Weber Andrade*
Até pouco tempo eu pensava, acreditava mesmo, que havia um movimento de idolatria política no país, com o povo, evangélico em sua maioria, desistindo do próprio Deus para adorar o que muitos chamam de ‘bezerro de ouro’.
Afinal, já tivemos essa idolatria com Lula, o presidente que se tornou o mais querido do Brasil durante seus mandatos, elegeu sua sucessora e colocou o país em destaque positivo no cenário mundial.
A ação orquestrada pela extrema direita, a partir da segunda vitória de Dilma Roussef, ainda veio disfarçada. Na altura, o corrupto senador mineiro Aécio Neves, que não aceitou a derrota nas urnas, mobilizou a ala mais do que corrupta do Congresso Nacional e ajudou a tomar o poder, embora tenha sido jogado ao limbo da política nacional.
Não era o bastante. Os escândalos de corrupção na Petrobras, o Mensalão, deixaram um estrago enorme na imagem do PT e da esquerda brasileira.
Veio o juiz do Paraná, aquele que qualquer pesquisa mostrava que esteve envolvido em corrupção desde muito cedo, na Justiça Federal. Mas, obteve o beneplácito do “Capitão do Mato” e dos órgãos judiciários superiores – estes mesmos que são execrados pela extrema-direita hoje – para perseguir e condenar Lula sem provas.
O Judiciário acabou sentindo na carne o erro com Lula. O capitão do mato, logo que chegou ao poder – mesmo antes –, já incitava os seus seguidores contra o STF e o TSE.
O STF decidiu corrigir a injustiça contra Lula, mas a extrema-direita não se conformou.
No último pleito, tinha certeza que venceria, tinha certeza de que Lula e o PT seriam enterrados de vez. Não deu.
Agora, nem mesmo o atual mandatário consegue controlar os extremistas inconformados com a derrota. Ontem, 2, ouvi um deles dizer que se Bolsonaro fraquejou, é hora de encontrar outro ‘homem’ com disposição para enfrentar a esquerda.
Traduzindo: nunca foi por Bolsonaro, sempre foi pelo interesse próprio, pela vontade de mandar no país sem oposição, de preferência, acobertados pelos militares.
Felizmente, a Caserna não parece disposta a bancar outra aventura da extrema-direita, que vai precisar encontrar outro “bezerro de ouro’ para adorar e, quem sabe, daqui a quatro anos, tomar o poder de novo.
*Weber Andrade é jornalista profissional há mais de 35 anos, editor de Conteúdo do site Tribuna Norte Leste
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