Depois de ser “cancelada” por causa de um vídeo explicando a norma culta de concordância nominal, a professora Natalia Faccini, de 29 anos, acabou sendo puxada para dentro de uma polêmica dos “neutralistas” e pocou, como se diz em bom capixabês, nas redes sociais
A conta de Natália explodiu no Instagram, onde já alcança 85 mil seguidores, e sites de grandes cidades se interessaram pela história dela, alavancada muito mais pela polêmica e até pelo oportunismo também dos radicais que combatem os que pretendem o uso alternativo de gênero neutro na fala e na escrita.
Os “guerrilheiros digitais antigênero neutro” guindaram Natália à condição de uma militante de sua causa, o que não parece ter sido a intenção da professora de Ecoporanga, na região Noroeste do Espírito Santo, a 340 quilômetros de Vitória.
ENTENDA O CASO
No vídeo, divulgado por Natalia Faccini em 7 de maio, ela explica que “meninas, mulheres dizem obrigadA” e “meninos, homens dizem obrigadO”. Veja https://www.instagram.com/reel/C6rAU2fuVEc/?igsh=NzQwZ3g5MjF3bHJv
A professora estava ensinando a regra de concordância nominal, que estabelece a harmonia entre o adjetivo e o substantivo, concordando em gênero (feminino ou masculino) e número.
O que seria apenas a explicação de uma regra gramatical acabou gerando um debate intenso.
Alguns usuários concordaram com a professora, afirmando que ela estava apenas ensinando o básico da língua portuguesa.
Outros, no entanto, mencionaram o uso do pronome neutro, comentando que pessoas não binárias dizem “obrigade” ou preferem formas neutras como “brigada”, “brigado”, “valeu” e “tks”.
Natália, que está há três anos na profissão, não esperava a grande repercussão dos vídeos. “De certa forma, estou lidando bem. Não estou levando as críticas para o lado pessoal”, afirmou a professora.
O Colégio Interativo, onde ele leciona, tem acompanhado o material desde os primeiros vídeos publicados por Natália.
Em conversa com o site AgitaEco, o diretor do colégio, Thiago Carnielli, destacou que a professora estava ensinando um conteúdo de gramática, não fazendo uma declaração sobre ideologia de gênero.
“Ela quis falar sobre o ensino da gramática e não sobre ideologia de gênero, o que acabou tomando toda essa proporção. O colégio reafirma e incentiva o uso adequado da língua portuguesa; respeitamos os que pensam diferente, mas temos a nossa preocupação em formar alunos que sejam destaques”, afirmou Carnielli.
O diretor também enfatizou a importância do preparo dos alunos para provas do Enem e vestibulares, onde é necessário o domínio da norma culta da língua portuguesa.
“Haja vista que o colégio é confessional, respeitamos todos os indivíduos como filhos de Deus. Cabe ressaltar que respeitamos todas as diferenças, mas o foco do ensino era a língua portuguesa”, concluiu.
Professores e outros perfis no Instagram têm prestado apoio à professora, incentivando que mais pessoas sigam seu perfil.
PERFIL
O perfil da professora de Ecoporanga está repleto de conteúdos para além do polêmico “obrigada”, “obrigado” e “obrigade”.
E sempre vídeos feitos de forma bem humorada, com a participação dos próprios alunos, que parecem se divertir bastante com a ideia. E não para de crescer o número de seguidores.
A ESCOLA
O Colégio Interativo de Ecoporanga, onde Natália é professora, foi inaugurado em 2021, em plena pandemia, e tem cerca de 200 alunos, do maternal ao nono ano do ensino fundamental.
Segundo declaração da época, nasceu “com o objetivo de oportunizar a formação integral do indivíduo nas diversas habilidades que o promovem ao êxito pela Filosofia de Educação baseada em princípios e valores”.
“No Colégio Interativo, acreditamos que uma educação eficaz não vem apenas da memorização ou aula, mas da construção em conjunto, tendo o professor como mediador do conhecimento”, acrescenta.
O diretor Thiago Carnielli, mantenedor da escola, é da Igreja Adventista, mas esclarece: “Nosso colégio não é administrado por nenhuma igreja.
Somos um colégio confessional, ou seja, buscamos integrar a fé com o aprendizado acadêmico, baseando na Bíblia todo conhecimento mediado aos alunos”. (Da Redação com AgitaEco)
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