Após uma semana de temperaturas acima da média, a onda de calor deve atingir seu pico nesta quinta-feira, 16, e sexta, 17, em Barra de São Francisco e todo o Norte do Espírito Santo. A previsão do Climatempo e da meteorologia do Incaper é de 40°C de máxima nesta quinta-feira e 41°C amanhã.
De acordo com o Inmet, 15 Estados e o Distrito Federal ainda estão em alerta de “grande perigo” por causa dos termômetros elevados. O aviso meteorológico tem duração até esta sexta-feira.
As altas temperaturas registradas nos últimos dias são consequência da quarta onda de calor deste ano no Brasil. Apesar de ser um fenômeno comum na primavera, desta vez o evento está sendo acentuado por um El Niño intenso e pelos efeitos do aquecimento global.

Novos recordes de temperatura
Com o pico da onda de calor, quatro capitais podem registrar novos recordes de temperaturas no ano: Brasília, Goiânia, São Paulo e Vitória. Apesar de não estar previsto recorde, o ápice da onda também deve ser sentido em Curitiba, onde a máxima pode chegar aos 32°C.
Em algumas cidades, os termômetros podem registrar o maior calor do ano. É o caso de Campo Grande e Vitória, com máximas de 39°C e 37°C previstas para o fim da semana, respectivamente.
Conforme a previsão do Inmet, Estados que estão enfrentando a onda de calor devem receber chuvas intensas na próxima semana. Na Região Sudeste, a queda da temperatura no final da tarde de sexta-feira já deve vir acompanhada de precipitações.
Chuvas na última semana
Para o período de 21 a 29 de novembro, algumas localidades devem receber um grande volume de chuva, podendo ultrapassar 40 milímetros, especialmente em Mato Grosso e Goiás, no Distrito Federal, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Nas demais áreas, o Inmet não descarta a possibilidade de pancadas de chuvas.
Efeito El Niño
A onda de calor que atinge boa parte do país está fortemente associada ao fenômeno El Niño, apontam pesquisadores. O fenômeno é caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. As mudanças na interação entre a superfície oceânica e a baixa atmosfera têm consequências no tempo e no clima em diferentes partes do planeta. Isso porque a dinâmica de circulação das massas de ar adota novos padrões de transporte de umidade, afetando a temperatura e a distribuição das chuvas.
“Estamos enfrentando um El Niño forte”, diz o géografo Marcos Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que chama a atenção para medições realizadas pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, ligada ao governo dos Estados Unidos. Esse órgão monitora a temperatura da água na chamada Zona 3.4, localizada na porção equatorial central do Oceano Pacífico. “Estamos chegando a quase 2ºC de anomalia. Em geral, temos um El Niño médio ou fraco a cada dois anos, que é quando se tem uma anomalia de 1ºC, no máximo. Quando passa de 1ºC, consideramos um El Niño forte. Isso altera as massas de ar em cima do nosso continente.” De acordo com Freitas, o que ocorre, então, é um bloqueio das entradas de massas de umidade em parte do Sudeste e um pouco no Centro-Oeste”.
Segundo o pesquisador, a tendência é de um verão muito quente. “Esse El Niño não vai se dissipar agora”, acrescenta. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) estima que os efeitos do fenômeno devem ser sentidos pelo menos até abril do próximo ano. Marcos Freitas observa que um El Niño forte ocorre mais ou menos a cada sete anos, mas destaca que o grau de intensidade vem aumentando em função do aquecimento global.
A avaliação do pesquisador da UFRJ é corroborada pelo coordenador da Rede Clima da Universidade de Brasília (UnB), Saulo Rodrigues Pereira Filho. Ele vê possibilidade de novas ondas de calor ainda neste verão. Saulo Rodrigues explica que, no Brasil, além de influenciar a onda de calor no Sudeste e no Centro Oeste, o fenômeno provoca seca nas regiões Norte e Nordeste, bem como chuvas torrenciais e ciclones extratropicais no Sul. (Da Redação com Climatempo, Incaper e Agência Brasil)
Comente este post