
O prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos, tem feito uma grande mudança nos nomes dos logradouros da sede do município, desde que assumiu o seu segundo mandato. Determinado a mudar o foco para as pessoas que fizeram a história do município, ele já renomeou ruas, avenidas e até a praça principal da cidade.
Esta semana o prefeito fez mais três alterações, aprovadas por unanimidade pelo Legislativo. A primeira delas foi dar outro nome à Avenida Castelo Branco, que sai do centro da cidade, a partir da avenida Jones dos Santos Neves e vai até o final do perímetro urbano, no trevo da Rodovia do Contorno.
Humberto Castelo Branco foi o primeiro presidente militar após o golpe de 1964 e, naquela altura, era ‘moda’ dar nome do general aos logradouros. Porém, Castelo Branco, como observa o prefeito, nunca veio ao município e não tem nenhuma relação com o povo daqui.
“Decidimos mudar o nome para Prefeito José Merçon Vieira, médico pioneiro, que trouxe inovação à saúde e também foi presidente do Legislativo Municipal, foi prefeito por duas vezes e primeiro deputado estadual eleito pela cidade. Então nada mais justo do que homenagear esse pioneiro com o nome de uma das avenidas mais importantes de Barra de São Francisco. Como já existia uma rua com o nome dele, no bairro Irmãos Fernandes, fizemos alteração e estamos renomeando aquela rua com o nome de outro pioneiro, falecido recentemente, o Neném Otto (João Alberto) um homem que ajudou a região a crescer”, explica dos Anjos.
Enivaldo também mudou o nome da Copa Rural de Futebol Amador, que agora passa a ser denominada Copa Rural de Futebol Amador João Alberto – Neném Otto, explicando ser também uma justa homenagem a um dos maiores desportistas de Barra de São Francisco, fundador do Vale 7, time tradicional de futebol do Valão Fundo.
Enivaldo lamenta morte do amigo Neném Otto, ícone do apoio ao futebol em Barra de São Francisco
De Tiradentes para Wilson Borém
Por fim, a terceira mudança promovida pelo prefeito retira o nome de Tiradentes, outro personagem nacional sem nenhuma ligação com a história de Barra de São Francisco, e homenageia o topógrafo, desenhista e músico Wilson de Almeida Borém. A rua Tiradentes começa perto da Câmara Municipal e desce até perto do Rio São Francisco.
+ Sobre José Merçon Vieira
O médico José Merçon Vieira, segundo historiadores foi um dos primeiros a ultrapassar a região acima do Rio Doce, o Norte do Espírito Santo vindo trabalhar em Barra de São Francisco, por volta de 1945.
Como médico controlou epidemias, conviveu com bandidos e contribuiu para o desenvolvimento da região. De acordo com o médico José Cipriano da Fonseca, o Dr. Zezinho, hoje o mais antigo da cidade, José Merçon teria chegado na boléia de um caminhão, quando o município não tinha saneamento básico nem água encanada e energia elétrica.
Natural de Castelo, no Sul do Estado, José Merçon era médico recém formado que estava registrando o diploma em Vitória, quando foi convidado pelo médico Thomaz Tomazzi para trabalhar pelo Estado. Naquele tempo havia falta de médico e numa vasta área no Noroeste não havia nenhum.
Conta a história que ele atendia chamados a 20 e 30 quilômetros de distância viajando em lombo de burros.
O seu projeto de vida previa apenas cinco anos de vida em Barra de São Francisco. Depois pensava em vir para Vitória abrir consultório. Mas a política o prendeu em Barra de São Francisco. Em 1950, foi eleito vereador e presidente da Câmara e assumiu a prefeitura por causa da morte do prefeito Manoel Gonçalves.
Foi eleito prefeito em 1954, e novamente 1962. Foi deputado estadual por duas vezes, somente com os votos de São Francisco.
Como prefeito, na primeira vez, conseguiu o serviço de abastecimento d’água da cidade, o que era uma aspiração do médico. Fez logo o serviço todo de saneamento inclusive fazendo a rede de esgoto. Levou para os distritos também o serviço d’água, embora bem mais modestos. Construiu vários postos de saúde.
Assim, passaram-se 26 anos de sua vida. Como presidente do PSD de Barra de São Francisco e médico ao mesmo tempo tinha um trabalho enorme. Por ocasião da luta do contestado, agiu muito bem muito em favor do Estado. Participava de caravanas de militares na missão de conquistar mais espaços para o Espírito Santo. Levava medicamentos também, ia instalando postos que o Floriano Rubim ia criando pelo interior a fora, especialmente nos lugares de jurisdição controvertida.
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