
Terminou em tiros, porrada e bomba a partida em que o Nova Venécia garantiu, no estádio Maria de Lourdes Abadia, o “Abadião”, em Ceilândia, Distrito Federal, sua classificação para as oitavas de final da Série D do Campeonato Brasileiro, com um empate por 1 x 1. O Leão de São Marcos tinha vencido a primeira partida, em casa, por 3 x 1. No final do jogo, os torcedores do Brasiliense invadiram o gramado e partiram para a agressão contra os dois times, além de depredarem a praça de esportes.
O Nova Venécia vai enfrentar a Portuguesa, nas oitavas de final da Série D. Os dois jogos acontecem nos próximos dois finais de semana. A ida será no no Rio de Janeiro a volta no Espírito Santo.
O goleiro Artur, do Brasiliense, não sabia se corria para não ser agredido ou se protegia sua família, que estava nas arquibancadas. Terminada a confusão, o goleiro deu declarações para o canal Sinuca Nacional, no YouTube, em que responsabilizou a Polícia Militar do DF pela invasão. Havia apenas cerca de 15 policiais para fazer a segurança da partida.
“O árbitro já havia chamado os policiais e pedido para fazer a contenção próximo ao alambrado, onde os torcedores faziam menção de invadir e eles não fizeram nada. Depois, os torcedores invadiram e eles ficaram olhando. São cenas lamentáveis. Minha família estava na arquibancada e fiquei preocupado, mas felizmente estão bem”, disse o goleiro.
Poucos policiais faziam a segurança do jogo e ficaram observando a invasão dos torcedores. Quase dez minutos depois é que resolveram reagir e formaram pelotões de enfrentamento, mas os prejuízos já estavam causados. A polícia usou balas de borracha e bombas de efeito moral para tentar conter os torcedores, que insistiam nas agressões.
Algum tempo depois, os torcedores vândalos saíram pelos portões do estádio, com a polícia atrás, e os tiros e bombas continuaram do lado de fora do estádio, enquanto dentro se contavam os prejuízos. Integrantes da delegação do Nova Venécia comentaram em grupos de mensagens que tudo o que tinha no banco de reservas foi roubado pelos vândalos quando os jogadores saíram correndo e não deu tempo de pegar.
De acordo ainda com os membros da delegação, integrantes da comissão técnica do Brasiliense portavam armas não letais de choque elétrico e teriam usado o equipamento contra o representante da Federação de Futebol, conhecido pelo prenome de Rafael, que era delegado da entidade capixaba na partida.
EMPATE

Dentro de campo, as duas equipes jogaram futebol e empataram em 1 x 1. Como tinha a vantagem de 3 x 1 do primeiro jogo em casa, o Nova Venécia venceu o confronto com o Brasiliense pelo placar agregado de 4 x 1 e avança no Brasileirão para enfrentar a Portuguesa, do Rio de Janeiro. Mais uma vez, o primeiro jogo será em Nova Venécia e a decisão da vaga nas quartas-de-final será na Ilha do Governador.
O goleiro Artur lamentou o mau resultado fora de casa: “Fomos muito mal no primeiro jogo e isso foi determinante. Sabíamos que a partida em casa seria difícil, depois do que vivemos lá”.
Autor do único gol do Brasiliense, o atacante Hernane Brocador converteu de pênalti. Aos 11 minutos do segundo tempo, o jogador bateu no canto inferior direito para marcar. Aos 36, Odilávio deixou tudo igual também em penalidade máxima.
A Portuguesa-RJ eliminou o Aimoré-RS por 4 x 3 nos pênaltis após 1 x 1 no agregado. A partida ainda não tem data e hora definidos pela CBF. Por ter avançado na terceira colocação do Grupo 7, contra a terceira colocação do Nova Venécia no Grupo 6, a Portuguesa-RJ tem a vantagem de decidir o confronto em casa.
AGRESSÃO À IMPRENSA
O Correio Braziliense registrou que, com a confusão provocada pela invasão de campo, a arbitragem encerrou a partida. Segundo o jornal, o efetivo da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) focou na proteção do árbitro e agiu para conter a confusão após vários minutos, quando não haviam mais jogadores no gramado. O revide veio com tiros de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral. Alguns torcedores revidaram com pedras e outros objetos: “A invasão dos torcedores do Brasiliense comprometeu de vez o espetáculo e a bola não voltou a rolar no Abadião”.
Até mesmo jornalistas presentes na cobertura do jogo foram intimidados, segundo a jornalista Monique Del Rosso, que cobria a partida pelo Correio. Quando a confusão não estava mais no gramado, profissionais de comunicação foram ameaçados. As transmissões ao vivo realizadas pela Rádio e TV Brasiliense e pela Instat TV, que registravam a invasão dos torcedores, tiveram que ser interrompidas de maneira abrupta. Relatos dão conta, ainda, de que a tribuna de imprensa sofreu avarias. Uma cadeira do local chegou a ser arrancada. (Da Redação com G1 e Correio Braziliense)
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