Quando o prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anos, inaugurou o Espaço Integrar, uma clínica completa para cuidar das pessoas portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA), em seu discurso, lembrou que quase todos os seres humanos têm algum nível de autismo e destacou um matemático e físico ilustre, Albert Einsten, como um dos famosos portadores de TEA.
O autismo tem três níveis de intensidade e nos casos em que o diagnóstico demora a vir geralmente se trata do nível 1, com características leves, que costumam passar despercebidas até para quem é portador.
É o caso da atriz Letícia Sabatella, que descobriu de maneira tardia, aos 52 anos de idade, ser uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela revelou a história no podcast “Papagaio Falante”. A atriz ainda tenta entender a descoberta e conversou com o Fantástico, a revista eletrônica da TV Globo, sobre o diagnóstico.
Letícia Sabatella lembrou da dificuldade pra se enturmar na escola, de como às vezes se sente incompreendida e do incômodo com o barulho.
“O diagnóstico traz alívio pra quem passa a vida se achando diferente e incompreendida”, diz Letícia Sabatella.
Sem saber, Letícia Sabatella se protegeu desde pequena. As aulas diárias de balé, as idas a concertos e cinemas, os livros, o teatro abraçado desde os 14 anos, tudo isso acabou ajudando a atriz a lidar com as dificuldades que iam surgindo.
Segundo a atriz, ao receber o diagnóstico a sensação foi “libertadora” e a ajudou a compreender sua hipersensibilidade sensorial.
“Tem horas que eu chego a passar mal, parece uma agressão”, diz.
O que é Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Por definição, o TEA é um distúrbio do desenvolvimento, presente desde o nascimento, segundo o neuropediatra José Salomão Schwartzmam. No entanto, isso não significa que ele se manifesta de forma óbvia e precoce. O diagnóstico é feito por meio de entrevistas e observações comportamentais.
O grande risco do diagnóstico tardio é o que os sinais não tratados se transformem em comorbidades, como depressão e ansiedade.
Existem três graus de intensidade do TEA, e quando o diagnóstico é tardio quase sempre é nível 1, já que as características são leves e podem passar despercebidos por muito tempo. Assim como Letícia Sabatella, Tamilla Pinho também descobrir estar no espectro depois de adulta.
Depois que um de seus filhos recebeu o diagnóstico, ela decidiu investigar a si mesma. “Eu sempre comia a mesma coisa no almoço, no café da manhã e no jantar, sempre o mesmo grupo de comida. Eu sempre tinha rituais com horários, eu tinha uma inflexibilidade com atrasos. De um minuto eu já perdia a paciência, ficava muito irritada”, conta.
Ayla Bragança trabalha há 19 anos com crianças no TEA e fez até mestrado para entender melhor seus alunos. Durante o curso, uma professora identificou que ela estava no espectro. Ela foi diagnosticada há dois anos, aos 36.
“Ela observava as minhas demandas e as histórias que eu levava pra ela, de excesso de preocupação com terceiros, de questões sensoriais muito latentes, então essa professora começou a me sinalizar: é possível que você esteja dentro do espectro”, conta.
Isso a motivou a fundar um grupo de apoio para pessoas no espectro autista, na cidade de Rio Bonito, no Rio de Janeiro. São cerca de 200 pessoas que frequentam o “Autismo Rio Bonito” e quase todas são mães.
“A rotina que a gente tem é muita terapia, quase todos os dias, é levar e buscar da escola, é médico, e às vezes a gente não tem tempo pra ser a gente. A gente tem que ser mãe 100%, 24 horas por dia”, desabafa Daniela Severo, dona de casa e frequentadora do grupo. (Da Redação com Fantástico)
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