Um grupo de 12 pessoas em situação de rua, originárias de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, foi deixado na tarde da última terça-feira (8) no Centro de Linhares, no Norte do Espírito Santo, após supostas promessas de emprego na colheita de café. A denúncia gerou mobilização das autoridades locais e do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que já iniciou as investigações.
Segundo a Prefeitura de Linhares, os indivíduos relataram que aceitaram viajar ao município após ouvirem que empresários locais estariam recrutando trabalhadores para a colheita do café, oferecendo entre R$ 20 e R$ 50 por saca colhida, com suporte, alojamento e alimentação incluídos. A promessa, no entanto, nunca se concretizou.
“Se a pessoa te oferece alguma coisa, você vai aceitar qualquer coisa. Você só não quer ficar na rua”, afirmou um dos homens em vídeo divulgado nas redes sociais pelo prefeito de Linhares, Lucas Scaramussa. “Eles nos disseram que teria um grupo de empresários aqui, que estariam mandando esses ônibus e aqui teríamos suporte”, completou. (veja abaixo a postagem do Prefeito no instagram)
A Polícia Civil do Espírito Santo informou que o caso está sendo analisado para definir se há tipificação penal. Até o momento, não foi constatado crime que justifique a atuação direta da corporação, mas a situação segue sob monitoramento.
O micro-ônibus que deixou os moradores em Linhares foi flagrado por câmeras do cerco eletrônico. As imagens e a placa do veículo já foram encaminhadas à Delegacia Regional de Linhares para análise.
Das 12 pessoas, seis foram acolhidas na Casa de Acolhida São Francisco de Assis e outras seis foram levadas para o Grupo Resgate, no distrito de Farias. A Prefeitura de Linhares garantiu a todas alimentação, banho e atendimento de saúde. Equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social iniciaram, nesta quarta-feira (9), a busca por familiares dos acolhidos. Um dos homens, natural da Bahia, já teve sua família localizada, e o município vai providenciar sua reintegração.
O MPES declarou que atua em duas frentes: garantir o acolhimento e os direitos das vítimas e apurar a responsabilidade pelo transporte e possível abandono do grupo. Para isso, a Promotoria de Justiça de Linhares está em contato com a Promotoria de Cabo Frio e outros órgãos competentes. Uma reunião com a Secretaria Municipal de Assistência Social de Linhares foi realizada ainda na quarta para alinhar os próximos passos.
Prefeitura de Cabo Frio nega irregularidades
Em nota, a Prefeitura de Cabo Frio alegou que os 12 indivíduos não são moradores naturais ou permanentes do município. Segundo a administração, alguns deles eram originários do Espírito Santo e teriam se dirigido a Cabo Frio durante a alta temporada para tentar emprego.
A Casa de Passagem da cidade afirmou ter apenas atendido ao pedido dos próprios acolhidos para retornarem ao Espírito Santo, com autorizações assinadas por eles. Ainda segundo a nota, não houve qualquer promessa de emprego ou contato com empregadores da colheita de café, e o transporte foi oferecido com base no direito à autonomia dos cidadãos.
A Secretaria de Assistência Social de Linhares disponibilizou o número (27) 98115-2740 para que familiares possam buscar informações sobre os acolhidos. (Da Redação com G1 ES)
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