Ainda é grande o embate travado por pessoas que se opõem à obrigatoriedade de se vacinar contra a Covid no Brasil, apesar das evidências e provas de que a campanha de vacinação empreendida no País, apesar de o próprio Presidente Bolsonaro ter agido contra, está evitando uma tragédia maior no atual momento.
Porém, na Itália, berço ancestral de grande parte dos brasileiros pelo movimento migratório empreendido no final do século XIX, o médico que se notabilizou por liderar os movimentos antivacinas fez um “mea culpa”, se arrependeu do que fez, tomou a vacina e, agora, está pronto para “pagar pelos erros”.
Em entrevista publicada na última quinta-feira (10) ao jornal Corriere dela Sera, Pasquale Bacco revelou que o posicionamento dele mudou após saber que um homem de 29 anos que o seguia — e não havia se vacinado — morreu de covid-19. “Ele tinha no celular os vídeos dos meus comícios”, disse Bacco ao jornal italiano. “Essa morte parece minha culpa. E isso ainda me incomoda”, completou.
Ao jornal, Bacco disse que se tornou um líder antivacina após notar que o que tinha a dizer era “ouro puro para pessoas com medo e em busca de certezas”, mas que, hoje, vê que o que ele dizia contra os imunizantes era algo que nem ele mesmo acreditava.
“Fomos às praças (em protestos antivacinas) e, quando discursávamos, sabíamos que as pessoas queriam ouvir coisas fortes. Então, provocávamos mais e mais”, relatou. “‘Há água de esgoto nas vacinas! Os caixões de Bergamo estavam todos vazios! Ninguém morreu de covid!'”, afirmou, relembrando bordões que repetia aos seguidores.
“Um dia seremos responsáveis por essas coisas”, lamentou. “Você entra em uma absoluta loucura. As pessoas antivacinas têm muito medo e encontram segurança em você”, disse ele, confessando que, por causa dos posicionamentos, conseguiu aumentar a base de clientes que tinha enquanto médico.
“Os clientes se multiplicaram por mil. Para uma visita, eu poderia cobrar qualquer quantia”, relatou. “Ser antivacina pode ser um negócio, e a ocasião faz o ladrão”, afirmou, dizendo que outras pessoas também são antivacinas impulsionadas por fins econômicos.
Agora já vacinado contra a covid-19, Bacco afirmou ao Corriere della Sera que quer ir além, defendendo enfaticamente a vacinação contra a covid-19 como forma de “remediar” os próprios erros.
“Eu tento fazer as pessoas abrirem os olhos”, disse, a acrescentando que, atualmente, está suspenso por seis meses do quadro de membros da entidade que regulamenta a profissão médica na Itália. “Mas não recorri, porque sinto que errei e aceito isso”, pontuou. (Da Redação com informações do Corriere Della Sera)

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