*Álvaro José Silva
Um conhecido meu é gerente de supermercado em Vitória, Espírito Santo. Supermercado de grande movimento em bairro populoso, classe média. Por acaso também é parente do maior fornecedor de hortifrutigranjeiros de sua empresa e, na semana passada, recebeu ordem para que os preços de alguns tipos de legumes e outros produtos agrícolas fossem reajustados. Só que o fornecedor havia mantido seus valores inalterados. Ou seja, não havia razão para reajuste algum naquele momento.
Sem entrar em detalhes outros, porque, se esse gerente for identificado, vai perder o emprego imediatamente e não conseguirá gerenciar supermercado algum em meu Estado no futuro, é possível afirmar que uma boa parte na atual crise do aumento nos preços dos alimentos – não toda, claro – é fabricada.
Esse supermercado a que me refiro entrou na campanha política na última eleição presidencial. Suas lojas ostentavam cores e slogans claramente direcionados à figura do ex-presidente não reeleito. Veículos da empresa, principalmente caminhões de entrega, foram usados para enviar gêneros alimentícios até aos idiotas estacionados durante meses diante de instalações militares pedindo intervenção das forças armadas para impedir a posse do eleito.
Só muito tempo depois do 08 de janeiro de 2023 ele, aparentemente, sossegou. Mas só aparentemente, porque deve fazer parte de um esforço direcionado ao aumento artificial da inflação. E no Brasil inflação, da mesma forma que PIX, pode derrubar um presidente.
Claro que esse governo tem errado muito. O episódio da crise do PIX, claramente fabricada a partir de mentiras, de Fake News, mostrou as fragilidades de suas políticas, sobretudo na área de comunicação. E também das leis brasileiras que não conseguem chegar até aos criminosos da extrema direita que manipulam informações nas redes sociais para fabricar milhões de informações falsas.
E até as pedras portuguesas da Praça dos Três Poderes, em Brasília, sabem que o gabinete do ódio funcionou ininterruptamente durante os quatro anos do governo anterior dentro do Palácio do Planalto e nunca foi desmontado, mesmo depois de encerrado o mandato do hoje inconformado genocida inelegível.
Somos uma sociedade frágil. Aqui é fácil sabotar, conspirar e planejar golpes os mais variados.
O dono dessa rede supermercadista que citei responde ou respondeu a alguns processos por não pagamento de impostos. Chegou a ter prisão decretada. Mas é gente “do bem”. Daquela que prostitui o sentido da existência da bandeira do Brasil para associá-la, não ao seu – e nosso – país, mas sim a um ex-presidente que representa o extremismo político irracional, pernicioso e que agora tem um representante maior nos Estados Unidos onde até mesmo o nome do Golfo do México está sendo mudado.
O que é mal menor, pois o extermínio palestino pode ser holocausto ainda maior, e em curto prazo.
*Álvaro José Silva é jornalista e escritor, membro da Academia Espirito-Santense de Letras.
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