São 20 milhões de toneladas de grãos previstos para serem transportados por ano até Barra de São Francisco, de onde a carga irá para o Centro Portuário de São Mateus através da Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo, e daí para o mundo.
Este é o objetivo do terceiro projeto apresentado pela Petrocity Ferrovias, a Ferrovia Planalto Central, com pedido de autorização ao Governo Federal dentro da modelagem do novo Marco Ferroviário, estabelecido pela Medida Provisória 1065/2021, que vence nesta quinta-feira (28), mas pode ser renovada.
Com isso, a empresa fecha um ciclo de logística que visa aos segmentos de grãos (especialmente milho e soja), aço e minerais, mas também cargas gerais, tanto para exportação quanto para distribuição a outros centros por meio do transporte de cabotagem. Da Planalto Central as cargas entram por transbordo em Brasília para a Ferrovia JK até Barra de São Francisco.
A nova ferrovia que a Petrocity quer construir terá 530 km e vai ligar Unaí, maior produtor de grãos de Minas Gerais, e Campos Verdes, no centro produtor de Goiás, a um investimento previsto de R$ 5,3 bilhões. Anteriormente, a empresa já havia feito solicitações de autorização para construir a Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo (EFMES), com 420km ligando o Vale do Aço a São Mateus e previsão de R$ 4,1 bilhões, e a Ferrovia Juscelino Kubtscheki, com 1.200km ligando Brasília a Barra de São Francisco, com investimento de R$ 14,22 bilhões.
“É tanta riqueza de cargas que vai faltar porto no litoral capixaba”, disse o presidente da Petrocity Group, José Roberto Barbosa da Silva que passa a semana em Brasília entre a sede da Petrocity Ferrovias e a Associação Brasileira de Executivos de Logística e Atividades Portuárias (Abelap), onde também é presidente, com passagens por instâncias políticas decisivas da capital federal. O porto da Petrocity em São Mateus está projetado para 18,5 milhões de toneladas por ano e tem sua licença ambiental em tramitação no Ibama.
HUB LOGÍSTICO
No próximo dia 25 de novembro, está prevista a realização, em Barra de São Francisco, do Fórum Rota 381, em que José Roberto Barbosa vai expor para as lideranças políticas e empresariais do Norte e Noroeste do Espírito Santo o impacto que essas ferrovias terão sobre a região. “Barra de São Francisco vai se transformar no maior hub logístico do País, onde a Unidade de Transbordo e Armazenagem de Cargas fará a interligação das cargas entre a Ferrovia JK e a EFMES, com destino a São Mateus, ou mesmo de cargas do Vale do Aço para o Centro do Brasil, além de cargas que chegarem no porto para serem interiorizadas. Temos ainda sal gema de Conceição da Barra par a as indústrias internas”, disse José Roberto.
O anúncio do início da duplicação da BR 101, começando com o trecho entre Serra e João Neiva, no trevo com a BR 259, também foi recebido com otimismo por José Roberto. “Como os projetos das ferrovias são para os próximos 10 anos, é o tempo também de a duplicação da BR 101 chegar à divisa com a Bahia, o que permitirá uma perfeita integração dos modais rodoviário, ferroviário e marítimo, pois há um movimento para duplicação também da BR 381 entre São Mateus e Governador Valadares”, salientou.
MARCO FERROVIÁRIO
José Roberto participa como palestrante do dia 11 de novembro do Fórum Novo Marco Ferroviário, a ser realizado online e reunindo as maiores autoridades nacionais do setor. “Todas três ferrovias já têm estudos de viabilidade econômica e, assim que obtivermos as autorizações, vamos partir para a consolidação dos projetos e captação de investidores”, salientoud
O Governo Federal está entusiasmado com os projetos privados para o setor. O Ministério da Infraestrutura informou que a previsão de investimento bateu a marca de R$ 100 bilhões com a entrada de dois novos projetos, já incluídos no mapa divulgado pela pasta.
De acordo com o governo, 19 pedidos de autorização já passam por “análise de viabilidade locacional” junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Os 23 requerimentos apresentados envolvem 12 grupos de investidores privados interessados em aportar recursos no setor.
Além do projeto da Petrocity, a outra empresa a apresentar pedido de autorização, mais recentemente, é a Minerva Participações e Investimentos S.A. A companhia pretende construir o trecho de ferrovia com 571,3 km de extensão, conectando os municípios de Açailândia (MA) a Barcarena (PA). Neste caso, é o primeiro pedido da empresa, que pretende criar uma nova alternativa de escoamento da Ferrovia Norte-Sul (FNS). O ramal ferroviário deve receber R$ 5,71 bilhões em investimentos.
O prazo de votação da MP 1.065/21, que estabelece o novo Marco Ferroviário, se encerra nesta quinta-feira, 28.
Segundo o jornal Valor Econômico, especializado em economia, mesmo com a possibilidade de renovação do prazo, a medida provisória concorre com outra proposta legislativa semelhante, aprovada em setembro no Senado e atualmente analisada na Câmara dos Deputados — trata-se do PLS 261/18, proposto pelo senador licenciado José Serra (PSDB-SP). (Da Redação com José Caldas da Costa)
Comente este post