Pedro Valls Feu Rosa*
De acordo com diversos estudos da ONU o solo das regiões equatoriais é pobre – uma deficiência que influencia toda a cadeia alimentar. Assim, nossos alimentos têm menos nutrientes do que deveriam.
Por causa disso, segundo a OMS, um brasileiro médio não supre sequer um terço das necessidades mínimas recomendadas de vitaminas e sais minerais.
Consumimos, diariamente, 0,83 mg de ferro (o mínimo recomendado é 10 mg), 45 mg de magnésio (o mínimo recomendado é 270 mg), 8,01 mg de zinco (o mínimo recomendado é 15 mg) e 75 mg de cálcio (o mínimo recomendado é 800 mg).
E quanto às vitaminas? Encontrou-se uma deficiência de 78,59% de vitamina A, 22,24% de vitamina B1, 67,82% de vitamina B2, 65,86% de vitamina B6, 27,26% de vitamina B12 e 52,13% de niacina.
Este quadro dramático explica a grande incidência de algumas doenças que nos afligem. Não por acaso, 48% dos pacientes internados nos nossos hospitais são desnutridos.
Além de doenças há comprovada redução da expectativa de vida e dos anos produtivos, e queda de freqüência e aproveitamento no trabalho e na escola. Por exemplo: pesquisadores norte-americanos constataram que crianças com carência de ferro aprendem apenas 50% do que lhes é ensinado.
Assim, não é coincidência que a Região Sul, cujo solo é mais mineralizado, tenha os maiores índices de produtividade. E que na Região Nordeste a estatura dos homens seja 5 centímetros menor e a das mulheres 6 centímetros menor, quando comparadas com a Região Sudeste.
Um aviso: a boa apresentação do alimento nada tem a ver com sua pobre qualidade em nutrientes – ele pode até ser bonito à mesa, mas é fraco em sua essência. Isto significa que, dadas as características do solo brasileiro, teríamos que comer, todos os dias, 1 quilo de pão, 800 gramas de macarrão, 500 gramas de mandioca, 150 gramas de feijão e 200 gramas de arroz.
Este problema tem solução? Sim: um programa de mineralização do solo aliado ao controle científico dos alimentos. Um detalhe: em doenças, cada Real gasto na prevenção economiza cinco outros em tratamentos. Pois bem, em nutrição cada Real gasto economizaria 86 outros consumidos em perda de produtividade, doenças, repetências escolares, aposentadorias precoces etc.
Eis aí, sem dúvida, um dos maiores problemas brasileiros – talvez o maior deles!
*O desembargador Pedro Valls Feu Rosa é articulista de diversos jornais com artigos publicados em diversos Estados da Federação, além de outros países como Suíça, Rússia e Angola.
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