O secretário de Cultura e Turismo de Pedro Canário, Fúlvio Trindade de Almeida, preso pela Polícia Federal na tarde desta quarta-feira (20) por receber “propinas” em contratos de sua pasta, não deverá ser mantido no cargo. Uma fonte da administração revelou que a situação do secretário tornou-se insustentável diante das provas levantadas pela Polícia.
Internamente, há um movimento do grupo político que controla a Prefeitura para evitar a repercussão do caso, com recomendações ao secretariado e demais servidores de confiança para não compartilharem reportagens sobre o tema, mas a Justiça de São Mateus manteve o secretário preso, após a audiência de custódia nesta quinta-feira (21). Ele está recolhido ao Centro de Detenção Provisória de Aracruz.
Dois empresários de São Mateus também tiveram mandado de prisão expedido pela Justiça, a pedido da PF, mas estão foragidos: Adair Vizentini Narcizo, o Adair Batifun, e Paulo César Oliveira Gama, o Paulo da Abavam. É por causa disso que Fúlvio, que também é advogado, foi mantido preso. Para evitar que atrapalhe das investigações.
Outras quatro pessoas relacionadas aos empresários foram alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Eco da Fraude, deflagrada com o objetivo de combater crimes de corrupção, fraude em licitações e lavagem de dinheiro na região Norte do Espírito Santo.
Durante as buscas, diversas mídias e documentos foram apreendidos e serão submetidos à perícia para aprofundamento das investigações, visando a apuração de eventuais outros partícipes e a total elucidação dos fatos.

Os investigados serão processados pelos crimes de corrupção passiva e ativa, fraude ao caráter competitivo de licitações e lavagem de dinheiro, conforme as hipóteses criminais apuradas no curso da investigação.
De acordo com o delegado Leonardo Reis Guimarães, da Polícia Federal em São Mateus, a fraude em Pedro Canário foi descoberta no cruzamento de informações relacionadas a outras investigações.
OPERAÇÃO MINUCIUS
Um dos empresários envolvidos, Paulo da Abavam, é réu na Justiça Federal em processo que envolve corrupção na gestão de Daniel Santana, o Daniel da Açaí, que foi prefeito de São Mateus de 1º de janeiro de 2017 até 31 de dezembro de 2024. Paulo foi alvo na Operaçãço Minucius, da Polícia Federal, em 2021, que envolveu várias pessoas num esquema de desvio de recursos públicos por meio de festas na cidade.
O secretário Fúlvio Trindade estava no mesmo cargo na gestão de Bruno Araújo (Republicanos) em Pedro Canário e com a eleição do candidato por ele apoiado, Kleison Rezende (PSB), o servidor foi mantido no cargo de confiança. O delegado informou que não houve pedido da Polícia Federal para o afastamento de Fúlvio.
Segundo o que foi apurado pela PF, houve fraude na licitação para locação de brinquedos em datas comemorativas. Uma empresa ganhava a licitação, mas outra executava os serviços. No período apurado, foram licitados e executados contratos no valor de R$ 767 mil em Pedro Canário, com pagamento liquidado de R$ 717 mil.
Os pagamentos ao secretário eram feitos logo depois da liquidação das faturas pelo poder público, pela empresa contratada. Um deles foi de R$ 7,5 mil. Segundo o delegado, o secretário Fúlvio disse que o dinheiro era doação para compra de brinquedos para distribuição em festas beneficentes.
Não há, até o momento, elementos suficientes que caracterizem formação de quadrilha. Agora, a Polícia Federal vai pedir aos órgãos de controle a verificação de há recursos federais envolvidos nessas transações.
A prefeitura foi demandada sobre eventual exoneração do secretário, mas não houve resposta. O espaço continua aberto. (Da Redação)
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