O município de Água Doce do Norte é um dos menores em população do Espírito Santo, com cerca de 12 mil habitantes. Vive da agricultura, especialmente do café, e da extração de rochas ornamentais (granito). Tornou-se independente em 1988, desmembrado de Barra de São Francisco, cidade com a qual mantém intenso intercâmbio para serviços de saúde de média e alta complexidade, educação de nível superior e comércio atacadista.
Tem um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Espírito Santo e luta para conseguir desenvolver novas opções de arrecadação, como o turismo, explorando seu relevo com montanhas acessíveis e de rara beleza. A distância dos grandes centros, entretanto, é um dos obstáculos para atrair visitantes. Tem um índice elevado de homicídios, devido ao tráfico e uso de drogas, que se espalha pelo interior do Estado, que está entre os de melhor situação socioeconômica do País.

Os tempos de falta de opções econômicas, entretanto, estão com os dias contados, pelo menos na visão do prefeito Abraão Lincoln Elizeu (PSB), que foi reeleito com larga margem de votos – uma das maiores da região Noroeste. A esperança está longe dos olhos das pessoas, no subsolo.
“Recentemente, recebi a visita de um técnico que fez sondagens e revelou que praticamente todo o território de Água Doce do Norter é rico em lítio, numa extensão das jazidas descobertas e já em exploração em cidades de Minas Gerais, próximas à nossa divisa. Fui visitar Salinas (MG) e vi o quanto a exploração comercial desse mineral pode fazer por uma cidade”, disse Abraão à Tribuna Norte-Leste (www.tribunanorteleste.com.br).
Outro fator que enche de esperanças o prefeito é o traçado da Estrada de Ferro Juscelino Kubtscheck (EF030), que ligará Barra de São Francisco a Brasília e cortará o município.
“A ferrovia não terá porto seco aqui, mas o de Barra de São Francisco será bem perto de nós. Além disso, junto com a estrfada de ferro virão a infovia que posibilitará transmissão de dados de alta velocidade e o gasoduto, suprindo energia para a instalação de indústrias que processarão mercadorias para exportação ou para envio a outras regiões do País”, disse Abrão.
Abraão não tem dúvidas: “Se o Governo nos ajudar nos projetos de impleentação do turismo, juntando isso à exploração do lítio e ao uso da ferrovia, vamos ter uma grande transformação em Água Doce do Norte nos próximos anos”.
O CASE DE SALINAS
Conhecido pela cachaça, pelo queijo e pela carne de sol, o município de Salinas fica no chamado Alto Rio Pardo, no Norte de Minas, tem 40 mil habitantes, e fica a 109 quilômetros de Grão Mongol e a 217 de Montes Claros, cidades que sediarão portos secos da EF030, a ferrovia da Petrocity que ligará Barra de São Francisco a Brasília.
Em 2018, a Brazil Minerals obteve Licença de Exploração para prosseguir com o projeto de lítio Pasadena, em Salinas (MG), e iniciou estudos de campo encerrados em 2019., dentro do istrito minerário já pesquisado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que comprovou os níveis elevados de mineral de lítio na região.
“Além dos fortes resultados da CPRM, existem operações de mineração de lítio em áreas próximas à reivindicação da Brazil Minerals. A demanda global está crescendo rapidamente, estimulando o forte interesse por novos depósitos”, afirmou na época o engenheiro de minas da Brazil Minerals, Lucas Cordeiro Diniz.
A demanda tem sido impulsionada pelo uso do lítio em veículos elétricos e baterias de celulares. Segundo a empresa, aproximadamente 46% do mineral extraído ao redor do mundo é utilizado em baterias de íon-lítio. Esse segmento no mercado tem crescido 16% ao ano, e deve chegar a US$ 69 bilhões até 2022, conforme a Brazil Minerals.

No último mês de ouitubro, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e da sua agência de atração de investimentos Invest Minas, celebrou a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) com a australiana Lightning Minerals Limited, para impulsionar a extração de lítio na região de Salinas, que compõe o Vale do Lítio, localizada na região Norte de Minas.
A iniciativa prevê um investimento inicial privado de R$ 20 milhões e a criação de 20 empregos diretos na primeira fase dos projetos Caraíbas, Canabrava e Esperança, reforçando o compromisso do governo estadual com a geração de renda e desenvolvimento socioeconômico para o estado.
Este é o primeiro compromisso firmado entre a equipe do Governo de Minas e empresários do ramo de mineração em solo australiano, durante a missão para prospecção de novos investimentos.
“O projeto Vale do Lítio foi criado para promover não apenas o desenvolvimento econômico local, mas também melhorar as condições de vida da população, por meio da geração de empregos e renda. Essa parceria com a Lightning Minerals é ainda fundamental para posicionar Minas Gerais como referência em tecnologia, sustentabilidade e na transição energética global”, destaca o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio.
O MoU destaca a atuação conjunta entre a Invest Minas e a empresa australiana para impulsionar os projetos de extração, abrangendo desde a interlocução junto a órgãos ambientais até o suporte para operações. A parceria também fortalece a cadeia de lítio e materiais para baterias, um setor estratégico para o estado.
A empresa se comprometeu a utilizar serviços e fornecedores locais para fomentar a economia regional; introduzir expertise no setor de lítio e desenvolver parcerias estratégicas; além de estreitar relações com comunidades locais e governos, demonstrando seu compromisso com o crescimento sustentável.
“A assinatura deste MoU com o Governo de Minas Gerais é uma prova clara do apoio que recebemos para nossas atividades extrativas na região do Vale do Lítio. Estamos comprometidos em desenvolver uma relação sólida com o governo e as comunidades locais, acreditando no potencial de Minas Gerais como líder global no setor de lítio”, garante o CEO da Lightning Minerals, Alex Biggs. (Da Redação)
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