*Geraldo Hasse
A recente iniciativa da China de propor ao Brasil um estudo sobre a construção de um sistema de transporte de cargas ligando o interior brasileiro ao oceano Pacífico recoloca no ar o Caminho de Peabiru, pelo qual os indígenas pré-descobrimento faziam a ligação terrestre entre o litoral atlântico e os Andes.
Na sua concepção moderna, visando uma profunda integração no continente sul-americano por ferrovias, hidrovias e rodovias, essa histórica ligação é discutida há pelo menos 70 anos nos bastidores da administração pública brasileira, mas não sai do papel por falta de recursos.
A novidade agora é o interesse da China, que se dispôs a custear um novo estudo ao longo dos próximos 18 meses – a conclusão seria apresentada no final do atual governo Lula.
Pode ser este um dos motivos do tarifaço do presidente dos EUA? Sim, e a menção à perseguição judicial ao ex-presidente Bolsonaro seria mera cortina de fumaça para encobrir o verdadeiro objetivo norte-americano – fazer pressão contra a aproximação Brasil-China.
Bolsonaro como boi-de-piranha faz sentido no momento em que avulta a disputa entre os dois impérios econômicos do momento.
Esse projeto não sai do papel porque faltam recursos para construir as vias rodoviárias e/ou ferroviárias até o Pacífico, além de um ou mais terminais de cargas no litoral de um dos países andinos.
Agora os chineses sugerem um porto no Peru, já construído por eles. Mas já houve estudos sobre saídas pelo Equador e pelo Chile.
Um eventual “Caminho de Peabiru”, com os chineses, acaba com a “exclusividade” do Canal do Panamá, que Trump ameaça tomar de volta, e terá grande impacto econômico para o Estado com melhor logística do Sudeste, o Espírito Santo.
*Geraldo Hasse, jornalista gaúcho, morou por muitos anos no Espírito Santo
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