A estimativa de quebra de safra do café conilon neste ano de 2024 é, em média, de 50%. A previsão é feita pelos próprios produtores, conforme dados de lima pesquisa de campo feita pelo engenheiro agrônomo e consultor José Carlos Gava Ferrão com proprietários de lavouras no Norte do Espírito Santo e no Sul da Bahia, que concentra um grande número de capixabas explorando essa cultura.
O profissional acompanha de perto esses números e tem feito previsões acertadas sobre perspectivas para as lavouras de conilon, tanto no Espírito Santo e Bahia, quanto em Rondônia, outro grande produtor brasileiro.
A colheita da safra 2024-25 está no final. Já tem gente que terminou (2,7%), cerca de 30% já colheram mais de 70% da lavoura e outros 22% estão entre 50% e 70%. Pelo menos 38% dos agricultores afirmam que já colheram cerca de 50% da lavoura e apenas 13,5% estão abaixo disso, geralmente em regiões menos quentes do centro do Espírito Santo.
Dos agricultores pesquisados, haverá quebra de safra para 97,3%, sendo que 40% falam quebra de 30% a 40%, e outros 40% apontam quebra de 40% a 60%. Na faixa de quebra de 15% a 30% ficaram apenas 16% dos entrevistados.
Na microrregião Noroeste do Estado, centralizada por Barra de São Francisco, cerca de 50% do café conilon já foi colhido com previsão de quebra de safra entre 30% e 40%, segundo os produtores que participaram da pesquisa.

MOTIVOS
José Ferrão atribuiu à elevação da temperatura em épocas de florada em 2023 e na pós-florada como um dos principais motivos da queda de produção, pois levou a “forte abortamento”, ou seja, queda de frutos da “roseta” (nome que se dá aos amontoados de grãos que se formam nos galhos das árvores nas lavouras). “Esse fenômeno causou o que denominamos como banguelamento das rosetas”, observou Ferrão.
Outro fator importante foi a falta de chuvas suficientes entre setembro a final de dezembro. “Mesmo quem tinha irrigação, não conseguiu suprir a demanda de água da planta. Temos ainda uma área significativa de café conilon que não é irrigado, o chamado café de sequeiro”, observou.
Associado aos fenômenos climáticos, o engenheiro agrônomo sênior ainda citou a incidência, em muitas propriedades, de uma praga chamada “cochonilha da roseta”, que é um inseto que derruba os grãos.
Essa praga é um pequeno inseto sugador que se alimenta da seiva da planta, reduzindo seu crescimento, bem como a produção e a qualidade do café colhido. Uma praga leva à outra. A incidência de cochonilha leva também à presença de pulgões. Essas pragas podem matar a própria planta.
“Há outros fatores inerentes a atividade dessa indústria a céu aberto. O rendimento de máquina (pilagem) está extremamente baixo. Num secador de 15 mil litros, num ano normal, geralmente rende 45 sacas piladas. Neste ano os relatos dos produtores são de que a grande maioria está ficando entre 28 e 36 sacas. Há pouquíssimos relatos entre 38 e 41 sacas e raros com rendimento de 44 sacas”, acrescentou Ferrão. (Por José Caldas da Costa, Da Redação)
Veja como fica o mercado de conilon com a previsão de grande quebra de safra
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