
A Polícia do Distrito Federal aumentou a vigilância sobre o movimento de extrema direita que acampa em frente a unidades do Exército defendendo, de forma antidemocrática, uma intervenção militar contrária ao resultado das eleições que escolheram Lula para suceder Jair Bolsonaro na Presidência da República.
Na noite deste sábado (24), a polícia do DF prendeu um empresário paraense, ligado ao movimento extremista que se replica em praticamente todos os estados brasileiros. O homem confessou ser o responsável pela colocação de uma bomba no aeroporto de Brasília para gerar uma esplosão e causar tumulto na semana de posse do novo presidente.
O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, considerou grave o episódio de Brasília, designou o futuro diretor geral da Polícia Federal, delegado Andrei, para acompanhar o desenrolar das investigações e sinalizou ações duras contra atos que atentem contra o estado democrático de direito.
RIOCENTRO
A ação terrorista do empresário, agindo em grupo, reedita a reação da chamada “direita explosiva do Brasil”, que tentou impedir a abertura política iniciada pelo regime militar no final do governo Geisel (1974-1979) e continuada no governo Figueiredo (1979-1985), quando a chapa Tancredo-Sarney foi elita para dirigir o País.
A extrema direita reagiu com terrorismo à abertura política, cujo marco inicial foi a Lei da Anistia, que permitiu o retorno dos brasileiros exilados. A direita colocou bombas em bancas de revistas, em jornais democráticos, na ABI no Rio e teve seu “maior ato” com a tentativa de explodir uma bomba nas comemorações do dia do trabalhador no Riocentro (RJ), em 1981. “Deu ruim”. O artefato explodiu no colo de um dos militares que executavam o plano.
PRISÃO
A nova direita explosiva e golpista se manifesta nos movimentos ligados ao bolsonarismo, como ficou patente na prisão ocorrida em Brasília, deixando em alerta os que cuidam da segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que tomará posse no próximo domingo.

De acordo com o Correio Braziliense, o empresário bolsonarista que tentou explodir uma bomba na área do Aeroporto de Brasília, neste sábado (24/12), usou explosivos oriundos de garimpos e pedreiras no Pará.
O homem de 54 anos se chama George Washington De Oliveira Sousa e veio do Pará para participar dos atos em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Em depoimento na 01º Delegacia de Polícia (Asa Sul), ele admitiu a motivação política do crime.

George é dono de uma empresa de vestuário em Santarém, no Pará. Ele veio para Brasília logo após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições, em 31 de outubro. Desde então, ele participa de atos em frente ao QG do Exército e mora em um apartamento alugado no Sudoeste.
No começo da noite deste sábado, George foi preso no apartamento. Junto dele, segundo a PCDF, foram apreendidos um fuzil, duas espingardas, revolveres, mais de 1 mil munições e artefatos explosivos.
“Ele estava em uma camionete, carro próprio, e trouxe os armamentos por lá. Mas as emulsões explosivas foram encaminhadas para ele posteriormente. Será investigado quem enviou, mas de antemão elas são oriundas de pedreiras e garimpos do Pará, mas iremos investigar essa conexão”, falou o diretor geral da Polícia Civil do Distrito Federal , Robson Cândido.
De forma espontânea, o criminoso confessou que queria chamar atenção para as questões políticas que tem defendido. “Não temos noção de quantas pessoas colaboraram com ele, mas as investigações vão se aprofundar. Nós respeitamos as manifestações, mas quando ela foge de princípios constitucionais e fere a liberdade do próximo, a PCDF vai agir, e agir com rigor”, concluiu Robson.
Após ser preso sob a acusação de tentar explodir uma bomba na área do Aeroporto Internacional de Brasília, George confessou que gastou mais de R$ 170 mil com a compra de armamentos e munições que seriam usados na prática criminosa.

Segundo informações da polícia, o homem estava no acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército no Setor Militar Urbano (SMU). O valor foi repassado pelo próprio acusado em depoimento à polícia, na noite desse sábado (24/12).
Segundo a PCDF, o criminoso tem registro de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC). Questionado, o delegado Robson Cândido explicou que ele tem a licença, porém tudo que foi apreendido, está fora das normas.
O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, que é juiz federal de carreira e passa o fim de ano em São Luiz, fez uma publicação no twitter reconhecendo a importância da ação policial e anunciando uma série de medidas antiterrorismo.
Dino sinalizou que, assim que tomar posse, o novo governo tomará providências para dissolver e extinguir os acampamentos em frente aos quartéis, que ele considera “incubadora de terroristas”.(Da Redação com Correio Braziliense e G1)
Foto da capa: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil
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