Há pelo menos 40 anos este jornalista manuseia e estuda pesquisas e sempre, quando tem oportunidade, recomenda a candidatos: não cometam o erro de “encomendar” pesquisa. Isto é, não se enganem manipulando a coleta de dados ou seu processamento.
Pesquisa de intenção de voto deve ser apenas um norteador de ações eleitorais estratégicas para alcançar a quem, efetivamente, decide: o eleitor.
Nada substitui uma boa e bem planejada campanha nas ruas, olhando nos olhos do eleitor e sendo sincero. Impostores não têm vida longa.
Aliás, o eleitor costuma percebê-los e rejeitá-los, embora a comunicação digital atual esteja lhes prorrogando a sobrevivência. Entretanto, uma vez expostos à luz da verdade, são desmascarados.
E, infelizmente, substituídos por outros impostores, porque a razão parece estar sendo anestesiada.
O eleitor deve olhar mais a vida e a capacidade dos candidatos para atender às suas expectativas, e olhar menos as suas redes sociais… e pesquisas de intenções de voto.
Ganhar o voto não é votar em quem “dizem” que vai vencer a eleição, mas em quem você daria um cheque em branco – ou, para os mais novos, a senha de seu pix.
José Caldas da Costa, jornalista há 50 anos e geógrafo
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