As cidades de Águia Branca, Ecoporanga e Barra de São Francisco estão entre os 43 municípios capixabas que serão beneficiados com um amplo programa de tratamento de esgoto, graças ao leilão realizado nesta segunda-feira (17) na bolsa B3, em São Paulo. O certame, que contou com forte presença de grupos estrangeiros, foi vencido pelas multinacionais espanholas GS Inima e Acciona. O investimento previsto ultrapassa R$ 7 bilhões e promete universalizar o serviço de esgotamento sanitário em todo o interior do Espírito Santo.
O projeto foi dividido em dois lotes. O Lote A, que contempla 35 municípios, incluindo Águia Branca, Ecoporanga e Barra de São Francisco, foi arrematado pela GS Inima, com uma proposta de R$ 3,51 por metro cúbico de esgoto tratado — um deságio de 25,3% em relação ao valor máximo permitido no edital. Já o Lote B, com oito municípios da região sul, foi vencido pela Acciona, com valor de R$ 4,28 por metro cúbico, representando um desconto de 13,9%.
A proposta inclui a construção de 39 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), 219 Estações Elevatórias e cerca de 1.200 quilômetros de redes coletoras. De acordo com o governo do Estado, a iniciativa permitirá que o Espírito Santo se torne o primeiro do Brasil a universalizar o tratamento de esgoto em toda a sua área metropolitana e interior. Em Águia Branca, Ecoporanga e Barra de São Francisco, a expectativa é de que a cobertura de esgoto tratado salte para níveis próximos de 90% nos próximos anos.
Um ponto importante é que não haverá aumento na tarifa de água e esgoto para os consumidores. O governador Renato Casagrande destacou que a licitação é uma das maiores do setor no país e foi estruturada com apoio técnico da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O projeto também passou pela avaliação do Tribunal de Contas do Estado. Segundo Casagrande, “a universalização do esgotamento sanitário vai impactar diretamente na saúde pública, na preservação ambiental e na qualidade de vida da população do interior”.
O presidente da Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan), Munir Abud, afirmou que o modelo de Parceria Público-Privada (PPP) será fundamental para ampliar a eficiência da operação. “É a primeira vez que uma região metropolitana e seu entorno caminham para a universalização do tratamento de esgoto com esse tipo de contrato. Isso mostra o protagonismo do Espírito Santo no setor”, disse.
Representantes das empresas vencedoras também se manifestaram. Paulo Roberto de Oliveira, CEO da GS Inima no Brasil, disse que as obras devem começar ainda neste segundo semestre de 2025. Já André de Angelo, CEO da Acciona, garantiu que os investimentos serão pautados por metas de desempenho, sustentabilidade e geração de emprego local.
Para os moradores de Águia Branca, Ecoporanga e Barra de São Francisco, a chegada do projeto representa um avanço histórico. Com a coleta e tratamento do esgoto sendo realizados de forma adequada, haverá uma redução significativa nos riscos de contaminação dos rios e do solo, além da valorização urbana e melhoria das condições de saúde da população. A expectativa é que os reflexos positivos comecem a ser percebidos já a partir do início das obras.
A PPP terá duração de 25 anos e deve transformar o cenário do saneamento básico no norte e noroeste do Espírito Santo. A Cesan continuará responsável pela gestão dos serviços, agora em parceria com as duas multinacionais, que executarão as obras e operação do sistema de esgoto nos municípios contemplados. (Da Redação com A Gazeta)
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