Dr. Armando Salvatierra e Dr. Rodney Frare e Silva (UFPR)*
- A imunidade contra a Covid 19 não aumenta imediatamente após a primeira dose ou mesmo imediatamente após a segunda. A imunidade completa leva algumas semanas, após a segunda dose.
- A imunidade não é absoluta. Mesmo após a vacinação completa, uma pessoa pode se infectar. No entanto, sua chance de morrer ou pegar uma infecção grave, que requeira hospitalização, será substancialmente menor, todavia não é 100%.
- Nem todas as vacinas funcionam da mesma forma. A eficácia varia.
- Nem todas as vacinas são eficazes contra todas as variantes. Muitas vacinas são menos eficazes contra o B1.351 (a variante sul-africana), por exemplo. Temos que aguardar mais estudos para saber o que poderá acontecer com outras variantes como a P1 de Manaus, que já se espalha pelo mundo.
Agora, o que é esse efeito Peltzman? E por que é importante saber disso?
O efeito Peltzman significa um comportamento que compensa o risco percebido. Em outros termos, as pessoas se tornam mais cuidadosas quando sentem um risco maior e menos cuidadosas quando se sentem mais protegidas.
Isso significa que as vacinas estão dando uma sensação de segurança que leva a um aumento do comportamento de risco.
Mas o problema é que, embora as vacinas não forneçam proteção imediata ou proteção total (contra a infecção como contra a morte), a sensação de segurança infelizmente começa muito mais cedo, antes mesmo da injeção real.
E o efeito Peltzman entra em ação: as pessoas usam máscaras com menos cautela, não se distanciam assim que chegam aos postos de vacinação ou na saída às ruas.
O efeito Peltzman de fato começou para a maioria das pessoas antes mesmo de elas tomarem a vacina. Muitas pessoas se sentiram protegidas só de olhar para os números da vacina.
O uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos têm se tornado cada vez menos rigorosa. Embora isso seja atribuído principalmente à fadiga pandêmica, o efeito Peltzman não pode ser ignorado.
Embora esse comportamento seja perigoso para o público em geral, pode ser desastroso para profissionais de saúde que lidam diretamente com pacientes da Covid 19. Muitos deles podem se infectar na segunda onda atual, prejudicando os serviços de saúde.
O efeito Peltzman também é evidente no declínio drástico no uso de kits de equipamento de proteção individual (EPIs) pelos profissionais de saúde.
É importante vacinar a maioria das pessoas em risco. Mas também é importante estar atento ao efeito Peltzman e ter mais cuidado até que o efeito da vacinação nos aproxime da imunidade de rebanho (em torno de 70 a 80% do mundo vacinado).
Aqui está um exemplo definitivo em que espalhar a consciência salvará vidas.
Por outro lado, esperamos que todos redobrem os cuidados. Encontros, almoços, festejos, abraços (menos ainda beijos) devem se postergados para épocas melhores. Não perderemos por esperar!
*Dr. Armando Salvatierra é pediatra e Dr. Rodney Frare e Silva é clínico geral e pneumologista, ambos atuam na Universidade Federal do Paraná – UFPR)
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