Que o presidente da 5ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e procurador municipal, Raony Scheffer e o prefeito Enivaldo dos Anjos (PSD) não se entendem, é fato conhecido em Barra de São Francisco.
No início deste ano, os dois chegaram a posar juntos para fotografias em evento na Câmara Municipal e Raony chegou até a anunciar uma parceira da OAB com a Prefeitura para implantar o Procon Municipal.
Mas o armistício durou pouco e, esta semana, Raony Scheffer partiu para o ataque aberto à administração, depois que sua avó precisou utilizar um micro-ônibus para se deslocar até outro município para fazer hemodiálise.
De acordo com o Site Vitória, Scheffer levantou suspeitas sobre contratos firmados pela Prefeitura e reclamou muito do fato de terem cortado o transporte em automóveis da Semus para tratamentos fora do domicílio.
Em sua página no Facebook, Raony ameaçou até mesmo acionar o Ministério Público (MPES) para garantir o transporte de sua avó em carro pequeno.
Nas últimas semanas, o prefeito Enivaldo dos Anjos vinha postando informes enviados pelo aplicativo de mensagens Whatsapp relatando os altos custos para o município da utilização de veículos de passeio da prefeitura para transporte individual de pessoas para tratamentos específicos, principalmente, de pessoas de condições financeiras boas.
Através do Instagram e do Facebook, o advogado disse que “a Prefeitura de Barra de São Francisco, sem qualquer comunicação oficial prévia, suspendeu o transporte com carros pequenos de pacientes para hemodiálise em Colatina, determinando que todos eles – até mesmo os com a saúde muito debilitada – passem a ser transportados por um micro-ônibus”.
Segundo ele, “vários pacientes, que não foram comunicados, ficaram esperando o transporte em suas casas (que não apareceu); e alguns que descobriram tal fato – após horas de espera – tiveram que se dirigir à Secretaria Municipal de Saúde para serem transportados pelo micro-ônibus”.
A postagem está acompanhada de um vídeo, assim identificado por Raony Schaeffer: “Na imagem acima está uma senhora de 87 anos de idade, cuja saúde está muito debilitada (inclusive acamada), que vinha fazendo uso há anos de carros pequenos da Secretaria de Saúde para realização de hemodiálise em Colatina três vezes na semana, assim como outros pacientes com o quadro de saúde análogo ao dela”.
E acrescentou: “Hoje, após três horas de espera, quando foi ser colocada no interior do micro-ônibus (o qual não dispunha de elevador), ela teve que ser ajudada por terceiros a subir e acabou sendo lesionada, vindo a sangrar e ficou tremendo. Essa senhora é minha avó materna (Maria Brum da Fonseca), e minha família estará denunciando a situação ao Ministério Público. Importante destacar que várias outras pessoas que moram no interior – cuja saúde também está muito fragilizada – ficaram sem transporte para hemodiálise”.
Na sequência, o advogado, que preside a OAB e é procurador do Município, criticou “o que estão fazendo com os usuários do nosso Sistema de Saúde, tentando economizar nesse setor que é o mais essencial para as pessoas carentes, enquanto gastam com contratos milionários cujos serviços eram prestados pela gestão passada pelos próprios servidores da Prefeitura, a exemplo do fumacê e podas de árvores (privilegiando empresas privadas); sem falarmos nos gastos com aditivo contratual da reforma de uma praça pública que já está praticamente terminada, dentre tantos outros gastos”.
Privilégios
Antes da decisão de suspender o transporte individual pelos carros da saúde, o prefeito havia distribuído uma mensagem dando conta de denúncias vindas da comunidade.
“Temos recebido denúncias desde o início do ano sobre uso dos carros automóveis da saúde para privilégios de uns em detrimento de outros. Fizemos o levantamento e constamos ser verdade e hoje recebemos até esta mensagem denúncia”, diz o texto anexado a uma mensagem em que o denunciante disse que “muitos vão nesses carros dizendo que vão consultar em Vitória e não apresentam documentos. Conheço muitos desses espertinhos que viajam para Vitória sem pagar passagem, usando carros da prefeitura”.
O prefeito Enivaldo dos Anjos emitiu a seguinte nota de esclarecimento por listas de transmissão do Whatsapp: “A prefeitura está sendo atacada por algumas poucas pessoas, que não se conformam com as novas medidas moralizadoras adotadas pela Secretaria de Saúde, cortando o privilégio de alguns, que exigem tratamento de carro da saúde, como se fosse particular, para levar seus parentes para tratamento de saúde, exigindo ainda carro da prefeitura exclusivo.
Estranhamente, essas poucas pessoas que estão reclamando possuem carros caros, mas não os utilizam em benefício da família e querem que a prefeitura faça transporte especial para seus familiares. Consideramos que o serviço público tem que ser igual para todos, sem privilégios. Se pobre vai de ônibus, micro-ônibus e van, por que alguns influentes querem privilégios? Esta pergunta fica para todos avaliarem. Eu sou prefeito e tenho direito a carro de gabinete, mas não uso para dar o exemplo. Vamos ajudar o município. Enivaldo dos Anjos, prefeito.” (Da Redação com Site Vitória)
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