Dois partidos com queda para a direita vão governar sobre praticamente a metade da população capixaba, ou um pouco mais, a partir de janeiro de 2025: Podemos e Republicanos. Nesse momento, quem leva vantagem é o Podemos, que conquistou 11 prefeituras, mas governará sobre quase 1 milhão de habitantes. Precisamente, são 981.169 habitantes nas 11 cidades que o partido venceu no pleito deste domingo (06).
Numa tenttiva de recorte ideológico, pode-se dizer que os partidos de extrema direita ou esquerda, quando se trata de comandos municipais, foram quase varridos do mapa. Somente o PL conseguiu alguma coisa, mesmo assim vai governar sobre menos de 4% da população. O PT nada fez.
O PSB, que se anuncia doutrinariamente do socialismo democrático, portanto, um partido de esquerda (não de extrema) vai governar nos municípios sobre menos de 10% da população. O PDT, que já foi de esquerda, no máximo pode ser considerado de centro esquerda, mais de centro do que de esquerda. E depende da vitória na Serra. Sem isso, é menor do que o PL e maior apenas do que União Brasil e PRD.
Por falar em Serra, se o PDT depende de vencer com Weverson Meirelles para ter sobrevida, o Republicanos vai depender do desempenho do deputado Pablo Muribeca no segundo turno para dizer que é quem governa sobre mais capixabas.
Neste caso, supera o Podemos e vai governar 1.106.317 capixabas. Para isso, Pablo tem uma missão hercúlea pela frente: conquistar quatro de cada cinco votos obtidos pelo terceiro colocado, Audifax Barcelos (PP), no primeiro turno.
Mas, caso não vença na Serra, o Republicanos será “apenas” a terceira força, em termos de população governada, dentre os 11 partidos que fizeram prefeitos nas eleições de domingo, atrás do Podemos e do próprio PDT de Weverson Meirelles, o primeiro colocado no primeiro turno na Serra, maior cidade do Espírito Santo.
A vitória consagradora, em primeiro turno, do prefeito Lorenzo Pazolilni em Vitória é o grande trunfo que o Republicanos coloca sobre a mesa, obtgendo 56,22% da votação válida (105.599 votos, o dobro do obtido há quatro anos), mas nada comparado com o que o Podemos conseguiu em Vila Velha, na reeleição de Arnaldinho Borgo com 79,04% da votação, o maior caso de sucesso pessoal nas eleições de 2024: 193.451 votos. O deputado federal Gilson Daniel, presidente estadual do Podemos, sai como um dos principais vencedores das eleições municipais.
O MAPA
Sem contabilizar o município de Serra, que ainda terá segundo turno, o Republicanos governará 585.668 habitantes, seguido do Progressistas com 491.856 e pelo MDB com 401.869.
Apesar de ter eleito a maior quantidade de prefeitos (21), o partido do governador Renato Casagrande, o PSB, terá sob sua responsabilidade apenas 376.525 capixabas.
Dos 21 municípios conquistados pelo PSB, nove estão nas microrregiões Noroeste (seis), sob influência especiamente do prefeito Enivaldo dos Anjos, de Barra de São Francisco (embora em Vila Pavão não tenha sido exatamente o candidato do grupo dele que ganhou), e Nordeste (três), onde, por incrível que pareça, quem ajudou a eleger os prefeitos socialistas foi o prefeito Bruno Araújo, eleito em 2020 pelo Republicanos. Enivaldo também tem sua mão na eleição de Edilson, em Pinheiros.
O PSB fez os prefeitos de Nova Venécia, Barra de São Francisco, Vila Pavão, Água Doce do Norte, Ecoporanga, Mucirici, Pedro Canário, Pinheiros, Conceição da Barra e Marilândia, no Norte do Estado; Itarana e Itaguaçu, na região Central; Conceição do Castelo, Muniz Freire, Divino de São Lourenço, Ibitirama, São José do Calçado, Bom Jesus do Norte, Apiacá, Atílio Vicácqua, Anchieta e Presidente Kennedy, no Sul do Estado.
O município de Presidente Kennedy, entretanto, deverá ter eleições suplementares. O TSE não reconhece Dorlei Fontão como eleito, porque o registro de candidatura dele foi impugnado pelo fato de ele estar indo para o terceiro mandato consecutivo.
MAIOR PROPORÇÃO
O Podemos é, também, o partido de Wanderson Bueno, reeleito com a maior votação proporcional do Espírito Santo, com 92,49% dos votos de Viana, berço político do presidente Gilson Daniel. Além de Bueno, a sigla terá mais duas prefeituras na Grande Vitória, com Arnaldinho Borgo em Vila Velha e com Eleazar Lopes, eleito em Fundão. O partido é, portanto, o que mais fez prefeitos na região metropolitana.
Duas das maiores cidades do norte capixaba, Linhares e São Mateus, serão administradas a partir do ano que vem pelo Podemos, com as vitórias consagradoras de Lucas Scaramussa e Marcus da Cozivip. O partido venceu ainda em Ibiraçu (Duda Zanotti), Iúna (Romário Batista), Marataízes (Toninho Bittencourt), Montanha (Iracy Baltar), Rio Bananal (Bruno Pella) e em Rio Novo do Sul (Nei Castelari).
Além disso, o Podemos elegeu neste domingo 12 vice-prefeitos em importantes municípios para o tabuleiro político do estado: Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Governador Lindenberg, Irupi, Itarana, Jaguaré, Laranja da Terra, Pancas, Piúma, Santa Teresa, São Mateus e Sooretama.
A expansão do Partido passou também pelo aumento considerável no número de vereadores. A partir do ano que vem serão 125 vereadores do Podemos. O partido e o seu presidente, Gilson Daniel, tornaram-se os principais atores no xadrez eleitoral do Estado.
REPUBLICANOS
A grande conquista do Republicanos foi a reeleição do prefeito Lorenzo Pazolini, em Vitória. Para além disso, o partido elegeu os prefeitos de João Neiva e Sooretama, no Norte do Estado; Guarapari, Castelo, Iconha e Mimoso do Sul, no Sul do Espírito Santo.
O mercado político dá conta de que a eleição de Pazolini finca âncoras para o projeto de poder do Republicanos, passando pelo Palácio Anchieta.
A principal derrota do Republicanos nessa eleição foi em São Mateus, onde contava com a vitória de Carlinhos Lyrio e perdeu na virada. Pelo menos ganhou um potencial candidato a deputado estadual.
PP CRESCE
O PP, sob o comando do deputado federal Da Vitória, espalhou seu raio de influência pelo centro-norte ao Sul do Estado, fazendo 12 prefeituras, as duas maiores delas Cachoeiro de Itapemirim e Aracruz, e ainda Dores do Rio Preto, Guaçuí, Alegre, Alfredo Chaves, Marechal Floriano, Governador Lindenberg, Pancas, Águia Branca e Vila Valério.
O partido sofreu uma derrota indigesta em Guarapari com o deputado estadual Zé Preto, que havia sido eleito pelo PL, trocou para o PP na janela partidária, largou na frente e foi atropelado nos últimos 15 dias pelo republicano Rodrigo Borges.
EUCLÉRIO SALVA O MDB
O MDB do vice-governador Ricardo Ferraço se segurou em Baixo Guandu, São Domingos do Norte, Irupi, Vargem Alta, Venda Nova do Imigrante, Ponto Belo e seu grande truinfo, Cariacica, onde o prefeito Euclério Sampaio se reelegeu com 88% da votação útil, sem poder contar com seu próprio voto: na véspera da eleição, voi para a UTI com uma severa pneumonia.
O PDT, o União Brasil, Cidadania (apenas um prefeito), PRD (um), o PL e o PT (este não elegeu ninguém) saíram muito pequenos nessas eleições no Espírito Santo. O que ainda pode salvar o PDT é a possivel eleição de Weverson Meirelles na Serra. Até agora, o partido de Sérgio Vidigal somente elegeu prefeitos em Brejetuba, Santa Lepoldina e Itapemirim.
O PRD impôs ao Podemos sua derrota mais sofrida: em Boa Esperança, no Noroeste do Estado, onde Cláudio Boa Fruta venceu a prefeita Fernanda Milanezi.
RENZO SALVA O PSD
Presidente estadual da legenda desde 2023, quando Gilberto Kassab, o presidente nacional tomou o partido de Guerino Zanon (leia-se, Paulo Hartung) com a mesma sutileza que o havia tomado de Neucimar Fraga e entregue ao ex-prefeito de Linhares, o ex-deputado estadual Renzo Vasconcellos salvou o PSD ao virar na última semana a eleição em Colatina, ironicamente com a ajuda do “ainda” republicano Sérgio Meneguelli.
Além disso, só fez as pequeninas Jerônimo Monteiro, no Sul do Estado, e Alto Rio Novo, no Noroeste.
O PSDB minguou: ganhou Laranja da Terra por 7 votos, Santa Teresa, São Roque do Canaã e Mantenópolis. E fracassou no seu projeto de tentar pelo menos provocar o segundo turno em Vitória.
MAGNO AFUNDA O PL
O PL, do senador Magno Malta, que isolou o partido no Estado, ainda fez alguns prefeitos, por força do bolsonarismo no Estado, mas se afogou abraçado ao PT.
Seus eleitos somente conseguiram chegar porque contrariaram a “ordem” do chefe e fecharam coligações amplas em Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá, Muqui, São Gabriel da Palha e Ibatiba.
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