
Última forma nas Forças Armadas. Dois dos três comandantes – Exército e Marinha – serão trocados antes da posse do presidente Lula, que será no domingo.O anúncio foi feito pelo futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, nesta terça-feira (27).
O general Júlio Cesar de Arruda assumirá o comando do Exército de forma interina nesta sexta-feira, dia 30 . Ele vai substituir o general Marcos Antonio Freire Gomes.
Além do Exército, o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, deve deixar o posto na quinta-feira, dia 29. Quem assume no lugar dele é o almirante Marcos Sampaio Olsen. Na Aeronáutica, a transmissão ocorrerá em 2 de janeiro: sai o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior e entra o tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.
Múcio Monteiro disse que as trocas serão feitas sem viés político. “Os comandados serão os mesmos. Eu estarei na transição. No dia 30, às 10h30, o general Freire vai sair e entregar interinamente a quem vai comandar definitivamente. É uma coisa absolutamente tranquila, não há viés político, sem nenhum problema”, disse Múcio.
MUDANÇA
O anúncio do futuro ministro é uma mudança importante de rumo. No início da semana os três chefes das Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica – disseram que somente entregaram seus respectivos comandos depois da posse do novo governo, que será domingo (1º de janeiro).
Com isso, haviam abortado a manobra que poderia deixar as tropas sem comando (embora o oficial superior mais antigo fosse o responsável pela interinidade), se fosse seguida a sugestão passada ao presidente Jair Bolsonaro de que os três entregassem o cargo nesta semana.
Segundo relatos feitos à Folha de São Paulo, o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, disse que estava decepcionado com a vitória de Lula, razão pela qual gostaria de entregar o cargo antes da posse. Apesar da vontade pessoal, de acordo com uma pessoa presente na reunião do Alto Comando da Marinha, Almir decidiu submeter a decisão ao colegiado.
A avaliação majoritária na cúpula da Marinha é que a manutenção da tradição, com a passagem de comando da Força em janeiro, seria o menos traumático para o almirantado, considerando que o escolhido por José Múcio Monteiro, futuro Ministro da Defesa, tem a confiança dos colegas, o almirante Marcos Sampaio Olsen.
Com a decisão, havia ficado pré-agendado para o dia 5 de janeiro a passagem de comando da Marinha. Garnier também foi aconselhado por aliados, ao longo da semana, a repensar seu posicionamento. O almirante está há mais de 50 anos na Marinha e encerrar sua carreira com uma postura que pode ser interpretada como insubordinação, única na história da força, seria ruim.
A sugestão, patrocinada pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, de antecipar a passagem de comando gerou mal-estar entre as Forças Armadas e aliados de Lula, que viam no movimento uma declaração de insubordinação.
Em reação, Lula acelerou a escolha do ministro da Defesa e antecipou o anúncio dos oficiais-generais que vão assumir o comando das Força a partir de janeiro. Foram escolhidos os mais antigos de cada Força: Júlio César de Arruda (Exército), Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica).
O almirante de esquadra Renato de Aguiar Freire ficará com a chefia do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Ele substituirá o general Laerte de Souza Santos, e a escolha segue o critério de rodízio entre Exército, Marinha e FAB (Força Aérea Brasileira).
TERRORISMO
A troca de comando antecipada pode ser também uma forma de o novo governo ter maior controle sobre possíveis atos de terrorismo de extrema-direita na véspera ou mesmo no dia da posse. O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, já anunciou que os acompamentos antidemocráticos das portas dos quartéis serão desfeitos nas primeiras horas de domingo.
“São células terroristas”, disse Flávio. E pode ocorrer que essa dispersão ocorra antes, uma vez que os comandos de duas das três forças já serão do novo governo.
Nesta sexta-feira (23), em mensagem de Natal aos oficiais, o comandante afirmou que hierarquia, disciplina e coesão do Exército foram testadas neste ano.
“Em um ano como de 2022, esses valores foram mais uma vez postos à prova e mostraram para toda a sociedade que o Exército brasileiro continua forte, disciplinado e unido em prol do nosso Brasil”, disse.
“Parabéns pelos resultados obtidos neste exitoso ano. Com forte sentimento de missão cumprida, desejo a todos um Natal repleto de alegrias e boas memórias, e um 2023 cheio de paz, união, liberdade e realizações. Brasil acima de tudo”, completou.. (Da Redação com Folha de São Paulo e G1)
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