Regiões contíguas, mas com desempenho muito diferente nos índices de homicídios no primeiro mês do ano: enquanto o Noroeste do Espírito Santo apresentou queda de 5,9% no número de mortes provocadas, a região Norte apresentou crescimento de 23,5%. Especialistas ouvidos pela Tribuna Norte-Leste citam a possível influência sazonal do verão, quando a população dos municípios da região Norte aumenta exponencialmente por causa das praias.
Os dados são do painel de homicídios da Secretaria de Estado de Segurança Pública, que coloca na região Norte os municípios cobertos por três batalhões da Polícia Militar e as respectivas Delegacias Regionais. As cinco regiões estaduais são subdivididas em AISP (Ações Integradas de Segurança Pública).
A cidade de Vila Velha, na Região Metropolitana, foi a cidade mais violenta do Estado em janeiro de 2021, com aumento de 267% no número de homicídios em comparação com o mesmo período de 2021.
As autoridades municipais ainda não deram uma explicação, mas a população reclama que a Guarda Municipal, antes muito operante, tem demonstrado pouca efetividade na atual gestão. Isto apesar de ter recebido 11 novas viaturas modernas no mês de dezembro, conforme amplamente divulgado pela Prefeitura.
NORTE
A Região Norte teve 21 homicídios em janeiro de 2022, contra 17 em janeiro de 2021, quando as pessoas ainda estavam mais amedrontadas com a pandemia de Covid, pois as vacinas ainda não haviam chegado. Este ano, com a maioria da população tendo tomado pelo menos duas doses da vacina, as pessoas viajaram e lotaram as praias.
Na AIPS05, formada pelos municípios de Aracruz, Fundão, Ibiraçu e João Neiva, foram assassinadas quatro pessoas no mês de janeiro, o dobro de 2021, quando foram registrados dois homicídios. Aracruz sozinha teve três homicídios, quando no ano passado, no mesmo mês, estava em zero. O outro crime da região foi em Ibiraçu. Portanto, a AISP05 teve crescimento de 100%.
LINHARES VIOLENTA
Na região de Linhares, chamada AISP12 e formada ainda por Sooretama e Rio Bananal, foram cinco assassinatos em janeiro de 2021 e oito no mesmo período em 2022, com crescimento de 60%. Linhares puxou os índices, com seis assassinatos este ano e quatro no ano passado. Sooretama, que é seu antigo distrito, teve dois neste ano e um no ano passado. Ou seja, os homicídios foram todos na região expandida de Linhares.
Na AISP 13, formada por São Mateus, Conceição da Barra, Jaguaré e Pedro Canário, houve leve queda de 10% No ano passado, foram dez crimes nesse período, enquanto em 2022 foram nove.
Conceição da Barra teve o melhor desempenho, com duas mortes em janeiro do ano passado e nenhum neste ano. São Mateus registrou quatro em 2022, mesmo número de janeiro de 2021, da mesma forma que Jaguaré, com quatro e quatro, porém, com população quatro vezes menor. Em Pedro Canário não houve homicídio em janeiro de 2021, mas já teve um em janeiro de 2022.
NOROESTE
A Região Noroeste, que no ano passado teve 17 homicídios em janeiro, este ano ficou em 16, leve queda. Na AIPS02 (sediada em Nova Venécia) a situação está melhor este ano, com sete homicídios em janeiro, contra nove no mesmo período em 2021. Pinheiros teve queda de três para um, enquanto Vila Valério aumentou de um para dois. Nova Venécia teve dois em 2021 e apenas um crime em 2022, enquanto São Gabriel da Palha manteve os números: dois em 2021 e dois em 2022.
Ponto Belo, Montanha e Vila Pavão mantiveram zero em janeiro dos dois anos, enquanto Boa Esperança também teve zero este ano, mas um no ano passado. Mucurici, ao contrário, teve zero ano passado e um neste ano.
A AISP08 (Colatina) teve índices piorados, puxados por Colatina e Baixo Guandu, que em 2021 tiveram um homicídio em janeiro e em 2022 já registraram três. Colatina, porém, tem quatro vezes mais habitantes. No geral, a região saiu de sete para nove homicídios, portanto, quase 30% de crescimento. Alto Rio Novo e Marilândia zeraram em janeiro nos dois anos, enquanto Governador Lindenberg caiu de um para zero, e São Domingos do Norte saiu de zero para um.

O destaque volta a ser a AISP11, sediada em Barra de São Francisco, com apenas dois crimes contra a vida em janeiro de 2022, enquanto em 2021 havia tido três. Os três crimes de 2021 haviam sido em Barra de São Francisco, que neste ano teve apenas um. O outro homicídio foi em Mantenópolis, que tinha zerado em 2021. Os demais municípios – Ecoporanga, Águia Branca e Água Doce do Norte – zeraram janeiro tanto em 2021 quanto em 2022.
ESTADO
O Espírito Santo começou o ano com queda de 10,3% no número de homicídios, fechadas as estatísticas de janeiro. No ano passado, o primeiro mês do ano teve 107 crimes de morte, enquanto em 2022 forma 96.
O melhor desempenho de janeiro foi na Região Sul do Estado, com reduziu de 75% no número de homicídios, caindo 20 em 2021 para cinco em 2022. Duas regiões – AISP03, que cobre a região do Caparaó (Alegre, Bom Jesus do Norte, Guaçuí, Dores do Rio Preto, Apiacá, Divino de São Lourenço, São José do Calçado e Jerônimo Monteiro) e a AISP13 (Anchieta, Piúma, Alfredo Chaves e Iconha) zeraram os homicídios em janeiro de 2022. No ano passado, foram dois na Região do Caparaó (Guaçuí e São José do Calçado) e cinco na de Anchieta (três em Anchieta, um em Piúma e um em Alfredo Chaves).
Ainda na Região Sul, a mais populosa, que é a da AISP09, de Cachoeiro de Itapemirim, totalizando 325 mil habitantes, reduziu os crimes este ano para apenas três, a metade de janeiro de 2021 (seis). Os três deste ano foram em Cachoeiro, que havia registrado dois no ano passado, quando Vargem Alta e Mimoso tiveram um, e Atílio Vivácqua teve dois. Neste ano, estes municípios e mais Muqui, Castelo e Vargem Alta não tiveram mortes provocadas ainda em 2022.
Na AISP18, sediada em Itapemirim, a queda foi de sete para dois homicídios, ocorridos neste ano justamente em Itapemirim e Marataízes, que são cidades contíguas. Presidente Kennedy zerou janeiro nos dois anos. Rio Novo do Sul teve um no ano passado e zerou janeiro de 2022.
PIOR DESEMPENHO: SERRANA
A tranquila região serrana do Espírito Santo surpreendeu na violência contra a pessoa em janeiro de 2022, com crescimento de 50% em relação a janeiro de 2021, o que nominalmente não representa muito: de quatro no ano passado para seis neste ano.
Iúna, na região do Caparaó, foi a cidade mais violenta deste ano na chamada região serrana, assim definida pela SESP, com três homicídios, enquanto no ano passado havia zerado. Ibatiba, antigo distrito de Iúna, teve o outro homicídio deste ano (em 2021 teve dois), totalizando quatro a três na região da AISP14. Brejetuba, Muniz Freire e Irupi zeraram janeiro nos dois anos, Ibitirama zerou em 2022, mas teve um em 2021.
A AISP15 zerou em 2022, tendo um em 2021, que havia sido em Afonso Cláudio. A sub-região tem ainda Conceição do Castelo, Laranja da Terra e Venda Nova do Imigrante. A região serrana ainda tem a AISP17, que teve apenas um homicídio em janeiro, em Santa Maria de Jetibá. No ano passado, havia sido zero no geral. A AISP tem ainda Santa Teresa, Itaguaçu, Itarana, São Roque do Canaã e Santa Leopoldina.
REGIÃO METROPOLITANA
A Região Metropolitana da Grande Vitória, com quase 2 milhões de habitantes em Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana e Guarapari, teve queda de 2% no número de homicídios em janeiro, comparado com o mesmo período em 2021. Foram 49 no ano passado e 48 neste ano.
Vila Velha, segundo município mais populoso do Estado, com 510 mil habitantes, teve os piores índices, saltando de seis mortes em janeiro de 2021 para 22 em 2022, um crescimento de 267%. Cariacica teve o melhor, caindo 55%, de 20 em 2021 para nove em 2022. Vitória caiu de seis para quatro e Viana de três para dois, ambos com queda de 33%. Na Serra, o município mais populoso do Estado com cerca de 540 mil habitantes, houve queda de 10%, de dez no ano passado para nove neste ano. (Da Redação de Vitória com informações do Painel de Homicídios da SESP/ES)
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