Mais um produto capixaba acaba de conquistar o selo de Indicação Geográfica (IG) concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): o beiju produzido pelos quilombolas das regiões de Sapê do Norte, São Mateus e Conceição da Barra. O reconhecimento foi oficializado na terça-feira (20). A Indicação Geográfica atesta que o local de produção confere características exclusivas ao produto, trazendo benefícios ao mesmo. Esta é a 11ª Indicação Geográfica para um produto do Espírito Santo.
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) desempenhou um papel fundamental no processo, auxiliando a Associação das Produtoras Quilombolas de Beiju do Sapê do Norte na contratação de consultoria especializada. Essa consultoria ajudou na orientação e acompanhamento necessários para a obtenção da Indicação Geográfica.
O beiju é uma iguaria tradicional quilombola, feito a partir da goma e da massa de mandioca, e representa uma das principais fontes de renda para essas comunidades. Além disso, é um símbolo de resistência e identidade cultural local. Domingas Verônica, presidente da associação, destaca que o conhecimento sobre a produção do beiju é transmitido de geração em geração pelas matriarcas das comunidades. Ela própria aprendeu com sua mãe e agora ensina sua filha de 14 anos.
Domingas comemorou o reconhecimento: “A Indicação Geográfica vai beneficiar 32 comunidades e cerca de 40 famílias, permitindo-lhes agregar valor ao produto e comercializá-lo de forma mais digna. Esse reconhecimento é um marco histórico para nosso povo, pois abrirá portas para melhores políticas públicas que ajudarão a sustentar e expandir nosso negócio.”
O Sebrae/ES acompanhou a associação desde a apresentação do projeto até a obtenção do selo. Gianni Fagundes, analista da regional Norte do Sebrae/ES, explicou que foram fornecidas todas as recomendações necessárias para a inscrição junto ao INPI e apoio na adequação aos requisitos para a IG, incluindo a contratação de uma empresa para criar o selo de origem controlada.
Junto com a Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (COOPBAC), o Sebrae e a comunidade trabalharam na reestruturação da Associação, na criação de procedimentos operacionais e na formulação de estratégias para o lançamento do primeiro lote de produtos com o selo da Indicação Geográfica. Um guia sobre o uso do selo também foi estabelecido.
“Esse selo abriu um leque de oportunidades para nós, que há anos buscamos um reconhecimento digno e justo para nossa cultura e tradição. Estou confiante de que muitas outras conquistas virão”, concluiu Domingas, presidente da Associação das Produtoras Quilombolas de Beiju do Sapê do Norte. (Da Redação com ES HOJE)
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