
Metade da população atual de Colatina não era nascida quando a cidade foi devastada pela maior enchente de sua história, em janeiro de 1979, quando as águas chegaram a quase 2 metros de altura na avenida Getúlio Vargas. Quem viveu aqueles dias, lembra-se ainda traumatizado dos botes navegando no leito das ruas e passando por cima de casas totalmente cobertas pelas águas.
Naquela época, quase 48 mil pessoas tiveram que deixar suas casas nos Estados de Minas E Espírito Santo. Foram registradas 74 mortes. Houve 4.424 residências atingidas nos dois estados. A maior cheia da história do Rio Doce foi em 1997, quando o manancial ultrapassou a cota de 8,70 metros, mas não teve o impacto de 1979 por causa das providências que foram tomadas.
Depois da grande enchente de 1979, algumas administrações municipais fizeram obras importantes, como a retirada da favela que existia na chamada Rua da Lama, onde hoje está construído o centro esportivo do SESC, foi construído ainda nos anos 80 um forte muro de gabião (uma espécie de gaiola de arame galvanizado) ao longo da margem do rio, contendo-o dentro de seu leito.
Com tudo isso, esse fantasma de vez em quando volta, até porque há muitos bairros baixos principalmente nas margens do rio Santa Maria, que, com a cheia do Doce, é represado e invade as ruas, por exemplo, do bairro Maristas e na região mais baixa de Maria Ismênia e Vila Lenira. Honório Fraga, um dos maiores bairros da cidade, na margem esquerda do rio, também corre risco.
Esse fantasma apareceu de novo em 2013, quando a cidade foi de novo inundada quando o rio atingiu 9,50 metros de altura. Naquele ano, morreram oito pessoas na cidade. Antes, em 1997, houve outra enchente assustadora. Como se vê, as enchentes são sazonais a períodos aproximados de sete anos de intervalo.
A Defesa Civil emitiu alerta de que nesta noite o rio vai atingir a cota de 7,20 metros acima de seu leito.
Hoje, 12, pela manhã, o rio atingiu 7,52 metros. De acordo com uma tabela divulgada no início da semana, isso significa que as águas do rio Doce vão chegar a partes importantes da cidade, como a rodoviária, calçadão Oba, área verde da Avenida Moacyr Dalla (Beira-Rio), Hospital Santa Maria, além de bairro Martinelli (Capivarinha), Horta Maria das Graças e interromper o acesso por baixo da ponte Florentino Avidos. Vai ficar faltando pouco – menos de meio metro – para que as águas alcancem a rua Alexandre Calmon.
E, pelas notícias que chegam de Governador Valadares, a preocupação aumenta. No comunicado oficial da Defesa Civil, a previsão é que o rio atinja 7,20m na noite desta terça-feira e continue a subir, porque, além das águas que estão passando em Valadares, ainda existe a cheia do rio Manhuaçu, que deságua próximo a Aimorés. Em Governador Valadares, a enchente já é considerada a maior dos últimos 25 anos.
O Manhuaçu é abastecido pelas da vertente norte da Serra do Caparaó, na divisa de Minas com o Espírito Santo, através do rio Zé Pedro, além de todos os afluentes ao longo de 264km percorridos pelo manancial, atravessando 29 municípios mineiros.
Dez pessoas morreram nas últimas 24 horas em Minas Gerais em função das chuvas, segundo a Defesa Civil. Viagem de trem entre Vitória e Belo Horizonte já está suspensa desde o início da semana. Nesta terça, empresas suspenderam viagens de ônibus saindo do Norte e Noroeste do Espírito Santo para as regiões do vale do Rio Doce e Vale do Aço. (Da Redação com José Caldas da Costa)
Veja também
Comente este post