*Zakeu Zengo
Você sabia que aproximadamente 50% da população mundial vive em cidades? Pois é. Em 1950 eram apenas 30%. E, segundo a ONU, em 2030 serão 60%.
Entre 2011 e 2030 somente a Índia e a China contribuirão com um êxodo rural de 494 milhões de pessoas. Em outros nove países este fenômeno deverá ser, se não tanto, também bastante intenso. São eles: Bangladesh, República Democrática do Congo, Indonésia, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, EUA e Brasil!
Estima-se que os centros urbanos já são – e continuarão a ser – responsáveis por gerar 80% do crescimento econômico do planeta.
Recente relatório produzido pelo Conselho de Inteligência dos EUA ressalta as fabulosas oportunidades que têm surgido e surgirão com este processo de urbanização, e que vão desde a universalização do uso de novas tecnologias até a consolidação de uma classe média mais consciente e produtiva.
Há, porém, um “dever de casa” a ser feito pelos países para que este processo chegue a bom termo – caso contrário, o que poderia ser um celeiro de oportunidades acabará em uma fonte inesgotável de problemas ambientais, econômicos e sociais. Em uma expressão: temos que nos preparar para a era das grandes cidades.
Como fazer isso? Segue a “lista de tarefas”, elaborada pelos pesquisadores norte-americanos: planeamento de longo prazo, liderança visionária, descentralização em nível nacional, atribuição de maiores responsabilidades em nível local, sistema legal ágil e ferramentas mais eficientes de financiamento do desenvolvimento urbano.
O estudo indica, desde já, que esse processo de preparação deverá ser falho na maioria dos países do sul da Ásia, da América Latina e, claro, da África.
Antecipa-se uma realidade sinistra de cidades imensas dominadas pela informalidade e pelo crime, flageladas pela poluição e manchadas pela desigualdade – ao invés de serem motores de desenvolvimento serão fatores de atraso.
Agora levante-se. Vá à janela. Contemple a realidade de nossas cidades. Perceba a falta de planejamento de longo prazo em quase todas. Visite suas periferias e musseques. Encontre a ausência quase total do “mundo das leis”. Percorra suas ruas. E encontre uma economia vastamente informalizada.
Quem quiser salvar-se, o tempo agora! Há que se começar hoje. Amanhã já será tarde demais! (Com a colaboração de Pedro Feu Rosa).
*Zakeu Zengo é reitor do Instituto Metropolitano de Luanda, Angola
Imagem: Luanda: “entre o luxo e o lixo”.
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