A Petrocity Ferrovias entrou com pedido de autorização junto ao Ministério da Infraestrutura para construir e operar sua quarta ferrovia, que é um ramal de 50km ligando a Estrada de Ferro Planalto Central, a partir de Corumbá de Goiás à cidade de Anápolis, maior centro de distribuição do Estado de Goiás. O pedido resultou de uma conversa dos executivos da empresa com secretários de Estado do Governo de Goiás.
Com isso, a produção industrial da maior cidade do interior daquele Estado poderá chegar ao Centro Portuário de São Mateus através das ferrovias que a Petrocity pretende construir nos próximos 10 anos, com investimentos totalmente privados, de aproximadamente R$ 30 bilhões. A cargas de Anápolis transitarão pelo ramal até alcançarem o leito principal da EF Planalto Central, chegando a Unaí (MG).
Na cidade mineira, que terá uma Unidade de Transbordo e Armazenagem de Cargas (UTAC) mista, como a de Barra de São Francisco (ES), os vagões de cargas procedentes de Anápolis são transferidos para a Estrada de Ferro Juscelino Kubitscheck (EF 030), ligando Brasília a Barra de São Francisco.
Na cidade capixaba, os vagões passarão por uma nova transferência, agora para os trens da Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo (EFMES), que ligará as cidades do Vale do Aço (MG) ao porto da Petrocity em Urussuquara, litoral de São Mateus (ES).
Os carros fabricados desde 2007 em Anápolis pela fábrica CAOA Hyundai estão entre as cargas que, no futuro, poderão passar pela UTAC de Barra de São Francisco rumo ao CPSM. O grupo CAOA tem capacidade de produzir até 50 mil carros por ano na cidade goiana.
“É um ramal estratégico para a Petrocity Ferrovias, por chegar a um dos mais importantes polos econômicos regionais do Brasil. Aquilo que a gente fala do Noroeste capixaba, como novo Eldorado do Espírito Santo, já está acontecendo há muitos anos em Goiás, seja pela produção de grãos do cerrado, seja pelas potências que são cidades como Goiânia, a capital, e Anápolis”, disse José Roberto Barbosa, presidente da Petrocity Group.
SAIBA MAIS SOBRE ANÁPOLIS
De acordo com informações oficiais fornecidas pelo município, Anápolis se projeta como um grande polo de desenvolvimento no Centro-Oeste brasileiro. Na década de 70, a cidade se tornou Área de Segurança Nacional abrigando a Força Aérea. Hoje Anápolis possui o segundo maior PIB de Goiás, conta com os principais pólos industriais e farmacêuticos goianos e caminha para se tornar um centro de excelência na distribuição de produtos para todo o Brasil e para o exterior. Anápolis é considerada a cidade mais competitiva do estado.
Conforme o anuário Multi Cidades – Finanças dos Municípios do Brasil, publicado pela Frente Nacional de Prefeitos, referente ao ano de 2018, Anápolis pontuou em segundo lugar no ranking dos 100 maiores PIBs do Estado e na 65º posição nacional. Em Goiás, a cidade ficou atrás de Goiânia, que chegou em 14º em todo País. Na região Centro-Oeste, Anápolis está em 5º no ranking, atrás apenas das capitais: Brasília (DF), Goiânia (GO), Campo Grande (MS) e Mato Grosso (MT), com 2,15% de participação.

Além disso, Anápolis, com mais de 300 mil habitantes, figura entre os cinco maiores geradores de empregos no Estado. No acumulado do ano, de janeiro a novembro de 2019, o município abriu 2.425 novos postos de trabalho, ocupando terceira posição no ranking estadual, atrás de Goiânia e Rio Verde. A cidade cresceu três posições desde 2017.No ranking das Melhores Cidades para se Fazer Negócios, da Revista Exame, Anápolis foi considerada a 3ª melhor de Goiás e a 57ª no País, subindo 21 posições desde 2018.
Conforme reportagem publicada em 2019 pelo portal Jornal Opção, além do polo farmacêutico consolidado, a instalação de grandes empresas tem feito com que Anápolis seja destaque nacional em ambientes propícios para negócios. Segundo a especialista do Instituto Mauro Borges, Clécia Satel, a geração de empregos é um reflexo dessa industrialização.
De acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), órgão do Ministério da Economia, com dados divulgados dia 30 de novembro de 2021, a capital Goiânia ocupa o primeiro lugar na geração de empregos no Estado no mês de outubro, com saldo de 3.994 vagas; Anápolis fica com o segundo lugar no ranking, com novas 531 vagas. Já no saldo acumulado, no período entre janeiro e outubro, Goiânia também é líder entre os municípios, com saldo de 35.051, seguido de Anápolis, com 7.493.
Além disso, é a principal cidade importadora de Goiás, tendo concentrado quase 45% das importações de insumos no ano de 2018. Enquanto o Estado importou o volume de U$ 3,5 bilhões, em produtos como insumos para produção de medicamentos, máquinas e peças automotivas, Anápolis movimentou U$ 1,58 bilhão no ano. Em 2017, o volume importado pela cidade representou 49,8% do total no Estado. Os dados são da Síntese de Indicadores Socioeconômicos do Instituto Mauro Borges (IMB).
O estudo revela ainda, desde 2006, a manutenção do município em primeiro lugar no ranking dos principais importadores de Goiás. A cidade também detém o segundo maior PIB do Estado, que em 2016, último medido pelo IMB, ficou em R$ 13,118 bilhões, o que representa 7,2% do PIB do Estado.
De acordo com a mestre em economia regional e pesquisadora do IMB, Clécia Satel, o nível de importações em crescimento revela o impacto positivo da industrialização no desenvolvimento econômico da cidade, que segundo ela, é um dos principais polos atrativos de Goiás e até mesmo do Centro-Oeste para novos negócios. A observação da pesquisadora é referendada pela pesquisa da Urbam System, que classificou Anápolis entre as cem cidades mais competitivas do Brasil e apontou crescimento de 15 pontos no ranking dos melhores municípios para fazer negócios em 2018.
O movimento, segundo Clécia Satel, é muito positivo para a economia goiana, pois importa insumos para produção de itens de maior valor agregado e que posteriormente serão exportados. “Esses negócios contribuem significativamente para o equilíbrio da balança comercial do Estado. Só a indústria farmacêutica respondeu por 34% das importações em 2018 e as máquinas e peças para montagem de automóveis por mais de 15%”, afirma.
FÁBRICA DE AUTOMÓVEIS
O perfil das importações da cidade, segundo Clécia, mudou nos últimos anos, especialmente após a instalação, em 2017, da montadora de automóveis Caoa Hyundai, que precisa adquirir peças pré-fabricadas no exterior. Mas é o polo farmacêutico existente na cidade que mais agrega para que Anápolis seja a primeira colocada no ranking de importação no Estado.

Só no Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA), são mais de 20 empresas dessa área, como os Laboratórios Teuto Brasileiro e Neoquímica, que empregam em geral mais de dez mil pessoas. Além da grande quantidade de laboratórios farmacêuticos e de indústrias químicas, o Distrito criado na década de 1970 ainda possui uma Estação Aduaneira e diversas outras empresas, somando mais de 200 unidades fabris.
Para Clécia Satel, existe todo um conjunto que faz Anápolis ser considerada uma cidade competitiva envolvendo sua industrialização, mas também a localização, educação e geração de empregos. “Esses fatores contribuem para a formação de uma rede que fornece condições para o desenvolvimento de negócios, pois a cidade tem diversas instituições de ensino que formam profissionais com boa qualificação; sendo assim, as empresas têm resultados satisfatórios”, pontuou.
QUALIFICAÇÃO
De acordo com a economista Clécia Satel, além de muitas oportunidades de trabalho, Anápolis oferece postos de trabalho de maior qualidade, que exigem maior nível de especialização, portanto, resultando em melhores salários. Esse movimento, segundo a especialista, reflete em vários setores da economia local, comércio, imóveis, serviços, gerando mais investimentos e, consequentemente, mais renda e trabalho.
“A industrialização e empregabilidade causam um impacto positivo nos diversos setores da atividade econômica, pois gera demanda por serviços e comércio, alavancando até o mercado imobiliário, por conta da demanda maior por moradias”, esclarece.
Conforme Clécia, o setor imobiliário é um dos que mais são impactados com o processo de desenvolvimento econômico, já que com a geração de mais empregos, vem logo a demanda por mais residências e também por outras estruturas, como prédios e escritórios que abrigam prestadores de serviços em diversas áreas, educação, saúde, alimentação, segurança, transporte. Exemplo disso é o lançamento, em breve, do primeiro complexo imobiliário mixed use de grande porte da cidade, que trará para o município investimentos da ordem de R$190 milhões. (José Caldas da Costa)
Comente este post