Um dos municípios mais ricos do Espírito Santo, maior produtor brasileiro de ovos, Santa Maria de Jetibá, a 130 quilômetros de Vitória, na região conhecida como cinturão verdade da Região Metropolitana, tornou-se também o centro de atividades de uma organização criminosa que tocava terror em sitiantes.
Gilson Plaster, 32 anos, o ex-feirante, comandava a organização e vinha sendo procurado pela Polícia desde que fugiu o sistema prisional em 2023, durante uma saída temporária. Ele havia sido preso em flagrante com R$ 26 mil e drogas.
No último dia 13, Gilson foi cercado e preso pela polícia, juntamente com mais 14 pessoas que foram conduzidas à Delegacia de Polícia, sendo que sete foram autuadas em flagrante por posse de drogas e armas. Detalhes da prisão e da atuação de Gilson foram passados pela Polícia em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (21), na Chefatura da Polícia Civil.

OPERAÇÃO DE GUERRA
As polícias Civil e Militar montaram uma verdadeira operação de guerra em Santa Maria de Jetibá, cidade mais pomerana do Brasil, para prender Gilson e sua quadrilha. Além dos policiais civis, foram mobilizados 22 policiais da 8ª Companhia Independente da PM e oito homens da Companhia de Cães da Polícia Militar.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão num alvo da operação, uma residência da zonal rural, os policiais receberam a informação de que Gilson Plaster estava escondido em uma casa vizinha. Ao chegar ao local, os policiais visualizaram Gilson tentando fugir para o interior da residência.
Com a autorização da proprietária, a polícia entrou no imóvel e localizou o foragido tentando destruir seu celular. Em uma minuciosa busca, os policiais encontraram um verdadeiro arsenal de drogas e arma, sendo uma pistola 9mm, munições, cocaína, crack, materiais para embalar drogas, diversos celulares e um cartão de memória de uma câmera de vigilância.
O chefe da Polícia Civil, José Darcy Arruda, disse que o traficante impunha terror na região e subjugava moradores, tendo acesso livre a várias casas, onde entrava, comia, escondia coisas e até dormia, como aconteceu na casa onde foi preso. Ele havia se escondido à noite e dormiu com uma adolescente, que confirmou ter um relacionamento com Gilson. “Todos o temiam. Ele tinha conexões na Grande Vitória”, disse Arruda.
Apesar de o chefe de Polícia acreditar que a organização de Gilson agia de forma autônoma, sem ligações com as duas grandes organizações de traficantes da Grande Vitória (Primeiro Comando de Vitória e Terceiro Comando Puro), o capitão Thalles, comandante da 8ª Companhia, acha pouco provável que Gilson e seu grupo não estivesse faccionado.
“Ele precisava buscar as drogas, transportar dinheiro para fazer os pagamentos e precisava do suporte de alguma facção para abastecer seu bando”, disse Thalles. A Polícia Civil vai dar continuidade às investigações e identificar essas conexões, até mesmo através do telefone celular que Gilson tentou destruir ao ser flagrado, mas que foi encaminhado ao CIAT (Centro de Inteligência e Análise Telemática) para levantar os dados do aparelho.
EX-MULHER
De acordo com Arruda, crimes de homicídios ocorridos na região estão sendo investigados e podem estar ligados à atuação de Gilson Plaster. A delegada Fernanda Prado, que comandou a operação, disse que desde 2015 o ex-feirante se dedica ao tráfico e tinha mandado de prisão em aberto por tráfico, receptação, posse de arma e corrupção ativa.
“Mesmo quando esteve preso, ele nunca deixou de comandar a atividade criminosa em Santa Maria de Jetibá. Quando foi preso, comandava de dentro da cadeia, mas quem assumiu o lugar dele aqui fora foi a ex-exposa dele. Depois, ela foi presa e ele fugiu para reassumir o comando, junto com irmãos e outros associados”, disse a delegada.
Segundo Fernanda Prado, toda a propriedade de Gilson Plaster, em Alto São Sebastião, zona rural, era voltada para a atividade criminosa, e envolvia outros da família. A Polícia tinha seis alvos na operação e acabou achando o traficante numa casa que não era alvo, mas que ele também subjugava seus proprietários.
Foram apreendidos mais de 1.200 pinos de cocaína, cinco veículos adulterados, mais de R$ 7 mil em dinheiro, além de armas. “Toda investigação cobre um período. A atividade criminosa de Gilson foi se diversificando e, recentemente, um homicídio perto da casa dele, com duas pessoas feridas em disputa de território, são crimes que estão sendo investigados para ver se ele está envolvido”, disse a delegada.
Ainda de acordo com a delegada, apurações de investigadores da Delegacia de Santa Maria de Jetibá dão conta de que Gilson Plaster “é o tipo de traficante que conseguiu enriquecer com a atividade criminosa”.
Segundo Fernanda, dois grupos principais disputam o tráfico no município, o grupo de Plaster e “os Mungos, que estão mais quietinhos”. Porém, existem outros grupos menores e a Polícia Civil vai continuar investigando, inclusive a ramificação para outras comunidades, como Caramuru. (Da Redação)
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