O fator surpresa da notícia é a abordagem ter sido feita por um veículo de comunicação especializado em assuntos militares e feito, principalmente, por profissionais da área. E lança luz sobre um tema que gera controvérsia nas próprias Forças Armadas, que saíram desgastadas pela forte presença de membros seus no Governo de Jair Bolsonaro.
Diz a revista, publicada por meio digital, que a autora Karin Schmalz, em um artigo para o Fair Observer, aborda a intrincada relação entre as Forças Armadas brasileiras e a figura de Jair Bolsonaro. Schmalz argumenta que, ao longo da história, as Forças Armadas no Brasil têm desempenhado um papel ativo e, muitas vezes, decisivo na política do país.
Ela ressalta a importância da educação militar, particularmente na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), na formação de uma mentalidade distinta entre os militares, frequentemente em contraste com as visões da sociedade civil.
Schmalz cita o antropólogo Piero Leirner, que descreve a ascensão de Bolsonaro ao poder como uma “guerra híbrida para voltar ao poder”, utilizando Bolsonaro como uma fachada. Esta perspectiva sugere que os militares, apesar de sua aparente distância da política civil após o regime militar, mantiveram uma influência significativa nos bastidores.
Schmalz discute como Bolsonaro, um militar da reserva com um histórico controverso dentro das próprias Forças Armadas, conseguiu angariar apoio de certos setores militares e da sociedade. Isso reflete as tensões entre as ambições políticas dos militares e o papel constitucional que eles devem desempenhar em uma democracia.
Além disso, Schmalz menciona figuras como o General Eduardo Villas-Bôas e o General Sérgio Etchegoyen, destacando como suas ações e declarações são indicativas da contínua interação entre os militares e a política no Brasil. A autora opina que, com a eleição de Bolsonaro, os militares encontraram uma maneira menos evidente de retornar ao poder, consolidando sua influência de forma mais sutil.
Bolsonaro foi expulso?
Não. Do ponto de vista jurídico, esta é a resposta objetiva à pergunta. Quando ainda estava na ativa, Jair Bolsonaro sofreu uma punição de 15 dias de prisão por ter publicado na revista “Veja” um artigo, sem autorização de seus superiores, criticando os “baixos salários militares”. Isso o tornou conhecido no meio militar e impulsionou, inicialmente, sua carreira política.
A mesma “Veja” publicou depois uma reportagem com um mapa em formato de croqui de um suposto planejamento de explosões terroristas que ele e outro militar intentavam em instalações militares. Bolsonaro sempre negou, mas a Polícia Federal considerou inequívoco que os traços e escritos eram dele.
Por essa acusação, Bolsonaro foi julgado e condenado pela Justiça Militar à expulsão. Entretanto, recorreu ao Superior Tribunal Militar, que o absolveu por 8 a 4. Alegaram os ministros que Bolsonaro já havia sido punido com 15 dias de prisão.
Em seguida, o capitão foi para a reserva e entrou para a politica ganhando a eleição de vereador em 1988 pelo PDC Depois, foi deputado federal de 1991 a 2018, quando se elegeu Presidente da República, mandato que exerceu até o final de 2022.
Seus detratores dizem que sua absolvição pelo STM teria feito parte de um acordo para que entrasse na política para representar e defender os interesses do regime militar. E esta foi, de fato, sua posição sempre, a ponto de defender o General Brilhante Ustra, condenado por torturas e mortes de presos políticos durante a ditadura militar.
Sobre a Revista Militar
Conforme consta no próprio site, a Revista Sociedade Militar online foi fundada em 2011, sendo uma publicação atualizada diariamente e voltada principalmente para a publicação de notícias e discussão de assuntos relacionados à Segurança Pública, Militares, Política e Geopolítica. A página não possui qualquer vínculo com instituições públicas ou privadas e é mantida com recursos fornecidos pelos administradores do site.
“Nosso viés político é a verdade, honestidade e transparência”, define-se.
O conteúdo é gerado pela própria equipe a partir de informações exclusivas obtidas por meio de contatos, recebidos de colaboradores espalhados por diversos locais do Brasil e mundo ou discussão de assuntos publicados na mídia impressa / eletrônica.
A maior parte dos colaboradores são militares das Forças Armadas Brasileiras. Contudo, há um número variado de categorias profissionais do Brasil e exterior que enviam textos para publicação.
Com média de 1.1 milhão visitantes mensais (média últimos 3 meses de 2019) a revista alcançou em dezembro de 2018 o número de 20 milhões de leituras de artigos ao logo da existência, é seguida de perto nas redes sociais por dezenas de oficiais generais e dezenas de milhares de militares de todas os postos e graduações de forças armadas e auxiliares.
“Os artigos são replicados por dezenas de sites e por isso se torna impossível verificar o alcance efetivo dos conteúdos republicados por estes, mas estimamos que multiplica o alcance do site em mais duas vezes”, informa.
Com o tema, “O ser Humano é nossa ARMA mais poderosa“, o veículo é considerado um dos principais formadores de opinião no nicho em que atua e é constantemente citado nos principais sites oficiais das forças armadas, livros e produção científica de academias militares. (Da Redação com Revista Sociedade Militar e pesquisas UOL, Veja e Wikipedia)
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