Usiel Carneiro de Souza*
Essa afirmação é de um valor fabuloso para os dias atuais. Nesses tempos em que a literalidade mal usada obscurece e oculta intenções. Afinal, o valor exato das palavras e atitudes está no caráter, na intenção, na lógica dominante revelada por cada indivíduo. Assim, quando alguém é misógino em seu dia-dia, o fato de declarar ou não algo depreciativo sobre mulheres não se constitui prova de que não o seja. Devemos entender que a lógica que orienta a vida é a mais enfática declaração de um caráter.
É também por isso que as Escrituras falam que a letra mata, mas o Espírito dá vida. Devido a limitação da letra, é preciso que sempre seja mediada pelo Espírito para que não afaste-se do propósito de gerar vida. A essência do Espírito é dar vida, perdoar, restaurar, reconciliar. Tomada per si, a letra pode fazer o oposto do que pretendeu o Espírito, produzindo morte, condenação, destruição, separação.
Trago uma vez mais a afirmação do desembargador: “A lógica humana é a rainha das provas”. Reivindico mais uma vez sua importância para nosso tempo. Um tempo em que, lamentavelmente, as palavras transitam prodigamente com o propósito de criar desinformação. Lembrando Jesus, nunca estivemos tão distantes do sim significar sim e do não significar não. Tempos complexos.
Mas, vamos à nossa responsabilidade como indivíduos e cidadãos: qual a nossa lógica e o que ela contém? Que intenções estão majoritariamente presentes em nossas palavras e ações? É isso que nos distinguirá como pessoas do bem ou do mal. Isso determinará o quanto nos comprometemos para que haja mais bondade que maldade ao nosso redor. Não importa quantas palavras ou mesmo fatos usemos para nutrir nossos interesses. Num mundo imperfeito, mal e bem estarão sempre por perto. Mas ainda é possível ser bondoso em lugar de malvado. E, por fim, quem comerá o fruto da verdade ou da mentira, do acerto ou do engano, seremos nós mesmos. Pois a vida não faz sentido quando o sentido que damos a ela nega sua sacralidade e valor.
* Usiel Carneiro de Souza é teólogo, administrador e pastor da Igreja Batista da Praia do Canto (Vitória – ES)
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