O drama de parte da população de Maceió, em regiões periféricas que estão afundando como consequência da exploração de minas de sal-gema, ameaçando a segurança de cerca de 30 mil pessoas, deve servir de exemplo para o Espírito Santo, mas não inviabiliza a exploração da reserva desse mineral nas regiões Norte e Noroeste do Estado, a maior da América Latina, segundo a Agência Nacional de Mineração.

Quem assegura é o Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, Aureliano Nogueira Costa, que foi Superintendente Federal de Agricultura no Espírito Santo (SFA-MAPA) até dezembro último e atua como pesquisador voluntário do Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural, sendo coordenador de pesquisa e inovação da Fundagres Inovar – Fundação de Desenvolvimento e Inovação Agro Socioambiental do Espírito Santo.
Em entrevista para o site Tribuna Norte-Leste, Aureliano analisa que o caso de Maceió decorre de a exploração do sal-gema naquela região ter sido feita com tecnologias da época e que hoje estão ultrapassadas, não sendo as mais adequadas para esse tipo de atividade. No campo da aprendizagem com os erros, Aureliano salienta a necessidade de se fazer planejamento da exploração sustentável do mineral.
“A tecnologia de explorações, como ocorre com o sal-gema, que está a mais de mil metros de profundidade, evoluiu muito no Brasil, especialmente com a descoberta da camada de petróleo do pré-sal. Agora, nem todo lugar onde ocorre o sal-gema ele pode ser explorado. É preciso se fazer estudos, cuidar para que não seja próximo a área urbana, não permitir a ocupação desordenada, como ocorreu em Maceió”, comenta Aureliano.
O pesquisador demonstra a necessidade de “usar as melhores tecnologias sustentáveis, mapear e fazer um plano estratégico de desenvolvimento, inserindo todos os itens de segurança para minimizar os riscos”. Com exploração iniciada nos anos 70, em Maceió, “eles perfuravam os poços, injetavam água e pressão para salmora subir. Depois, preenchiam o espaço com água, essa pode ter sido a origem do problema. No Espírito Santo, por exemplo, temos tecnologia as minas de onde o mineral for extraído podem ser preenchidas, por exemplo, com produtos oriundos da siderurgia”.
“Temos trabalho com reuso de materiais e economia circular. O exemplo de Maceió vai nos mostrar que não se pode explorar isso em áreas urbanas, mas em áreas com controle ambiental, com cobertura vegetal do solo. Não havia tecnologia para prever esses riscos. É preciso preencher os espaços com material estável, se preencher com água é densidade diferente e vai ceder. É preciso haver preenchimento das áreas extraídas com material compatível com o material de origem”, afirma Aureliano.
Para finalizar, o especialista em solos salienta que “é importante fazer o mapeamento das áreas aptas para exploração utilizando ferramentas de geoprocessamento associada aos estudos de solos”. Assim, será possível aproveitar o grande potencial das reservas capixabas, prevenindo riscos e explorando todas as possibilidades de geração de riqueza e renda. (Da Redação com José Caldas da Costa)
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