
A intensivista e cardiologista Ludhmila Hajjar declarou que atualmente as UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) estão lotadas de pacientes não vacinados contra a Covid-19 e alertou para os danos da doença entre profissionais da saúde. A médica foi cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar do ex-chefe da pasta, o general Eduardo Pazuello, em março de 2021, mas recusou o convite do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao jornal O Globo, Hajjar classificou como “brutal” a diferença no impacto da contaminação pela variante ômicron entre vacinados e aqueles não imunizados ou que não completaram o ciclo de imunização — vacinados “dificilmente” desenvolvem casos graves da doença. As UTIs estão atualmente só com casos de covid entre os não vacinados.
A entrevista da médica vai ao encontro da fala do secretário municipal de Saúde de Barra de São Francisco, Elcimar de Souza Alves, sobre o recrudescimento dos casos de Covid-19 em Barra de São Francisco. No dia 4 de janeiro, 45 casos ativos. Em oito dias, esse número saltou para 160 casos ativos, o mais alto índice dos últimos cinco meses.
Para Alves, o aumento de casos se deu por causa do descuido das pessoas com as práticas de proteção e higiene após a queda substancial de internações e mortes provocadas pela doença e também porque um contingente considerável da população acabou por rejeitar a vacina ou começar a tomar as doses tardiamente.
“Isso (o aumento dos casos) é consequência do pessoal que retornou das viagens de final de ano, infelizmente já esperávamos. São notificações feitas pela farmácia que faz o teste, hospital, e nossa rede, em decorrência da grande testagem por causa dos sintomas de gripe e, por fim, da grande capacidade de contaminação da ômicron”, explica.
O secretário destaca ainda que, mesmo com o grande aumento do número de casos, o município não tem pessoas internadas em leitos da UTI por conta da Covid e os casos são todos leves.
“Hoje, temos apenas uma pessoa internada no hospital, em enfermaria, por causa da Covid. A gripe tem provocado mais problemas do que o coronavírus graças à vacinação promovida e à conscientização da população, que entendeu a importância de se vacinar”, ressalta.
Veja também
https://tribunanorteleste.com.br/barra-de-sao-francisco-registra-mais-5-casos-de-covid-19-nesta-quarta-feira-12-numero-de-obitos-se-mantem-estavel/
ATENDIMENTO AMBULTORIAL
Questionada se já presenciou um paciente infectado arrependido por não ter tomado a vacina, a médica Ludhmila Hajjar respondeu: “Como intensivista, tenho visto cada vez mais pacientes internados arrependidos de não terem sido vacinados. Eles chegam com a forma grave da doença, se arrependem, porém, já é tarde”.
Hajjar alertou para a importância da vacinação, pois a Covid-19 é um vírus muito novo que ainda pode “nos trazer surpresas”, e ressaltou que, com a variante ômicron, “a doença tem apresentado comportamento semelhante” nos sistemas de saúde público e privado. “A variável mais expressiva em relação ao perfil da doença, tem sido, definitivamente, o não vacinado”, observou.
Apesar do alerta sobre possíveis “surpresas”, Ludhmila afirmou acreditar na linha científica que aponta um possível fim da pandemia em razão do alto nível de infecção pela doença atualmente.
Na segunda-feira, 10, o mundo registrou um novo recorde de casos de Covid-19 em 24 horas, com mais de 3 milhões de infectados, segundo dados do Our World in Data, projeto ligado à Universidade de Oxford.
Segundo a médica, “em uma semana os sistemas de saúde deverão entrar em colapso no Brasil” pelo aumento no número de infecções, levando as pessoas a se encaminharem aos ambulatórios, e a quantidade de profissionais da saúde afastados por também estarem contaminados pela Covid-19.
“A maioria dos médicos e enfermeiros foi imunizada com duas doses da CoronaVac e reforço da Pfizer. A Coronavac foi importantíssima no início, frente à inexistência de outras. Mas ela não protege como as outras em relação a novas variantes. Muitos de nós seremos infectados. De uma forma mais branda em relação ao que se viu há um ano, quando não havia imunizantes no Brasil. Mesmo assim, seremos afastados”, salientou.
Ludhmila explicou que apenas na sua área em uma das unidades de saúde em que atua, o Hospital das Clínicas, em São Paulo, já tem 56 profissionais afastados por estarem com a doença. A médica ainda definiu como “perigoso” a possível permissão para profissionais da saúde vacinados com a dose de reforço trabalharem mesmo contaminados.
A intensivista finalizou dizendo ser contra o fim da obrigatoriedade no uso de máscaras em ambientes abertos visto o atual cenário da doença no país e no mundo: “Nesse momento, com o número de infectados em ascensão, com o surgimento de novas variantes, ainda com desigualdade na aplicação das vacinas, eu sou contra abolir uso de máscaras, medidas simples, disponível e efetiva contra a Covid-19.” (Da Redação com informações do portal UOL)
Comente este post